Capítulo 6 - Sorte? Com certeza não

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Peter chega na delegacia. Como sempre, cumprimenta a todos.

- Bom dia Charles.

- Bom dia.

- Bom dia Nick. Deixou um donut pra mim, né?

Caminha até sua sala e abre a porta.

Entra e antes de fechar, vê Andrew deitado no sofá 

Bate a porta forte e Andrew desperta.

- Eu não sei mais o que faço com você, Andrew 

- Eu fiquei até tarde olhando o depoimento dos pais dos outros meninos. achei que era muito tarde pra voltar pra casa e fiquei por aqui mesmo

- E o que descobriu?

- O mesmo de sempre. Bons meninos, estudantes, tese de faculdade, viagem pra a Europa.

Peter senta na cadeira 

- Bom, pelo menos temos um padrão. Ninguém está entrando em contradição. Qualquer coisa fora desse padrão será considerado suspeito.

- Eu tenho algo.

- O que?

Quando fui visitar aquela senhora... Senhora Williams, ela me mostrou uma runa, um artefato, com um desenho estranho. Disse que Erik deu de presente. Eu tirei uma foto.

Peter observa a foto franzindo as sobrancelhas.

- Não faço a minima ideia do que seja.

- Estou pensando em voltar na faculdade e encontrar algum professor pra me ajudar com isso. E também tenho que checar os registros do aeroporto para saber se esses garotos entraram mesmo no maldito avião.

Peter mexe numa sacola de papel.

- Quer um sanduíche? Comprei na lanchonete aqui perto. Tem uma garota nova lá, você vai gostar dela, faz o seu tipo. Feia e esquisita. 

Hawks solta um riso abafado.

- O que quer dizer?

- Quero dizer que você precisa de uma mulher pra te acalmar.

- Já fui casado uma vez.

- Humpf, só uma vez? Eu casei três vezes, e com a mesma mulher.

- Eu acredito, estava lá nas últimas duas vezes.

Peter morde o sanduiche e fala com a boca cheia.

- Olha Andrew, você precisa se cuidar, todos aos seu redor estão preocupados. Olha pra você. Barba por fazer, pálido, não come direito. Por Deus, homem, você tem uma filha. E me preocupo porque eu sei o que passa na cabeça de um policial quando não está bem e tem um arma por perto.

Andrew olha pra baixo fixamente. Dá uma grande mordida no sanduíche e age como se fosse Peter. 

- Esse presunto está ótimo

Peter reconhece a quebra do assunto.

- É, está mesmo.

No estacionamento da faculdade, Andrew aguarda pelo diretor Briggs.

- Bom dia senhor Hawks, a que devo a visita?

- Na verdade preciso da sua ajuda. Conhece bem seus professores? Alguém que poderia me ajudar com isso?

Mostra a foto da runa.

- Bom, senhor Hawks, acredito que alguns professores tenham a capacidade, mas agora estão dando aula. Tem algo para anotar?

- Sim, claro.

O diretor anota algo no papel e entrega para Andrew.

- Um velho amigo. É psicólogo e antropólogo, acredito que ele possa ajudar o senhor no que procura. Diga que o Briggs mandou um abraço. Ele vai recebê-lo.

- Obrigado diretor.

Hakws vai ao escritório. Entra no edifício e vai ao terceiro andar. Porta número 304. Doutor Wagner Schultz. Passa pela secretária e ela o anuncia.

- Senhor Hawks. Briggs disse que o senhor viria. Como vai aquele velho?

- Parece bem, eu acho.

- Em que posso ajuda-lo?

- Bom, acredito que o doutor Briggs possa ter adiantado algo.

- Sim, claro, os meninos desaparecidos.

- Gostaria de saber o que significa esse desenho. 

Mostra a foto e Schultz analisa e parece surpreso. 

- Interessante. Não vejo uma dessas desde a faculdade. 

- Sabe o que significa?

Schultz vai em direção a estante repleta de livros.

- Algumas centenas de anos atrás, eu diria milhares, talvez, alguns desses desenhos eram utilizados por povos, nações inteiras de religiões politeístas. Deus do sol, da terra, do vento, uma centena de deuses. Eles acreditavam que esses deuses tinham sede de sangue. 

Schultz pega um livro. Enquanto abre um página específica ele completa.

- Todos os deuses apontavam para um único lugar. Sacrifício. As vezes de animais, mas a maioria exigia carne humana. 

Schultz coloca o livro aberto na mesa em frente a Hawks.

- Então esse símbolo não significa sorte?

- Sorte? Com certeza não.

- E como esses sacrifícios eram feitos?

- Esses povos acreditavam que apenas sangue humano podia conter a ira desses deuses. Assim suas crianças seriam saudáveis, a colheita seria boa, guerras seriam vencidas. 

- E como eles escolhem essas pessoas?

- De outros locais, principalmente. Se você quer derramar sangue, é bom que não seja do seu próprio povo. Mas, onde encontrou ?

- Faz parte da investigação, informação sigilosa. Acredito que nossa conversa tenha terminado por aqui.

- É claro senhor Hawks. Mas se serve de um alerta, pode parecer estranho em pleno seculo XXI ainda temos grupos de pessoas que acreditem em coisas desse tipo, que ainda mantém suas tradições, mas existem. Portanto, seja lá o que estiver procurando, tome cuidado. 

- Tomarei, obrigado. 

De volta ao escritório, Andrew conversa com Peter.

- Sacrifício? Mas que merda, onde isso vai parar?

- Não sei e tenho medo de descobrir.

- O que falta fazer agora?

- Bom, acredito que essa primeira fase termina quando vou ao aeroporto conferir se os meninos entraram mesmo no avião. Mas é bom que você já comece falando com algum embaixador caso eu precise ir a Europa.

- Tem certeza disso, Andrew?

- Acredito que mesmo que seja a trabalho será bom fazer uma viagem.

- E o melhor, pago pelo governo americano.

                                                                                 ***

Sol.

Fazenda cheia de animais.

Pessoas trabalhando na terra.

Andando até uma casa de madeira, uma mão pega uma pedra e a outra um pincel. 

Um desenho é feito.

Colocada em uma prateleira ao lado de outras pedras com o mesmo desenho.

Os olhos vão na direção da prateleira de cima.

Fotos.

Paul, Fabrice, Rachel, Phillip.



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