O Toque.

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Segunda. Treze de Abril.

Eu caminhava lentamente pelos corredores extensos do campus, encarando alguns detalhes que sempre passavam despercebidos por mim. Pela primeira vez consegui pegar o ônibus mais cedo e assim cheguei na faculdade quinze minutos adiantada. A professora Katriny ainda não havia chegado e eu precisava conversar com ela urgentemente, pela terceira vez sobre o projeto. Tinha que ter uma outra forma de fazer aquele trabalho para eu não ficar sem nota. Samantha, uma das pessoas do meu grupo, me cobrou as primeiras observações e infelizmente eu nem tinha traçado os primeiros planos para o estudo em si. Àquela era uma das raras vezes que tive que quebrar a cabeça com um projeto, tudo isso graças a Park Jimin.

— Liv! — Ouvi a voz do Daesung e virei o corpo encontrando o meu melhor amigo, este que já vinha ao meu encontro.

— Dae... — Sorri ao vê-lo e apertei a alça da minha mochila, esperando que o mais novo se aproximasse.

— Você sumiu ontem à noite, bobinha. — Soltou um riso e me abraçou carinhosamente. O seu perfume encheu minhas narinas. O Park era tão quente e tinha um cheiro indescritível. — Por onde andou? — Nos afastou minimamente, me olhando nos olhos.

— O Jungkook me chamou para jantar e nem peguei o telefone quando cheguei em casa. — Mordi o lábio ao dizer.

— O Jungkook? — Questionou, assustado.

— Sim. — Respondi, um pouco envergonhada. 

— Quando ficaram próximos? — Estreitou os olhos, confuso.

— Nem eu sei direito... — Ri fracamente. — Mas ele vai quase sempre no bar e nós conversamos um pouco.

— Hum... — Murmurou, desconfiado. — Vocês jantaram na casa dele?

— Sim. — Assenti com a cabeça, analisando suas expressões. — Nós só jantamos, Dae. — Ri baixinho, buscando amenizar o clima que se formou.

— Eu sei, Liv. — Sorriu fraco. — Conheço muito bem a senhorita, sabia? — Apertou o meu nariz.

— Jungkook é muito gentil comigo e me sinto bem quando estamos juntos. — Confessei. Daesung abriu um sorriso, balançando a cabeça. — Sabe o projeto da professora Katriny?

— Sei sim. — Passou o braço direito ao redor do meu pescoço, ao passo em que andávamos para a nossa sala. — Você ficou com um dos prédios do meu pai, não é?

— Fiquei. — Afirmei e respirei fundo, continuando a falar. — E possivelmente vou ficar com a nota zerada... — Balbuciei.

— Por quê? — Paramos no meio do corredor. Fiquei em silêncio, o observando. — Liv?

Respirei profundamente antes de respondê-lo.

— O seu pai disse que não tem tempo disponível. — Quebrei o nosso contato visual, abaixando a cabeça e fitando os meus pés.

— O quê?! — Exclamou, visivelmente indignado. — Não acredito que ele falou isso, Liv! Meu pai às vezes age de uma forma inacreditável. — Bufou.

— Eu até conversei com a professora Katriny esses dias, mas ela não me liberou para trocar com alguém. — Suspirei.

— Vou falar com ele no intervalo! — Ditou, sério.

— Dae... 

— Você não vai sair prejudicada, Olívia. — Segurou minha mão e seguimos até a nossa classe, a qual estava praticamente vazia ainda. — Não se preocupe, ok? — Sorriu.

— Tudo bem. — Forcei um sorriso. — Obrigada. 

— Não precisa agradecer, baixinha. — Debochou ao dizer o meu “apelido”.

𝐖𝐈𝐒𝐇𝐄𝐒, 𝘗𝘢𝘳𝘬 𝘑𝘪𝘮𝘪𝘯Onde histórias criam vida. Descubra agora