Fomos escoltados até um armazém, o interior era iluminado por varias velas, metade do teto tinha desabado, assim o vento frio do Mundo dos Mortos entrava no lugar, quase apagando as velas. Tínhamos sido amarrados juntos nos fundos do armazém, em um lugar iluminado com a luz fraca que vinha de buracos no teto e na parede, Dante também estava lá, na gaiola para animais.
Então, de repente, a porta por onde entramos se abriu, eu gostaria de pensar que fosse a cavalaria, mas não havia nenhuma a caminha, quem entrou foi um dos esqueletos lacaio de Ernesto, vindo para se certificar de que não havíamos fugido. Antes de sair olhou para Dédalo e disse.
- Conseguiu resistir a vontade de empurrar crianças de sacados.- E fechou a porta, rindo.
Eu me perguntei o que aquelas palavras significavam, o que Dédalo havia feito quando vivo? Não aguentei a curiosidade e perguntei.
- Do que aquele esqueleto estava falando?
Dédalo suspirou, ficou quase dois minutos em silêncio antes de responder.
- Quando eu era vivo fiz algo que me arrependo até hoje.- O voz de inventor era rouca.- Eu tinha um sobrinho, o nome dele era Perdiz, ele também era um inventor, muito melhor que eu até, um dia eu estava com raiva, frustado, nenhuma das minhas invenções estava dando certo, mas a de Perdiz sim, eu estava na varanda de minha casa, Perdiz veio me apresentar o esboço de um projeto novo dele, os planos de um labirinto, a arquitetura era incrível, ver aquilo me encheu de raiva, Perdiz foi então até a beira da varanda.
Dédalo se interrompeu, dava para notar pela sua voz que estava segurando o choro.
Então foi por isso que Dédalo já tinha estado aqui, ele era o assassino de uma criança, era para eu está com medo dele, mas sentia um pouco de pena, dava para ver que ele se arrependerá do que fez do fundo do coração. Então eu disse.
- Não precisa explicar mais nada.
Ficamos em silêncio, de repente o lugar pareceu mais frio, havia um ar melancólico na sala.
Dédalo quem quebrou o silêncio.
- Precisamos sair daqui, precisamos ajudar Miguel.
- Sim, mas como vamos nos livrar essas cordas.
Depois de Dédalo se mexer um pouco algo saiu de seu bolso, era outro brinquedo de bronze, uma onça um pouco maior que uma bola de tênis, com garras afiadas, aí agradeci o fato que os esqueletos não terem nos revistados.
Depois de poucos segundos estávamos todos livres da corta, soltei Dante da gaiola e só nos restava o problema de como iríamos sair daquele lugar, circulamos toda a sala, em busca de algum buraco para passarmos, mas não encontramos nenhum, no teto tinha uma abertura que dava para todos saímos, o único problema é que não tínhamos como todos nós alcança-la, só Dante podia sair dali voando, mas o cão não conseguiria erguer nenhum de nós, e agora que observava Dante notei que ele tinha perdido as cores, ainda tinha o par de asa, mas agora era um vira lata todo marrão escuro. Então a única saída era por onde tínhamos entrado, mas a porta dava para a sala que possivelmente estava cheia de esqueletos pouco amistosos.
Então uma ideia perigosa veio a minha mente.
- E se mandamos Dante pelo buraco para diatrai-los, aí podemos sair de surpresa e corremos.
Não era um bom plano mas era o único que tínhamos, então começamos nossa operação, mandei Dante sair pelo buraco e distrair os esqueletos, esperei que ele tivesse me entendido, porque o cachorro sair pelo buraco e sumiu de vista.
Ficamos esperando, cada segundo em silêncio era doloroso, eu estava quase acreditando que Dante tinha ido embora quando ouvi um barulho vindo da sala ao lado, o barulho de caixas e barris caindo, junto com a de gritos, essa era nossa deixa, abrimos a porta para saímos correndo.
Quando entrei na sala notei que não só barris e caixas tinham caído, as velas que iluminavam o lugar também tinha caído, fazendo um pequeno incêndio começar. Eu não me foquei nisso, só saí correndo para fora do armazém, com Tadashi, Dédalo e Dante logo atrás, ignorando todo o resto. Depois de corremos muito, olhei para traz e notei que ninguém nos seguia, estávamos todos parado em um beco, Recuperando o fôlego, por sorte não estava suado, então meu disfarce estava intacto. Depois de recuperamos o fôlego, falei.
- Agora precisando salvar Miguel.
Eu não ligava mais para a espada, Miguel estava em perigo, eu precisava ajudá-lo, o problema era que não tínhamos ideia onde ele estava. Dante começou a fungar a blusa que eu usava, então me veio que aquela blusa era de Miguel, mesmo com as horas que eu havia usado o cheiro de Miguel ainda estava nela. Então olhei para Dante e disse.
- Você consegue sentir o cheiro de Miguel? Pode nos levar até ele, garoto?
Como resposta Dante começou a correr, saindo do beco e indo pelas ruas.
Depois de andarmos um pouco chegamos em um lugar família, estávamos de volta ao teatro que tínhamos encontrado Ernesto pela primeira fez, a entrada do lugar estava cheio de esqueletos, então refizemos nossos passos como da primeira fez que estivemos alí, fomos para os fundos e entramos por lá, por sorte não tinha ninguém dentro da sala, fomos todos nós para onde dava para ver o palco.
Lá no centro estava Minos, com Ernesto ao seu lado, Miguel também estava lá, logo atrás de Ernesto, com as mãos amarradas, notei que Minos segurava uma espada, a espada de Xibalba, agora fora da bainha, a visão da lâmina me deixou com medo, era uma espada como as dos romanos, o metal era completamente negro, a presença da lâmina parecia fazer o lugar ficar escuro, mesmo com as velas, notei que Minos estava palestrando para um grande grupo de esqueletos moribundos.
- Aqui começaremos nossa revolução, Xibalba tirou Dédalo, o assassino de uma criança, de sua prisão só porque ele era uma mente brilhante.
A plateia gritou, Dante estava rosnando ao meu lado, parecia querer voar em Ernesto, mas não o fez.
Então Miguel virou a cabeça e nossos olhos se encontraram, seus olhos estavam vermelhos de tanto chorar, a visão que eu tive me deixou com raiva, fiquei com vontade de voar junto com Dante no pescoço de Ernesto, mas aquela não era uma boa ideia.
Então Dédalo nos chamou para trás. De volta para a sala dos fundos, Dédalo pegou algumas sucatas e começou a trabalhar, eu não fazia a menor ideia do que o inventor estava fazendo, então depois de alguns minutos ele tinha construído um exército de aranhas mecânicas, não percebi como elas seriam úteis até notar uma pequena bomba nas costas de cada uma.
- Explosivos?- Tadashi e eu falamos, surpresos, juntos.
- Não, só vão fazer uma nuvem de fumaça, irá distrair eles, então poderemos pegar Miguel e a espada.
Fizemos que sim com a cabeça e fomos de volta a lateral do palco. O discurso estava quase acabando, supus, porque toda a plateia estava levantada e aplaudia.
Então ligamos nosso exército de aranhas e nos preparamos.
As aranhas se posicionaram em lugares estratégicos, olhei para Dédalo me perguntando como ele as fizera tão rápido e com pouco material, então não pude pensar em mais nada porque as aranhas entraram em ação, todas explodiram, pegando todos de surpresa.
Corri para pegar Miguel, que por sorte não tinha os pés amarrados, no processo joguei Ernesto para fora do palco, infelizmente, por causa da fumaça, não pude vê-lo caindo. Então tão rápido quando entramos, saímos, fomos todos para a saída dos fundos, consegui ver que Tadashi tinha pego a espada, e no beco Tadashi pegou o apito e o soprou, nenhum som saiu dele, mas Dante pareceu incomodado quando Tadashi o soprou. Um segundo depois uma sombra passou sobre nossas cabeças, e depois de mais um segundo um dragão parou na nossa frente no beco, era grande a ponto de todos nós montarmos, não era colorido como os alebrije do Mundo dos Lembrados, as escamas tinha um tom púrpura. Então todos montamos e fomos embora, tínhamos conseguido resgatar Miguel e a espada.
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Um Romance Improvável
RomansaEra Dia dos Mortos na cidade de Santa Cecília, onde havia muitos turistas, e um deles é Hiro, que, depois de passar por desventuras, acaba no Mundo dos Mortos, nisso Hiro acaba conhecendo o jovem Miguel e seu cachorro, Dante, que lhe oferecem ajuda...