One

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LOST

Não seja uma vadia, Luke.” Jack, o irmão mais velho do loiro, berrou; mostrando que estava começando a ficar irritando com a situação. “Você está indo para a porra da França amanhã e eu não vou te ver pelos próximos dois anos! Eu sei que você é certinho, mas solta essa franga uma vez na vida.”

Luke soltou o ar que, até então, estava segurando. Em seguida, ele juntou os lábios e olhou firmemente para frente, encarando o irmão com um ódio tão grande que podia fazê-lo entrar em combustão.

Se tem uma coisa que Luke odeia é que chamem ele de certinho. Tudo bem, o garoto é simplesmente um gênio, entrou na faculdade de medicina muito cedo e quase sem dificuldade, tira notas excelentes, conseguiu uma bolsa para estudar na França por conta disso e tudo que faz é com perfeição; mas ele não é certinho, quer dizer, não ao seu ver. Talvez ele não saiba fazer coisas realmente erradas, por isso as pessoas tenham esse pré-conceito.

Uma vez – quando Luke experimentou a vida do crime pela primeira e última vez –, furtou uma caneta do seu professor de biologia, mas arrependeu-se nos primeiros trinta minutos e devolveu a mesma; a culpa começou a corroê-lo por completo naquele dia.

“Eu tenho que acordar cedo amanhã, Jack. Meu voo é às cinco e meia manhã.” A voz de Luke sobe uma oitava, mostrando que ele já estava ficando irritando com a insistência do irmão. “E eu também não quero ir nessa festa, porque, tipo, eu odeio festas.”

Luke sabia que era inútil discutir com Jack, pois, quando ele colocava alguma coisa na cabeça, tem que ser feita daquele jeito; mas ele realmente não queria ir na festa – muito menos ter que escutar os gemidos da vadia que Jack levaria para o apartamento nessa noite.

O loiro começou a dividir o apartamento com o irmão mais velho quando tinha quinze anos, ou seja, quando sua mãe começou a ficar muito doente, então seu pai achou melhor eles mudarem-se para Perth, onde teria o melhor médico do país para ajudá-la. Mas o fato era que Luke tinha uma vida em Sydney e realmente não queria deixar isso para trás, ainda mais quando a oportunidade de um grande curso apareceu. Ele e o irmão imploraram muito para os pais deixaram que Luke morasse com Jack ou Bem, e eles acabaram cedendo. Então, no final das contas, Luke optou por morar com Jack, já que seu outro irmão era muito ocupado e não daria muito certo cuidar de um adolescente.

Jack até cuidava de Luke; sempre comprava comida e pagava as contas, mas era só isso. No final das contas, era sempre Luke que cuida de Jack.

“Você é um puto de um antissocial, isso sim.” O mais velho rola os olhos e começa a andar pelo quarto, afim de procurar uma blusa que não fedesse tanto. “Me diga uma coisa, Luke, o que você faz na França? Porque, porra, você é um fresco.”

Luke rapidamente arruma-se na cama e ajeita seu suéter de listras, perfeitamente passado e limpo; ao contrário das roupas do irmão mais velho. O loiro tem uma resposta para isso, claro, mas seu irmão provavelmente ficaria mais louco se Luke falasse que ele só sai de casa para comprar comida e, raramente, para sair com seu amigo, Ashton, que é tão ocupado que muitas vezes esquece até de dormir.

“Eu faço exatamente o que me mandaram fazer, Jack.” Ele não viu, mas teve certeza que Jack rolou os olhos. “Eu estudo.”

Jack vira o corpo para trás em tempo recorde, pronto para ver a expressão de espanto que estava estampada na face do irmão mais novo. Ao contrário de Luke, os irmãos adoravam festas e baderna, mesmo que muitas vezes o tempo não lhes permitisse fazer tais coisas; e esse é um ponto que os deixa putos, pois Luke tem todo o tempo do mundo e não faz nada.

“Ok, já chega.” Jack diz, enraivecido. Puxa uma camisa preta qualquer do seu guarda-roupa e joga no irmão, que fazendo-o ficar com uma cara de desentendido. “Você vai comigo e ponto final. Foda-se a faculdade. Foda-se a França. Foda-se você, Luke.”

Lost In Stereo [Muke]Onde histórias criam vida. Descubra agora