Capítulo IX – Vermelho é Azul
Mais alguns dias se passaram. Não conseguia olhar-me muito no espelho, mas tinha que fazê-lo, precisava saber como estava a minha situação e não era das melhores. Olhava no espelho e sentia que a cada cinco minutos eu piorava. Todo o meu cabelo agora estava cinza-escuro, claramente, eu não sairia de casa.
Vejo o meu celular que Adrian me deu e tem mais chamadas perdidas, além de inúmeras mensagens não lidas. Sei que nesta semana eles vieram aqui, mas John como sempre, ajudou-me com outras mentiras. John é uma ótima pessoa, é um ótimo pai, ele me entende sempre, é o pai. Não que eu não goste da minha mãe, mas Grace só pensa nela mesma.
Estou deitada em minha cama, ouvindo “Red is Blue” do “Ben Folds”. Meu pai junto da minha mãe e das minhas irmãs foi à cidade. Estou sozinha em casa, como eu queria. A música é confortante. Começa com batidas um pouco pesadas e o tom da música surge suavizando. Ben está cantando. Não entendo inglês, mas sei quando diz: “vermelho é azul”, daí o nome da música.
É isso o que eu estou sentindo e é isso justamente o que a música retrata: mudança. Sinto que o mundo está mudando, minha vida está mudando, eu estou mudando. Vermelho me lembra sangue, sangue me lembra vampiros, o que é algo que eu estou tentando esquecer, então sim: vermelho é azul.
Escuto alguém chamar-me e lembro que estou só em casa. Desço lentamente as escadas, não querendo muito ver ninguém, mas tenho que atender. Não acredito em quem eu vejo ali parado, mas não estou surpresa. Não atendi as ligações e nem respondi as mensagens, seria óbvio ele ou o irmão aparecer por aqui, novamente.
- Kate? – Perguntou Adrian parecendo pálido de surpresa.