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No dia seguinte, cheguei ao hospital uma hora mais cedo do que realmente precisava, mas tudo bem, não era um problema, queria estar preparado para o meu primeiro plantão. Bastou atravessar a rua e já estava diante do gigantesco Grey Sloan Memorial Hospital.

Mais tarde já familiarizado com o hospital, previamente uniformizado e equipado, estava junto de um grupo de médicos novatos, ouvíamos atentamente uma pequena figura feminina passando as primeiras orientações para o começo da nossa especialização. Nesse momento comecei a me lembrar de toda minha trajetória no Brasil até chegar a esse momento, primeiro a faculdade de medicina, depois a pós graduação, e agora essa oportunidade de residência médica e especialização no exterior, não poderia estar mais orgulhoso de mim mesmo.

Thomas e eu vestíamos roupas de cor azul clara, ela nos identificava como médicos internos, além do nosso jaleco com o logo e o nome do hospital onde passaríamos os nossos próximos 2 anos.

Iniciamos um tour pelo hospital guiado pela Dra. Bailey, a pequena figura feminina. Caminhávamos pelo hospital e meus olhos brilhavam com tudo que eu me prestasse a admirar, estava no paraíso, estava vivendo um sonho, algo que sempre quis, totalmente mergulhado nas imensas possibilidades que aquele hospital poderia me proporcionar, até que minha ansiedade deu lugar ao nervosismo, e meu sistema fisiológico começou a fazer mais do que a homeostasia para se manter em equilíbrio, meu sistema nervoso poderia entrar em colapso total a qualquer minuto.

Lá estava ele, caminhando elegantemente em câmera lenta em minha mente, com sua roupa azul escura, suspirei profundamente e senti minhas pernas tremerem, era um misto de surpresa e descontentamento, tive que me apoiar em uma das macas ao meu lado para manter o equilíbrio. Thomas percebeu a situação e tentou disfarçar junto comigo, evitando que eu passasse por isso sozinho. Por alguns segundos eu não conseguia entender o que estava acontecendo, minha mente nunca esteve tão confusa como agora, até o momento que ele se aproximou.

- Dr. Kim. - Acenou Dra. Bailey com a cabeça.

- Dra. Bailey. - Sorriu Dr. Kim em resposta enquanto passava pelo grupo e vestia uma touca azul escura, provavelmente havia acabado de sair de uma sala de cirurgia.

Tentei me esquivar, mas nossos olhos se encontraram, em um único segundo um turbilhão de emoções passaram por minha mente e finalmente compreendi.

Era ele, o cara do bar, e ele era um médico residente. Nada mais seria capaz de me surpreender, minha vida não poderia ficar mais emocionante do que isso, seria impossível, o destino havia me pregado a maior das peças. Thomas percebeu que eu estava um pouco avoado e sussurrou em uma tentativa de quebrar o gelo da situação.

- Agora sei um total de três coisas sobre você: é um excelente médico, come muito bem, até demais e aceita bebida de médicos residentes e depois os beija. - Disse Thomas contendo o riso e finalizando a conversa enquanto seguíamos o restante do grupo. Eu estava perplexo demais para demonstrar algum tipo de reação imediata.

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