Chapter 11

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Conversar com o Peter se tornou estranho. Já se faziam mais de duas semanas que aquilo havia acontecido e eu não tinha criado coragem para falar com ele. Mas o que eu iria falar? Iai, Peter, sabia que eu sei seu segredo e sou a Aranha Escarlate?

— É estranho a gente saber o nome dela, né? — falou o Ned.

— Já faz mais de duas semanas que a gente sabe. Porque continua tão surpreso? — perguntei.

A primeira coisa que o Peter deve ter feito quando saiu daquele armazém foi contar meu codinome para os vingadores, pois na manhã seguinte a notícia estava em todos os jornais.

— Eu sei, mas é muito bizarro chamar ela de Aranha Escarlate depois de um ano sem ter um nome. Agora que se sabe seu nome, os vingadores devem estar perto de acha-la né?

— Penso que sim, Ned. — respondeu o Peter.

— Por que vocês pensam isso? — poxa, eles não tinham sequer me visto, e fui eu que falei meu codinome! Como isso poderia fazer eles chegarem mais perto de me encontrar?

— Sei lá, acho que o fato de terem descoberto seu nome deve significar que eles estão mais próximos do que ela imagina. — disse o Peter.

Só pode ser brincadeira né? Eu sei que eles não mencionaram nada do que aconteceu no armazém, mas os vingadores fingirem que me espionam para terem conseguido isso? E eu sei que o Peter deve ter contado tudo que aconteceu lá, é impressionante como eles não se importam em saber a verdade.

— Exato! Agora eu tenho que ir, até amanhã. — falou o Ned, enquanto se distanciava de nós dois.

Eu podia conversar com o Peter sobre aquilo agora. Mas o que eu falo? Ele merece saber a verdade, afinal, eu sei o segredo dele.

— Peter. — o que eu estou fazendo? Sem chance de eu falar a verdade agora.

— Oi. — ele sorriu para mim. Que ódio desse sorriso, só faz eu me sentir mais culpada.

— Ah, é que .... — agora você decide, fala logo ou inventa alguma coisa. — Eu queria te falar que....

— O que é isso? Alguma reuniãozinha secreta? — disse a Vanessa. De onde ela surgiu? Não tenho ideia, mas abençoada seja pôr, pelo menos uma vez, fazer algo de bom.

— Que? Claro que não. — respondeu o Peter.

— Sei. Então, até mais, cubana e esquisito. — se ela não tivesse me livrado daquele momento eu possivelmente teria dado um soco na cara dela.

— Eu também tenho que ir, Peter.

— Ah, certo. — ele parecia confuso, só não estava mais confuso que eu, pode ter certeza.

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Meu sentido aranha insistia em dizer que eu estava sendo seguida. Mas como? Quem em sã consciência seguiria alguém invisível? Mesmo sabendo que poderia ser apenas um pressentimento errado, resolvi dar um tempo em um beco. Se alguém estava me seguindo, iria  entrar nele também ou apenas desistir.

Passaram-se uns cinco minutos e nada. Se alguém estivesse me seguindo, devia ter desistido. Cansada de esperar por alguém que não iria aparecer, fiquei visível e me sentei no chão do beco. Eu amo ser uma vigilante, mas quando se junta isso com a escola você acaba ficando cansada mentalmente e fisicamente.

Sem aviso prévio, um barulho de lançadores de teia surgiu e, por pouco, as teias não me atingiram. Olhei para o lado e me deparei com o homem aranha vindo em minha direção. Na mesma hora, me levantei e tentei distrai-lo, para ver se conseguia fugir dali.

É difícil sair de uma luta sem lutar, mas machuca-lo estava fora de questão. Eu não fazia isso nem quando não sabia sua identidade, agora que sabia então, sem chance.

Já que eu não podia fazer muito para sair dali, acabei com minhas mãos presas entre a teia e a parede. Ótimo, qual a chance dele simplesmente me deixar ir?

— Acabou, você vai finalmente ser presa. — bom saber, da próxima vez eu deixo ele lidar com um vilão sozinho. — Agora, quem é você? — eu até responderia, mas não deu tempo, ele simplesmente tirou minha máscara sem pensar duas vezes. — Você?

— Oi, Peter. — sabe aquela coisa chamada vergonha e desconforto? Pois é, estou sentindo as duas ao mesmo tempo.

Mesmo por baixo da máscara, dava para ver seu choque. Assim que ele percebeu que eu também sabia quem ele era, tirou a máscara e me encarou, um olhar chateado e chocado. Era com essa expressão que eu tinha ficado?

— Não acredito que seja você! Por que?

— Como assim por que?

— Por que você é ela? Por que você nunca me contou? E por que você é uma vilã?

Agora quem estava com cara de choque era eu. Mesmo depois de descobrir minha identidade ele continua pensando que eu sou ruim?!

— Perdão? O que te faz pensar que eu sou uma vilã?

— Ah, pelo amor de Deus. Você nunca fez nada de bom e você sabe disso.

— Então eu te salvar do Octopus é o que?

— Sei lá. Ato de piedade? De ter visto quem o homem aranha é?! Ou então você só quis me salvar porque queria ser a pessoa que iria me matar.

Eu não sei se as teias do Peter são pouco resistentes, ou se foi minha raiva, só sei que soltei minha mão e dei um tapa nele com toda a força que eu tinha.

— Que bom saber que pensa isso. Da próxima vez eu deixo você cuidar dele sozinho! Talvez você consiga, né? Nem estava quase morto quando eu o encontrei! Vai continuar achando que eu sou uma vilã? Pelo amor de Deus!

— E porque eu não deveria? Você nunca fez nada de bom, nem sequer se juntou aos vingadores.

— Bom saber que você acha que só é herói aquele que faz parte dos vingadores. Você mais do que qualquer um devia saber que isso não é verdade! Não foi o homem aranha que passou mais de um ano trabalhando sozinho?

— Mas pelo menos eu sempre estava nas batalhas junto com eles!

— Desculpe se eu não paparico eles igual você fazia! É difícil fazer isso e fugir deles ao mesmo tempo!

— Eu achava você incrível, mas pelo visto eu me enganei, você é só uma pessoa ruim.

— Ah é? Tá! Se esse é o seu jeito de dizer que a nossa amizade acabou, eu tenho um melhor. Eu me importava muito com você, você demonstrou ser uma pessoa que eu sempre podia contar, pois você ia sempre me entender. Pelo menos isso era o que eu pensava, mas me enganei. Você é só mais um menino idiota! É só mais um heroizinho que prefere aceitar qualquer fato que os vingadores digam do que tentar entender a verdade! — falei e dei as costas para ele.

— Aonde você pensa que está indo?

— Para casa! Quer chamar os vingadores? Chama! Quer divulgar meu nome para a cidade inteira? Divulga! Eu não dou a mínima! — fiz menção para sair, mas parei no mesmo segundo. Cheguei bem perto dele e olhei no fundo dos seus olhos, minha voz agora estava mais controlada. — Saiba que eu não vou mais lhe incomodar, okay? E não se preocupe, sua identidade está segura. Da próxima vez que você estiver em uma situação de vida ou morte, eu vou deixar você agir sozinho, já que você prefere morrer do que receber minha ajuda.

Dei as costas e sai decidida. Invisivelmente, fiz meu percurso até minha casa. Troquei de roupa em um beco lateral e entrei no prédio. Lágrimas escorriam pelo meu rosto, eu não conseguia controlar. O menino que eu tinha total confiança me decepcionou. Aquele sorriso fofo dele se mesclava com aquele tom arrogante que ele falou comigo depois de descobrir tudo. 

— Desde quando você chega cedo? — minha abuelita falou quando ouviu a porta abrir. Seu tom mudou quando viu meu estado. — Emy, o que aconteceu?

Two Worlds ••• SPIDERMANOnde histórias criam vida. Descubra agora