Chapter 2

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Depois de uma caminhada de meia hora eu havia chegado ao meu destino. E lá estava ela, Escola Midtown, o local onde eu iria passar os próximos dois anos. Fiz uma longa análise na fachada, era bem ampla e aparentava ser mais legal que a minha última escola.

Enquanto me direcionava a diretoria, para pegar meu horário, fui percebendo os olhares nos corredores se direcionando para mim. Eu já esperava que isso acontecesse, mesmo sem entender o que tinha de tão especial em encarar uma pessoa nova. Depois de alguns minutos, eu já tinha meu horário e estava me direcionando ao meu armário, para me livrar de todo aquele peso que havia na minha mochila.

Minha primeira aula era de química, que ótimo, começar o ano com uma matéria que eu não suporto. O professor ainda não estava na sala, mas já havia alguns alunos nela. Mesmo com poucas pessoas, parecia que todas as cadeiras estavam ocupadas. Enquanto eu passava à procura de um local vago, todos aparentavam tentar evitar minha presença perto deles. Eu já estava quase no final da sala, quando avistei um lugar sem nenhuma mochila e, ao lado dele, havia um garoto, que parecia estar bem concentrado no seu computador.

— Esse lugar está vago, ou tem gente aqui também? — falei, um pouco mais grosseira do que pretendia. Me arrependi no mesmo momento, ele parecia ser diferente dos outros, diferente de qualquer pessoa que eu já conheci. Mas talvez fosse só coisa da minha imaginação.

Ele levantou depressa a cabeça, como se estivesse despertado de um local distante, e disse:

— Ah, n-não — ele parecia meio nervoso. —P-pode sentar. — e com um leve sorriso, voltou a se concentrar no seu computador.

A aula começou alguns minutos depois e, por algum milagre, os professores daquele colégio não pediam para os alunos novos se apresentarem. O professor estava revisando os assuntos da tabela periódica, mas eu não estava prestando atenção, aquele assunto havia sido explicado tantas vezes na minha antiga escola, que eu sabia toda a tabela de olhos fechados. Meus pensamentos estavam muito distantes quando, de repente, ouvi alguém falar comigo, ou melhor, sussurrar.

— Psiu! — era aquele garoto. — Oi, qual.... qual é o.... o seu nome? — ele parecia escolher as palavras, como se estivesse com medo de parecer rude.

— Ah, é Emily. Emily Garcia. E o seu?

— P-Peter. Peter Parker. — ele respondeu e voltou sua concentração para o caderno, também parecia não se importar com aquela aula.

Confesso que fiquei um pouco desapontada. Imaginei que ele iria querer começar uma conversa, mas ele simplesmente voltou sua atenção para o caderno. "Talvez ele não quisesse ser pego conversando no primeiro dia de aula. É, devia ser isso." Logo depois, o sinal tocou, me despertando dos meus pensamentos.

As outras aulas passaram bem rápido e eu já me encontrava sentada no refeitório, almoçando, sozinha. Eu não me importava de ficar sem companhia, preferia mil vezes ficar ouvindo minha playlist à ter que aturar aquelas pessoas. Enquanto comia, ouvi uma voz familiar falar comigo, era o Peter.

— Oi, você gostaria de sentar comigo e com meu amigo? — ele não estava mais gaguejando, mas continuava com uma voz tímida. — Só se você quiser.

— Ah, é claro. — ele pareceu surpreso, mas me guiou até a mesa onde eles estavam. 

Peter me apresentou ao seu amigo, Ned Leeds. Na mesa haviam alguns quadrinhos de Star Wars que eles deviam estar lendo antes de eu chegar.

— Ah, vocês gostam de ficção cientifica também? — perguntei para tentar quebrar o gelo.

Eles pareceram meio surpresos com a minha pergunta, mas depois de alguns segundos o Ned respondeu:

— Sim, mas.... você gosta?

— É claro. Bom, eu ainda tenho que terminar Star Wars, mas eu gosto muito.

Eles pareceram ainda mais surpresos com a resposta, acho que não era muito comum encontrar alguém que gostasse de ficção cientifica naquele colégio. Depois de alguns minutos, eles começaram a conversar comigo sobre todos os filmes de ficção que eles conseguiam lembrar. Falamos sobre tudo, até que chegamos nos super heróis e, com isso, nos vilões. O assunto era uma super vilã que os vingadores tentavam pegar a oito meses, ela sempre conseguia escapar, pois conseguia ficar invisível. Eles queriam saber minha opinião sobre ela.

— Olha, eu não acredito que ela seja uma vilã. Quero dizer, nunca foi visto ela fazendo nada de errado, né?

— Mas ela foi avistada em várias lutas, e ninguém nunca viu ela salvar alguém, não é?

— Ninguém nem sabe qual o nome dela. — apoiou Ned.

Eu ia discordar, mas nessa hora o sinal tocou e eu tive que ir para minha próxima aula, que era de biologia. Ela passou bem rápido, e agora só faltava uma aula para eu poder finalmente ir embora. Não prestei atenção nela, meus pensamentos estavam muito longe. Toda aquela conversa do almoço ainda estava na minha cabeça, nem podia acreditar que tinha encontrado duas pessoas que também gostavam de ficção cientifica. E eles pareciam ser muito legais, "é, parece que, afinal, eu vou conseguir fazer novas amizades aqui, amizades de verdade, como a minha com a Mia. Gostaria que ela ainda estivesse aqui em Nova Iorque."

O sinal finalmente tocou e eu sai o mais rápido que pude do colégio. Não sabia ao certo para onde eu estava indo, mas isso não importava, eu só precisava de um local onde ninguém me visse.Depois de caminhar por cinco minutos e, após conferir que ninguém estava me seguindo, entrei em um beco e troquei de roupa.

Meu uniforme vermelho e preto estava na minha bolsa desde de manhã, e eu estava feliz de finalmente poder usá-lo. Ele era lindo, com um capuz no final e uma máscara igual à do homem aranha. Antes de sair, usei meus poderes e fiquei invisível, para que os vingadores não pudessem me localizar. Coloquei os lançadores de teia e fui me balançar pelos prédios de Nova York, enquanto conferia se estava tudo bem. Sim, eu tinha me tornado uma super heroína, embora todos achem que sou uma vilã. Como eu me chamo? Aranha Escarlate.

Two Worlds ••• SPIDERMANOnde histórias criam vida. Descubra agora