A Mágoa.

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Cinco Dias Depois.
Sexta. Oito de Maio.

Encarei os meus olhos inchados através do espelho do banheiro. Eu não tinha ao menos a noção do tempo em que gastei no banho, devido ao choro intensivo. Apoiei minhas mãos na pia e respirei fundo, buscando me recompôr. Já estava vestida com um dos meus pijamas velhos e tudo que fiz foi abaixar a cabeça, encarando o chinelo branco em meus pés. A dor profunda que havia se instalado em meu peito, após ouvir toda a verdade dita por Park Jimin e nada fazia com que eu me animasse. Depois de alguns minutos refletindo sobre aquela noite em si, saí do banheiro e encarei o corredor em minha frente.

— Olívia, nós precisamos conversar. — Minha tia comentou séria.

— Tia, eu... 

— Você está me evitando a semana inteira, Liv. — Veio em minha direção, parando em minha frente e cruzando os braços. — Não podemos mais adiar esse assunto. Vamos conversar, sim? — Levantou o meu queixo cuidadosamente. — Estava chorando de novo? — Franziu o cenho.

— Não. — Menti. — É por causa do shampoo.

— Você está mentindo. — Balançou a cabeça em negação. — Vem, vamos para o meu quarto. — Suspirei e a segui para o cômodo citado, sentando na cama macia. Amália fechou a porta e sentou-se ao meu lado, me fitando profundamente. — O que está acontecendo, Liv? Seja sincera comigo, querida. 

— Eu sou uma pessoa tão influenciável assim, tia? — Perguntei, sentindo tanto os meus olhos quanto o meu nariz arderem.

— Não entendi a pergunta. — Arqueou uma das sobrancelhas, confusa. 

— A senhora sempre teve razão em relação ao Jungkook e ao Jimin. — Confessei, abaixando o olhar para o chão frio. — Tudo não passou de uma aposta. Eles me apostaram. — A encarei, sentindo as lágrimas grossas e quentes escaparem dos meus olhos nublados. — Apostaram para ver quem seria o primeiro a me... levar para a cama.

— Não acredito nisso! — Grunhiu, mudando completamente a sua expressão. — Quem foi que sugeriu isso, Olívia? — Questionou com raiva.

— Isso não importa agora, tia Amália. — Ri amargamente. — Jimin abriu o jogo comigo. Eu estou com nojo, mas percebi que estou apaixonada por ele. — Funguei, chorosa.

— Apaixonada pelo Jimin? — Indagou, estupefata.

— Sim. — Assenti. 

— Por que não me contou que estava saindo com aquele homem, Liv? — Se aproximou, afagando minhas bochechas molhadas.

— Porque era errado. — Funguei outra vez. — Sempre o achei bonito e ele se aproximou de uma tal forma, que me deixou completamente desnorteada. — Um riso fraco me escapou. — Sou uma tola.

— Você não é a errada da história. — Me acolheu em um abraço apertado e cheio de carinho. — A maioria desses homens ricos, acham que podem tratar as mulheres como se fossem objetos! — Exclamou, indignada.

— Não quero que a senhora procure nenhum deles, tia. — Pedi, fechando os olhos.

— Vou procurar sim, Liv! Não vou deixar dois marmanjos como eles brincarem com você. Isso nunca! — Me afastou, passando as mãos em seu cabelo levemente assanhado. — O Park vai se ver comigo! O que a sua mãe faria? — Cruzou os braços, brava.

— Ela faria o mesmo que a senhora, com certeza. — Solucei.

— Ainda está com aquele celular moderno? — Perguntou, levantando do colchão.

— Sim. — Comprimi os lábios. — Pode devolver a ele?

— Sim. — Acenou com a cabeça. — Passarei na mansão mais tarde. Já contou ao Daesung?

𝐖𝐈𝐒𝐇𝐄𝐒, 𝘗𝘢𝘳𝘬 𝘑𝘪𝘮𝘪𝘯Onde histórias criam vida. Descubra agora