Chapter 28

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Os próximos dias foram tranquilos, ou pelo menos tão tranquilos quanto uma vida de super heroína pode ser. Houveram outros ataques à locais públicos, geralmente envolvendo algum dos vilões que sempre aparecem por aí, mas, apesar de tudo, parecia que as coisas estavam começando a se tranquilizar. Acho que as alterações que eu fiz naquele projeto realmente surtiram efeito. Eu devo ter conseguido atrasa-los.

Isso é uma loucura.

Se me dissessem quando eu era pequena que eu iria lutar contra vilões praticamente todos os dias, eu provavelmente iria rir e achar maluquice da pessoa. Porque, na maioria das vezes, adolescentes de dezessete e dezoito anos estão ocupados com a escola, festas e status social. Mas eu já percebi que o universo gosta de brincar comigo.

— Querida, se demorar mais um pouco nesse quarto, vai acabar se atrasando para a escola. — minha abuela fala.

— Não se preocupe, abuelita. Já estou saindo. — falei enquanto saía do meu quarto. Dei um beijo em sua bochecha, fiz um leve cafuné no Pads e fui rumo à escola.

(...)

— Achei que não vinha mais. — Mia disse assim que eu cheguei no meu armário. Logo em seguida, Ned apareceu.

— Tive que terminar minha redação da aula de história hoje de manhã. Acabei  esquecendo de fazer isso ontem. — falei enquanto pegava meus livros no armário e me virava para encarar Mia e Ned. — E o Peter? Também se atrasou? — falei ao notar que ele não estava ali.

— Possivelmente. — Ned disse. — Ele não respondeu minhas mensagens ainda.

— Nem as minhas. — eu disse. — Será que ele está bem?

— Deve estar. Talvez não esteja se sentindo bem, ou então só se atrasou. — Ned disse.

— Será mesmo? Ele nunca falta. E eu acho que ele avisaria se fosse fazer isso hoje. — Mia disse. — E se tiver acontecido alguma coisa, vocês sabem....

— Não vamos pensar assim. — eu disse, tentando evitar pensar nisso. — Ele só deve ter perdido a hora ou algo do tipo. Se ele não mandar mensagem até a hora do almoço, nós saímos da escola mais cedo e vamos até o apartamento dele para ver se está tudo bem. — disse e eles concordaram.

(...)

Estou vagando pelos corredores, sem saber muito bem o que fazer. Nossa terceira aula foi cancelada, pois o professor faltou hoje. Mia e Ned estavam em aula diferentes da minha, então eu estava sozinha durante esse período.

Já que iria demorar até a próxima aula, resolvi ir até meu armário e guardar minha mochila. Odeio ficar segurando peso à toa.

Assim que o abri, vi que havia algo a mais ali. Primeiramente, minha expressão foi confusa, depois surpresa e, logo em seguida, foi de pânico. Que merda!

No armário havia um recado escrito em um post-it e um celular. Eu conheço esse celular até de olhos fechados, é do Peter. No papel, havia a seguinte mensagem:

"Estamos com ele. Se chamar algum dos vingadores, pode considerar seu namorado como morto. Se não acredita que estamos com ele, talvez acredite no celular. Vá até aquele beco onde vocês brigaram, sei que sabe de qual eu estou falando. Você tem até o meio dia, não tente nenhuma gracinha."

Que merda!

Com certeza é o celular dele. O Peter nunca anda sem o celular. O que eu faço? É uma armadilha, eu sei que é. 

Sem nenhuma ideia boa, eu pego meu celular e disco o número da casa do Peter, esperando que ele atendesse e dissesse que estava doente ou algo do tipo e por isso faltou hoje. Esperando que esse celular seja apenas de outra pessoa, mesmo sendo idêntico ao dele. Esperando que isso não esteja acontecendo. Esperando que ele esteja bem. Esperando que ele esteja vivo.

Ligação On

— May Parker, quem fala?

— Oi, May. É a Emily. O Peter está? — perguntei tentando manter minha voz calma.

— Não o vejo desde ontem à noite, querida. Ele me mandou uma mensagem dizendo que iria dormir na casa do Ned. — filhos da mãe. Eles estão com o Peter desde ontem? — Espera, ele não está na escola? Por que está ligando para cá?

— Ah..... é porque eu cheguei atrasada hoje e não o encontrei, mas acho que só nos desencontramos. Mas..... bem, eu acabei de me lembrar que ele deve estar na aula de inglês. Desculpa incomodar, May.

— Sem problemas, querida. Tenha um bom dia. — ela disse gentil.

Ligação off

Sei que não devia ter mentido, mas como eu iria dizer que o sobrinho dela foi, possivelmente, sequestrado?

Peguei o post-it e o li pela segunda vez. Espera aí, como eles sabem que eu e o Peter brigamos naquele beco? E como eles sabiam que esse era meu armário? E que a Aranha Escarlate era eu? Meu Deus, se eles sabem quem eu sou, então podem saber onde eu moro.

Foco, Emily. Você já tem muito com o que se preocupar agora.

Eu tenho que ir até o beco. Sei que é perigoso e pode ser uma armadilha, mas eu não vou deixar o Peter se machucar sem fazer nada.

Peguei o post-it e escrevi a frase "Fui atrás dele. Se algo acontecer, vá atrás da minha avó e a leve para outro lugar que não seja nossa casa xx" em seu verso. Logo em seguida, peguei o celular do Peter e entrei nas configurações do iPhone, ligando o rastreamento dos nossos celulares.

Fechei meu armário e levei tanto o post-it quanto o celular para o armário da Mia. Não posso deixar as coisas muito explícitas, eles ainda podem estar me vigiando na escola, mas eu espero que ela entenda e tente buscar meu celular pelo iPhone do Peter.

Fui até o banheiro e me troquei, guardando toda a minha roupa do colégio na mochila, ficando apenas de uniforme. Guardei minha mochila no armário e sai da escola. Meu celular estava no bolso do uniforme, no silencioso. Eu espero que dê tudo certo e que o Peter esteja bem.

(...)

Cheguei no beco e nenhum sinal do Peter ou de quem o levou. Olhei nos arredores, tentando achar algo que me fosse útil para conseguir localiza-los.

— Peter? — falei tentando achar alguém. — Peter, você tá aqui? — perguntei e já estava me estressando com o silêncio que fazia ali. — Eu sei que tem alguém aqui, então aparece logo pra podermos resolver isso. A menos que você esteja com medo. — provoquei, ouvindo passos logo em seguida. Cutucar o ego sempre funciona.

Me virei e encontrei o Carl vindo em minha direção, sua expressão estava tranquila e debochada. Devo me preocupar?

— Onde ele está, Carl? — eu perguntei e ele apenas sorriu.

— Sabe, eu acho uma falta de educação você saber meu nome e não ter se apresentado, Emily Garcia. Ainda mais com esse sobrenome. Sua mãe realmente sabia esconder as coisas.

— Como descobriu?

— Achou mesmo que eu não fosse investigar você de perto logo depois de ter me traído? Bastou um pouco de investigação para eu achar a gravação daquela câmera. — ele disse apontando para uma câmera de segurança antiga que havia no beco. — Você e o Peter tendo uma bela discussão. Após isso, só foi preciso um reconhecimento no banco de dados de Nova York para eu descobrir tudo sobre você. Se eu fosse você, tirava sua avó da cidade agora mesmo. — ele disse rindo debochado.

Isso estava me estressando tanto. Não precisei usar poder nenhum para empurra-lo contra a parede com toda a minha força, segurando no colarinho da minha camisa enquanto falava:

— Se eu fosse você, calava a porra da boca antes que eu arranque-a. Você vai ser preso, seu idiota. Foi idiotice sua ter vindo aqui sozinho. 

— Me prenda e o seu namoradinho morre. Saiba que eu não brinco em serviço, além de que o Octopus vai adorar acabar com o resto de vida que sobrou dele. — resto de vida?

— O que você fez com ele? — falei enquanto o empurrava mais ainda contra a parede e lançava um belo soco em seu olho.

— Vai descobrir daqui a pouco. — ele disse sorrindo. —  Ah, e você achou mesmo que eu iria vir sozinho? —  falou debochado e meu sentido aranha tentou me alertar de algo, mas tudo que eu senti foi alguém atrás de mim me dar uma enorme pancada na cabeça e, depois disso, tudo ficou escuro. 

Two Worlds ••• SPIDERMANOnde histórias criam vida. Descubra agora