O salão de festas estava em silêncio e essa foi a primeira coisa que Seokjin percebeu, mas logo algo cortou a ausência de som: um grito alto e de dor. O cheiro de sangue também rondava o ar e enquanto pedia passagem por dentre as pessoas — essas logo abriam caminho, afinal ele era o príncipe —, o moreno tentou imaginar o que estava acontecendo no local.
Nada, exatamente nada, preparou Seokjin para a cena que ele encontrou próxima ao trono. Seu pai estava com um chicote nas mãos — o instrumento pertencia a Jackson, que tinha os olhos arregalados e estava apavorado próximo ao monarca —, e com ele chicoteava alguém no chão, que gritava a cada novo flagelo.
O príncipe então se apressou ao passar pelas pessoas e conseguir ver quem gritava com tanta dor. Seokjin não sabia seu nome, mas reconhecia a face. Era um dos soldados de Jungkook que sobrevivera ao ataque. O homem estava amarrado, as costas praticamente nuas e em carne viva de onde o rei já havia o chicoteado.
— Ah... minha nossa! O-o q-que eu faço, Namjoon? — O príncipe fechou os olhos ao ouvir o chicote cortar uma outra vez o ar e atingir as costas do soldado, que novamente gritou em dor, suplicando para que aquilo tivesse fim.
O homem ainda estava com frangalhos de roupas e o símbolo dourado chamava atenção. Ele era um dos soldados que acompanharam Jungkook. O Rei havia dito para o seu filho que todos estavam mortos, mas pelo visto tinha mentido. Seokjin sinceramente não conseguia entender o que estava acontecendo com o pai.
— Jin... Você tem que fazer alguma coisa — Namjoon proferiu, apertando a mão do namorado com mais força, mas sem machucar. — A Rainha irá saber disso...
O vampiro concordou com a cabeça e terminou seu caminho até o pai, segurando-o pelo punho antes que ele movesse o chicote outra vez.
— Papai, já chega — murmurou, encarando o rei com seriedade. — Você está assustando nossos convidados. — Você está louco! Machucando um homem inocente na frente de todo mundo e arruinando todas as nossas chances de paz! Era o que Seokjin queria gritar, mas se conteve, afinal estava diante de uma plateia, desafiando o Rei. Ele poderia ser o próximo a ser chicoteado. — Yugyeom. Retire este homem daqui e o leve à enfermaria.
Yugyeom logo se adiantou na tarefa, mas o homem se assustou e choramingou no chão ao mesmo tempo que se afastava do escudeiro. A cena era de cortar o coração e Seokjin se sentiu enojado que seu próprio pai pudesse fazer algo tão cruel. Jackson então entrou em ação e mesmo não ordenado, ajudou o escudeiro mais novo a acalmar o soldado e a carregá-lo para fora do salão.
No momento em que o choro sofrido do soldado não foi mais escutado, o Rei puxou o punho com força, soltando-se do filho e encarando-o com fúria. Aquele homem estava louco e agora Seokjin tinha certeza daquilo.
— Guardas! Prendam-no!
Seokjin arregalou os olhos e deu um passo para trás, realmente não acreditando no que o pai estava fazendo. Namjoon também parecia assustado, mas já estava olhando ao redor, pronto para impedir que qualquer pessoa se aproximasse do seu namorado.
O príncipe conseguiu escutar um coro de "oh" vindo dos convidados e a raiva lhe subiu. Seu pai estava louco e ele seria preso quando quem estava torturando um homem a troco de nada era o Rei? Aquilo era um absurdo!
— Pai... Acho que o senhor bebeu demais — Seokjin falou, quase em um tom brincalhão para assim tentar acordar o pai para o que ele estava fazendo. — Que tal conversamos?
A Rainha estava debilitada, mas a loucura do Rei estava tão grande que ele havia a obrigado a aparecer na festa, porém a senhora havia se sentado no trono logo depois de Seokjin sair com Taehyung. Então, Jin não a havia visto, afinal o homem sendo flagelado no chão havia sido um show maior do que qualquer outra coisa.
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Glass Bridge
FanfictionApós a Terceira Grande Guerra, a humanidade se viu devastada e perdida. Séculos depois, a sociedade se reergueu, agora separadas em nações com líderes dotados com habilidades especiais. Nesse cenário, o Reino Kim e o Reino Jeon vivem em clima de ten...