Capítulo 1 - Correntes

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   É noite, quis o destino que estivesse chovendo bastante. Uma pequena equipe policial está posicionada a dois quarteirões de uma casa, que está sendo vigiada de longe por dois agentes dentro de um carro velho.

   O relógio marca 22:54 e aparentemente nada muda. Alguns homens da equipe começam a se coçar e se espreguiçar. 23:00H no relógio.

- Está na hora! VAI! VAI! VAI!

   O comboio parte em disparada até a casa, são três carros da polícia e cerca de 10 agentes. Eles fazem um cerco estratégico pela casa e aguardam a ordem do líder da equipe.

- 1, 2, 3... AGORA!

   Eles invadem a casa, aos gritos de "polícia, parado", encontram um homem, sem camisa, vendo TV e comendo frango frito. Neutralizam o homem que nada pode fazer. A equipe faz uma pequena revista pela casa e não encontram mais ninguém.

   Eles sentam o homem no sofá, algemado, quase não resiste aos policiais.

- Senhor Donald Philips, o senhor está preso por sequestro e cárcere privado de uma menina de 12 anos. Já sabemos que o senhor é o culpado, pois o senhor está sendo investigado a semanas.

- Eu tenho os meus direitos - Disse o homem.

- Então enfie eles na sua bunda. Onde está a garota?

- Eu quero um advogado.

   Os homens olham para o agente que faz o interrogatório. Ele retribui o olhar de forma séria.

   E soca a cara do sequestrador.

- A única coisa que vai conseguir hoje é ir pra cadeia e vou ter o prazer de dizer aos detentos que você estupra garotinhas. Onde está a garota?

   Com muita dor e totalmente desconfortável o homem responde. - No porão, no porão.

   3 agentes vão até o porão, com suas armas em punho eles vão devagar pela casa.

   Abrem a porta e descem as escadas, degrau por degrau. O porão está escuro e não tem nenhum interruptor por perto. O agente saca sua lanterna, e vasculha o local. Ele então ouve um gemido, amedrontado, quase um sussurro.

- Angela, é você? está tudo bem, não vou te machucar.

   Então na direção dele vindo do escuro surge uma criatura, atacando aquele ponto de luz da lanterna, e um disparo é dado.

- Não atire! - Ouve-se um grito.

   Um dos agentes encontra o interruptor e a luz se acende.

   Todos olham aquilo.

- Jesus!

   Na delegacia, um casal aflito espera em uma sala. Então um gente entra.

- Como ela está?

- Mais calma, ela disse esta com saudade dos pais. mas eu preciso dizer algo para vocês. O estado que ela foi encontrada. Faz parte do trabalho, vocês precisam saber e não tocar no assunto até que um profissional trate isso com ela.

   Então, o agente começa a ter flashs do que viu...

- Ela estava amarrada com uma coleira no pescoço e uma tinha uma mordaça na boca. Aparentemente não tomava banho a dias e suas roupas tinha cheiro forte de urina. Ela tinha marcas de asfixia no pescoço e hematomas nos braços. Na casa do sequestrados nós encontramos um computador com vídeos amadores....

   Ele faz uma longa pausa.

- Violentando a Angela.

- Santo Deus! - A mãe cai em prantos no colo de seu marido.

   O marido acolhendo sua esposa, com os olhos em lágrimas olha para o agente e diz. - Senhor Hawks, mate esse homem, mate ele ou eu farei isso.

   O agente Hawks, fica em silêncio.

   Calmamente ele diz: - Preciso que vocês se recomponham, a Angela precisa de vocês.

   Os pais então vão ao encontro da filha na outra sala e Hawks observa o reencontro dessa família.

- Hawks, posso falar com você? - O chefe de polícia chama seu agente. - Senta aí. Toma, uísque.

- Droga Peter, são 4 da manhã.

- Só quero cuidar de você.

- Com uísque?

- Sabe Hawks, estou a 25 anos nesse trabalho e já vi de tudo. Algumas coisas se tornam parte do trabalho e me tornei insensível a elas. Mas isso, essa menina. Droga, ela parece minha sobrinha.

- A maior praga desse mundo é o homem Peter.

- Amém!

Um brinde e um gole.

- Tire o dia de folga, não quero ver sua cara aqui hoje. E Hawks, parabéns por mais um caso.

- Eu não salvei ninguém Peter.

   São 7h da manhã, é um sábado, Hawks dirige até a casa da sua ex-mulher e toca a campainha. O atual marido dela atende.

- Hawks, o que faz aqui?

- Preciso ver a Laura.

- O que? Não é seu dia e são 7h da manhã de um sábado.

Um silêncio consome o corredor.

- Willian, quem é? - Pergunta Sandra, ex-mulher de Hawks.

- Andrew, o que faz aqui?

   O silêncio dentro de Andrew Hawks, explode em seu peito, sua garganta dá um nó e um raro momento de fragilidade ataca Hawks.

- Droga, eu só quero ver minha filha - Diz ele chorando, escorrendo na parede, sentando no chão. - Um pai não pode ver sua filha.

- Andrew calma, o que houve?

- Ela só tinha 12 anos Sandra, 12 anos. Laura tem 9.

- Laura está bem. Vem, ela está bem.

   Sandra leva Andrew até o quarto da filha e ela está dormindo.

- Posso ficar aqui com ela - Sussura.

Sandra olha para Willian. Ele mesmo responde - Claro, tudo bem.

   Andrew, caminha devagar, tira os sapatos e se deita ao lado da filha. Sandra fecha porta do quarto. O pai se deita ao lado da filha, mexe em seus cabelos e sem perceber adormece, bem ali. No quarto de sua filha, na casa da sua ex-mulher, ás 7:30 da manhã, de um sábado.

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