X - Aonde a verdade vem a tona

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ELE ESTÁ PERDIDO

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ELE ESTÁ PERDIDO. Eu sinto isso. Ele está com medo e amargurado. Lembranças antigas estão vindo a tona e isso o deixa impotente.

Como eu sei disso? Não tenho a mínima idéia. Apenas sinto. Sinto o vazio e a escuridão, o frio e a tristeza, a mente perturbada e desgastada, a loucura constante e a sanidade quase inexistente. É como se ele tivesse caindo de um penhasco, mas a queda nunca termina, ele apenas se afunda mais e mais em direção ao abismo.

Ele está gritando por socorro, mas eu não posso ajudá-lo. Correntes de aço me seguram e não me deixam ser livre. Ele grita ainda mais alto. Não, não, não, não. Ele precisa de mim. Preciso ajuda-lo. Liberta-lo daquele vazio, preenche-lo por completo até que não sobre nenhum espaço para a escuridão.

- Catarina! Catarina!

Ouço uma voz de fundo me chamar. Mas eu não posso deixa-lo, não posso abandona-lo, ele está gritando.

- CATARINA!

Abro meus olhos e me sento abruptamente. Veronica está com as mãos em meu ombro e com os olhos  arregalados.

- O que...

Olho para minhas mãos. Garras afiadas estão espostas e meu lençol está em fiapos.
Meu rosto está grudento de suor e minha voz rouca, minha garganta está tão seca que quando engulo ela se parece com duas lichas se chocando.

- Você estava gritando e se contorcendo. Parecia... Parecia sentir dor.

- Ah meu Deus.

Apertei minhas mãos na tentativa de parar de tremer, foi em vão.

- O que aconteceu? Você estava tendo um pesadelo?

A voz dela estava trêmula. Ela se sentou ao meu lado e suspirou.

- Tive um pesadelo. Eu estava acorrentada e não podia ajuda-lo m-mas ele precisava de mim.

- Ele quem? - perguntou ela.

Franzi o cenho, confusa.

- Não me lembro.

Como eu não me lembro? Era tudo tão vivido.

- Você já teve algum desses pesadelos antes?

Me afundei no travesseiro.

- Nunca.

- Você está bem?

- Estou.

- Tem certeza?

Assenti lentamente, estava atordoada.

- Vou voltar a dormir então. - disse ela se levantado.

Segurei seu braço.

- Dorme aqui? - perguntei exasperada.

𝐂𝐀𝐓𝐀𝐑𝐈𝐍𝐀, 𝐤𝐥𝐚𝐮𝐬 𝐦𝐢𝐤𝐚𝐞𝐥𝐬𝐨𝐧 Onde histórias criam vida. Descubra agora