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O dia havia começado da melhor forma possível, estava esperançoso que hoje salvaria muitas vidas, acordei inspirado e faria de tudo para que o dia fosse produtivo. Acordei cedo, me arrumei como de costume, tomei um bom café da manhã, apanhei minha mochila com as coisas que precisaria levar para o hospital e sai apressado, mesmo não estando atrasado, atravessei a rua e ouvi alguém gritar meu nome, então virei rapidamente para trás.

- Ei Levi! Me espera! - Gritou Thomas.

Acenei e parei de andar para esperá-lo.

- Levi! Cuidado! - Thomas gritou mais alto ainda.

Não consegui reagir, um farol muito alto me cegou, e foi nesse momento que senti o impacto por todo meu corpo, a colisão rápida e súbita de um carro desgovernado, fui jogado cerca de 2 metros de onde estava e cai sobre o lado direito do meu corpo. Minha cabeça doía, passei a mão sobre minha testa e olhei para meus dedos ensanguentados, Thomas chegou correndo perto de mim e gritando enquanto pedia ajuda olhando em direção da entrada do hospital. Muitas pessoas começaram a sair do hospital, logo meu corpo estava imobilizado e uma maca me levava rapidamente para dentro, e foi nesse momento que vi Nico e seu olhar de pânico, nunca havia visto ele daquele jeito, com aquela expressão, como se o mundo estivesse em suas mãos e ele havia deixado cair.

- O que aconteceu com ele? - Nico exclamou sem entender a situação.

- Um carro desgovernado o atropelou! - Disse Thomas enfim.

- Está sentindo dor em algum lugar específico? - Indagou Nico para mim.

- Somente minha testa e meu braço direito doem muito.

Meu sangue fervia, não conseguiria responder ou raciocinar direito nesse momento, a dor tomava conta de mim. A adrenalina se espalhou rapidamente pelo meu corpo quando Nico em um movimento rápido segurou minha mão fria com sua mão quente e colocou meu ombro no lugar, eu dei um grito alto, o hospital inteiro deveria ter ouvido, enquanto isso Thomas via a cena assustado.

Era cômico quando cuidar de nossos pacientes era uma tarefa muito fácil, mas cuidar de nossos amigos ou de uma pessoa que amamos, se tornava uma tarefa complicada, até para o melhor dos médicos.

- Eu vou cuidar de você. - Disse Nico apertando minha mão novamente e sussurrando, seus olhos cintilavam e nesse momento um único toque dele seria capaz de aliviar as dores do meu corpo.

- Vamos fazer um raio x completo e uma bateria de exames, levem ele para emergência o mais rápido possível! - Gritou Nico para as enfermeiras que guiavam a maca e olhando para Thomas que me acompanhava.

Algumas horas depois estava examinado e tratado, deitado em um quarto com roupas de hospital, dois pontos na testa e meu braço direito luxado e imobilizado com uma tipoia, tomando medicamentos para dor e agradecendo por não ter que precisar passar por nenhum tipo de cirurgia. Nico dormia na poltrona ao meu lado, assim que acordou ele começou a conversar comigo.

- Como está se sentindo? - Disse Nico com o crachá preso em sua calça.

- Dopado, e com a sensação de estar com a bunda de fora nessa roupa. - Fiz graça, e dei um sorriso de lado, enquanto Nico ria do comentário.

- Fiquei preocupado, quase achei que iria te perder, mesmo a situação não ter sido tão grave. - Confessou Nico.

Estremeci com a confissão e senti um vento frio passar por mim.

- Está com frio? - Indagou Nico.

- Um pouco. - Disse sentindo o cansaço do estresse pelo o qual meu corpo havia passado.

Nico ajeitou o cobertor sobre meu corpo e para minha surpresa deitou ao meu lado na maca, seu corpo quebrou o galho de me esquentar, e ele sorriu enquanto olhava pra mim. Nessa hora eu não poderia querer mais do que esse momento durasse para sempre.

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