P R O L O G U E

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30 de janeiro de 1957  ---○ lua cheia

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30 de janeiro de 1957  ---○ lua cheia

EU SINTO FRIO. Um frio tão intenso que meus músculos doloridos e rijos ardem. A neve branca caia sobre meu corpo e juro que pude ouvir os meus ossos rangerem. Sinto um vazio tão grande no peito que não consigo colocar em palavras tamanha angústia.

Eles estão mortos. Todos estão mortos e  nem sequer pude impedir. As lágrimas não vieram, simplesmente não chorei ao ver a minha própria mãe ter a cabeça decepada por uma besta. Eu estava além das lágrimas, nada que demonstrasse seria capaz aliviar-me daquela dor. Estava devastada e tinha que fugir antes que eles me achassem também. Aqueles seres abomináveis destruiram todo o acampamento. Mataram crianças, idosos, gestantes, famílias... Por Deus! Eu perdi todos. Na minha cabeça a única frase que se repetia foram as últimas palavra de Mama "Salve-se mi hija. É hoje a noite. Não se assuste e tenha orgulho de quem você é.". Eu não compreendia aquelas palavras, o que eu sou?

Eu cambaleava pela floresta, atordida e em choque, apoiando-me nas árvores que antes verdes, agora estavam brancas por conta da neve que caia livremente. A lua cheia iluminava por entre as árvores, linda e exposta, como se me desafiasse a contradize-la. A cada segundo minha respiração ficava cada vez mais pesada, meus ouvidos doíam e conseguia ouvir as batidas do meu coração conforme o sangue corria pelas orelhas.

- AAAAAAH! - gritei de agonia quando senti meu joelho esquerdo se quebrar.

Minhas pernas cederam e caí de joelhos no chão macio por conta da neve. Meu joelho direito fez outro estalo e foi aí que me entreguei a dor avassaladora. Meu braço se partiu ficando em um angulo nauseante, depois o ombro esquerdo, depois o direito e assim se seguiu a dolorosa tortura, por mais que a dor tivesse se amenizado ainda assim era uma sensação devastadoramente horrível.

Derrepente tudo parou. Por incrível que pareça a única sensação que senti no final foi um formigamento, como quando você fica sentado por muito tempo em cima das proprias pernas e sente como se elas tivessem virado areia.

Assim que meus ossos pararam de literalmente se partir eu senti... foi uma sensação inexplicável. Foi gloriosa. Me senti livre e aquecida, foi como se todos os meus problemas tivessem virado cinzas. Eu ainda sentia, a se sentia, mais tudo desse ângulo pareceu mais claro, mais vivo e acima de tudo mais empolgante.

Me aproximei cautelosamente do lago que estava a uns dois metros de distância e olhei meu reflexo na água cristalina e congelante. O que eu via era algo impossível, algo louco e... Por Deus! Era um lobo, um majestoso lobo branco. Os olhos brilhavam em um tom dourado e caloroso, era como... como ouro puro. Não conseguia entender absolutamente nada do que estava acontecendo. Eles vão vir atrás de mim, tinha que fugir. Então o fiz... Eu corri, corri o mais rápido que pude. Eu era o centro de tudo, eu era poderosa e estava livre.

 Eu era o centro de tudo, eu era poderosa e estava livre

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𝐂𝐀𝐓𝐀𝐑𝐈𝐍𝐀, 𝐤𝐥𝐚𝐮𝐬 𝐦𝐢𝐤𝐚𝐞𝐥𝐬𝐨𝐧 Onde histórias criam vida. Descubra agora