Two

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LOVEGAME

Assim que Luke sentou na cadeira do avião, sentiu seu corpo inteiro relaxar por uma fração de segundos. Ele nunca tinha ingerido tanta bebida alcoólica antes, nunca virou a noite acordado — nas poucas vezes que fez tal coisa era para estudar —, e nunca saiu com um completo estranho que estava oferecendo uma visita a um parque de diversões. Sua mãe, certamente, não ficaria feliz em saber dessa sua nova aventura.

O loiro massageou a têmpora esquerda, tentando acalmar-se um pouco. Ele não lembrava de muita coisa. As vagas imagens de seu jantar saindo em forma de vômito quando desceu da roda-gigante e Michael tentando beijá-lo queimavam na sua mente. A última coisa não deu muito certo, porque o ruivo também havia ingerido grande quantidade de álcool, então, quando foi aproximar-se de Luke para tentar umas coisas a mais, acabou vomitando em cima do garoto, também. Não foi algo muito agradável.

Luke tinha pena da pessoa que limparia o parque na manhã seguinte.

Assim que se aconchegou melhor na cadeira, sentiu alguma coisa dentro do bolso da sua calça jeans. Franziu levemente o cenho ao colocar a mão ali e tirar um papel amaçado. Abriu a pequena folha e viu a caligrafia — que, ainda assim, estava muito melhor do que sua letra desde que começou a cursar medicina.

“Querido Dr. Luke Hemmings,

Foi legal passar à noite bebendo e brincando no parque, mesmo você sendo um puto de um debochado que retruca tudo o que eu falo quando está bêbado. Ah... E eu usei Dr. No começo desse bilhete, viu?! Porque você pode ser tudo, Luke, mas ainda é o cara mais nerd que eu já conheci até hoje. Você me explicou todo o conteúdo de biologia do ensino médio inteiro em uma noite; isso é a definição de milagre.

Tudo seria mais legal se você tivesse me deixado entrar na sua lista de transas de uma única noite, claro; mas acho que você não é o tipo de pessoa que faz isso. Porém, quando eu for para Paris, eu vou cobrar isso. Você me passou seu número e falou onde estuda, não vai ser difícil te achar. Espero que você deixe, pelo menos, um quarto para mim, porque nem a pau que eu vou pagar um quarto de hotel naquela cidade; não quero ir à falência, afinal. Tenho dinheiro, mas não é tanto. Bom, é isso. Oh... Eu peguei uma das folhas dos seus cadernos quando te deixei em casa, para poder escrever esse bilhete. E, se me permite dizer, que letra medonha! Como você consegue ler aquilo? Ok, mas isso não é da minha conta. Você vai ser médico, acho que já vem no pacote.

Tenha uma boa viagem e eu já salvei meu número no seu celular, então, qualquer coisa, é só me mandar uma mensagem. Hmm e tenho certeza que você vai conseguir fazer todos aqueles planos que você me falou :)

Xoxo Michael.

Luke arregalou os olhos e olhou para todos os lados do avião, e observou que a mulher ao seu lado o encarava com um sorriso debochado no rosto. Mas não tinha nenhum cabelo colorido, nenhum Michael.

Seu coração começou a martelar e ele segurou o braço da cadeira até os nós de seus dedos ficarem brancos. Isso nunca aconteceu com ele antes. A única coisa perto de um relacionamento que Luke já teve foi quando tinha seis anos, mas a menina achava ele muito chato e logo tratou de arrumar outra pessoa para brincar; e Luke só transou com uma menina na sua vida inteira, quando tinha dezesseis anos, porém, depois de uma semana, descobriu que ela só fez aquilo para ganhar uma aposta. Ele não sabe lidar com coisas assim, ou com pessoas que não estão na sua zona de conforto. E esse pequeno bilhete amassado o deixou apavorado, sem sombra de dúvidas. Luke nem conhece o garoto e ele já está tentando entrar na sua vida, de alguma forma bem estranha.

Nas primeiras horas tentou convencer a si mesmo de que Michael só estava brincando sobre ter colocado seu número na agenda telefônica, que ele não tinha revelado nada demais sobre a sua vida pessoal ao rapaz de cabelos vermelhos e que Michael não era nenhum tipo de psicopata. Então, assim que ficou mais calmo, fechou os olhos, consciente de que a viagem seria longa.

Lost In Stereo [Muke]Onde histórias criam vida. Descubra agora