•~Capítulo Cinco~•

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20 de janeiro de 2018

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20 de janeiro de 2018

Caio no chão quando o tapa me acerta a face com força, meus olhos enchem de lágrimas de imediato. Todas as tentativas de fuga foram frustradas.

- Dê uma lição nela, não deixe marcas. - Ele faz questão de dizer em inglês para que eu entenda.

- Quando vai parar de lutar e aceitar seu destino? - Zoraide é a única na casa que fala em inglês e ficou responsável por ficar no meu pé.

Ela não é nada na casa, sequer esposa, mesmo assim vale mais que eu, mesmo sendo amante de Hamir.

- Nunca. - Olho para ela com raiva. - Se ele quer um animal domesticado adote um cão. - Na cozinha a primeira esposa do meu pai me fuzila como se eu fosse uma intrusa.

Elas não se cansam de cuspir no chão toda vez que me vê. Moram todos juntos, filhos, esposas, netos. As únicas mulheres são as esposas, meninas são abortadas sem dó nem piedade.

- Um cão seria mais obediente que você. - Resmunga, ela não gosta de ser responsável por mim, pois acredito que ela também sofre castigos. - Você gosta de apanhar, é isso? - Faço careta para todos os cheiros que sobem das panelas, odeio do fundo da minha alma as comidas árabes. - Ele quer que você aprenda, só isso, então te casa com um bom marido.

- Não caso.

- Que alternativas você tem? - Fixa o olhar em mim, mantenho. Minha avó paterna passa e me acerta um cascudo da cabeça.

- Velha desgraçada! - Me acerta com a vareta ao escutar meu xingamento, mesmo que o tenha dito em português. Todas mulheres da casa me odeiam.

Eu tenho que aprender a cozinhar, servir, ser bonita, servir, fazer chai, servir, obedecer aos mais velhos, servir, aprender o alcorão para ensinar os meus futuros filhos e eu já disse servir? Ou seja, empregada.

Eu quero que todos vão queimar no mármore do inferno, não é assim que dizem para mim?

- De onde eu venho eu escolho, eu digo quando, eu sou dona de mim. - Ressalto. Todas na cozinha ficam me fuzilando com seus olhos destacadas com lápis preto. - Não vou desistir.

- Eu não vou ter meu nome jogado ao vento por sua culpa. - Bufo, ela não me entende, cresceu sabendo que não tinha direito a abrir a boca quando bem entender e tendo que obedecer a quem chegou antes dela.

Zoraide era a escrava das esposas de Hamir, ao meu ver, isso nunca ia valer a pena. Me encolho quando a primeira esposa de Hamir passa por nós.

A cozinha é imensa, tem ao meio um fogão enorme a lenha, eu tenho que toda manhã trazer a lenha para acender o fogo, apanho por isso, tenho que ser a primeira a acordar todo dia e nunca fui do tipo que acorda antes das dez.

- Seu nome já foi jogado ao vento, não vê? - Faço careta ao ter que assar mais uma beringela. Eu gostei dos doces árabes, claro, doce sempre foi meu fraco, mas carneiro nunca vai ser meu tipo de carne, tem o gosto muito forte e me deixa enjoada.

[DEGUSTAÇÃO] CasablancaOnde histórias criam vida. Descubra agora