A Proposta.

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Terça. Catorze de Abril.

A terça-feira havia amanhecido fria e bastante chuvosa. Daesung me ofereceu uma carona e eu aceitei prontamente ou chegaria no campus ensopada. Assim que atravessamos o portão principal da faculdade, eu senti que era o centro das atenções. Torci o nariz em uma expressão de indagação, totalmente confusa com todos os olhares que estavam sendo direcionados a mim. Os universitários cochichavam entre si e meu corpo ficou tenso. O meu melhor amigo percebeu o que estava acontecendo e entrelaçou os nossos braços, sorrindo lindamente em minha direção. Sorri de volta, me sentindo mais confiante ao seu lado. Quando entramos na classe, Lola e suas amigas me olharam da cabeça aos pés, como se estivessem nos comparando.

— Não ligue para elas. — O Dae comentou e nos conduziu até nossas carteiras, onde nos sentamos. 

— Estou diferente hoje ou algo assim? — Perguntei, confusa.

— É por causa de ontem, Liv. — Suspirou. — Lembra que você e o meu pai saíram juntos daqui? — Arregalei os olhos, recordando-me perfeitamente do acontecido. — É pelo visto você lembrou, Olívia. — Soltou um risinho.

— Não quero que ninguém me olhe torto. — Me recompus, respirando fundo. 

— Não vou deixar que ninguém faça mal a você, Liv. — O moreno segurou minhas mãos com carinho. — Deve ser por isso que a Lizz me chama de anjo, né? — Fez uma careta engraçada, o que me fez rir.

— Eu nunca disse isso antes, mas... — Encarei seus olhos. — Mas já percebi a forma que você a olha, Dae.

— O quê?! — Riu nervoso, se afastando. — Você está enganada! — Me acusou, inteiramente envergonhado.

Suas bochechas ganharam uma tonalidade vermelha.

— Tudo bem, me desculpe. — Sorri e inclinei o corpo, deixando um beijo rápido em sua bochecha esquerda. — Isso cabe somente a vocês, não a mim.

— Não há nada entre nós. — Engoliu em seco, voltando a me olhar acanhado. — Liv? — Estreitou os olhos.

— O que foi? — Ri fracamente, enquanto o mais novo me analisava curiosamente. — Daesung, fala alguma coisa. — Pedi, sem graça.

— Não é nada demais. — Deu de ombros. — É só que... — Molhou os lábios, estes eram a cópia do seu pai; vermelhos e carnudos. — O meu pai ontem estava animado e feliz demais à noite. Ele disse algo a você? — Questionou.

O corpo forte atrás do meu, a respiração quente, o perfume cítrico invadindo minhas narinas, o timbre grosso quando disse que o meu nome...

— Não. — Respondi baixinho, em um fio de voz. 

— Tem certeza? — Levou sua destra até o queixo, pensativo.

— Tenho. — Assenti lentamente com a cabeça.

— Tudo bem. — Concordou, um tanto hesitante. — Você começou o seu projeto, Liv?

— O seu pai me explicou sobre alguns programas que o amigo dele baixou no notebook. — Expliquei, encolhendo o corpo na cadeira.

— Amigo? — Indagou, confuso.

— Sim. — Afirmei. 

𝐖𝐈𝐒𝐇𝐄𝐒, 𝘗𝘢𝘳𝘬 𝘑𝘪𝘮𝘪𝘯Onde histórias criam vida. Descubra agora