•~Capítulo Onze~•

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Malika

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Malika

Ando rápido, mas não corro para não chamar atenção, dessa vez tem que dá certo. Eu tenho que conseguir chegar ao aeroporto e ir embora dessa terra maldita.

Contenho minha vontade desesperada de ri, porque eu tô feliz, feliz demais. Foi muito fácil e com hijab ninguém fica me encarando e não chamo tanta atenção.

Aceno com a mão assim que vejo um taxi, o mesmo não para, simplesmente me ignora. Deve ser por que estou sozinha.

Droga!

— Vai dá certo. — Incentivo a mim mesma, mesmo assim, olho para trás a todo momento.

Eu não quero casa, ouro ou dinheiro de ninguém, eu quero ter o que é meu, com meu suor. Que lastima é essa? Me sinto vendida, como se eu não fosse nada.

O que Hamir pretendia? Por que ele quer tanto que eu tenha um filho com esse homem? Por que não esqueceu a existência de minha mãe e consequentemente a minha?

Aceno para outro taxi e esse para, mas aí, o homem não entende nada de inglês ou francês, e é preciso minutos para que ele me compreenda, para que me leve até o aeroporto.

Suspiro aliviada quando ele segue com o carro. A liberdade está tão perto, consigo sentir ela.
Mas uma vez passo pela Mesquita Hassan e novamente a avisto apenas de longe, com seu imponente mirante rasgando os céus, sua estrutura branca chama atenção e pode ser vista de vários pontos de Casablanca, pelo que pude notar.

O taxi trafega por tantos lugares pobres e luxuosos, uma lembrança de que a cidade, apesar de ser bastante frequentada por turistas, também tem pobreza extrema.

Merci. — Agradeço assim que chegamos ao imenso Aeroporto Internacional Mohammed V, suspiro diante dele e sinto as lagrimas molhando meu rosto.
No entanto, sequer chego a entrar dois homens altos me seguram pelo braço, me impedindo de alcançar minha liberdade.

— Quê...? — Tento me soltar, mas eles apertam com muita força. — SOMEBORY HELP! — Grito para os passageiros que chegam, eles param e observam enquanto sou arrastada. — Quelqu'un m'aide! — Tento novamente em Francês, mas os que pararam para olhar voltaram a seguir em frente.

— ME SOLTA! — Luto com o que tenho e não tenho. Como podem ver uma pessoa ser levada a força e não fazer nada para ajudar?
Sou jogada dentro de um carro totalmente preto, puxo a maçaneta para tentar sair, mas ela está travada, bato no vidro tento tudo, em lágrimas de medo e desespero.

Meu véu já deixou meus cabelos a muito tempo e provavelmente devo estar com o rosto inteiramente borrado.

— Quem são vocês? — pergunto, mas ou não me entendem ou estão me ignorando. — Exijo que me soltem agora! — Tento não soar com medo, mas minha voz treme.
Percebo que estamos entrando em um bairro pobre. Com saneamento a céu aberto. — Se não me soltar, eu vou... vou... — Vou o quê? Eu tô ferrada. Completamente ferrada.
Param em uma construção velha de dois andares e sinto um calafrio percorrer todo meu corpo. Diante da porta tem duas moças, mas velhas que eu. — SOCORRO! ALGUÉM! — Grito quando um deles abre a porta e me puxa com agressividade. Me largando no chão, sinto minhas mãos sendo esfoladas na queda.

[DEGUSTAÇÃO] CasablancaOnde histórias criam vida. Descubra agora