Sex Teacher

Nunca poderia

Hermione não dormiu, passou a noite virando de um lado para o outro sem saber o porquê de se sentir daquele jeito. Não parava de pensar no que acontecera horas antes e no quanto ela teve que se controlar para não ir até o final com o Malfoy. Ele a deixava louca de todas as formas possíveis.

Ela odiava isso.

A manhã chegou e Hermione fugiu para tomar café antes que esbarrasse no Malfoy. O Salão ainda estava vazio pois estava muito cedo e a maioria dos alunos acordavam depois das 8h. Hermione se sentou na mesa e apoiou o queixo nas mãos enquanto encarava a comida a sua frente, sua mente rapidamente a levou aos acontecimentos passados e a garota sacudiu a cabeça os afastando.

- Mione, acordou cedo! - Gina se sentou ao seu lado com um bocejo.

- Pois é. - murmurou a garota.

- Por Merlin, que olheiras são essas? - Gina a olhou de perto.

- Não consegui dormir à noite! - disse suspirando.

- O Malfoy está mexendo mesmo com sua cabeça ein! - comentou a ruiva com um sorriso travesso.

- Nem me fale!

Hermione tomou seu café e evitou olhar quando Malfoy entrou no Salão e se sentou na mesa da Sonserina. O loiro não parecia muito melhor que ela, grandes manchas escuras se estendiam envolta de seus olhos.

- Acho que não foi a única que não conseguiu dormir... - disse Gina bebendo seu café.

Por que Malfoy passara a noite em claro? Hermione se perguntou. Queria tanto conversar com ele e tentar entender tudo o que estava acontecendo, mas não podia, afinal era Draco Malfoy com quem estava lidando. Ela não podia se esquecer disso.

[...]

A aula de poções passou rapidamente e Hermione evitou lembrar do cheiro da Poção do Amor. Tempestade. Era esse o cheiro que ela sentia agora, não sabia explicar como e nem porque, mas toda vez que via o loiro se lembrava do cheiro e tentava esquecer. Passou boa parte das aulas lembrando da noite passada e das antes desta.

Que diabos estava acontecendo com ela?

A tarde foi dispensada da aula de Herbologia, ouviu a professora Sprout comentar algo sobre infestação fungos gigantes. Então voltou para o seu salão comunal e se sentou no tapete, bem longe da poltrona onde coisas haviam acontecido na noite anterior. Leu uma boa parte de um livro trouxa sobre deuses mitológicos e no final da tarde Malfoy chegou.

- Oi. - ele murmurou e subiu para seu quarto.

Hermione fechou o livro e suspirou. Malfoy estava estranho e ela não tinha a menor ideia do que podia ser e queria muito saber. Teve que controlar a vontade de gritar para que ele descesse e contasse, mas logo o loiro desceu e se sentou em uma poltrona com um pacote de sapos de chocolate.

- Quer? - ofereceu ele.

- Não, obrigada! - Hermione respondeu sem olhá-lo.

Ficaram em silêncio e a garota logo percebeu o tamanho da tensão que estava ali. Ela não conseguia olhá-lo, o que era ridículo, isso nunca tinha acontecido com os outros garotos. Mas Malfoy não era como os outros garotos, é claro, tinha que ser mais difícil. Ela bufou.

- O que foi? - ele a olhou curioso.

Droga.

- Nada.

A garota se levantou e fechou o livro pronta para ir para seu quarto. Suspirando, caminhou até seus aposentos e fechou a porta atrás de si e encostando as costas na mesma. Respirou fundo e tentou se entender. Tudo estava errado. Pela primeira vez, ela quis desistir do trato feito com Malfoy, não estava fazendo nada bem a ela. Nunca havia desistido no meio de um trato com os outros garotos, mas ele não era como os outros garotos.

Era Draco Malfoy. Arrogante, metido, que odiava Hermione desde que se olharam pela primeira vez e era recíproco. Pelo menos até onde ela se lembrava. Entretanto não entendia mais o que sentia pelo loiro. Antes de fazer o trato, ela pensou que seria divertido, como uma forma de envergonhar o Malfoy e se vingar, mas agora não sabia mais o que estava fazendo. Malfoy a deixava louca.

[...]

POV Malfoy

Malfoy observou a garota entrar em seu quarto e suspirou. Não queria que ela tivesse ido, queria conversar sobre o que quer que estivesse acontecendo com ele, mas não podia. É claro que não podia, ou devia. Era Hermione Granger, afinal. Por mais que eles agora estivessem dividindo aquele lugar juntos e tivessem um trato bastante... exótico, ele não tinha esse tipo de intimidade com ela, nunca teria, com ela ou com ninguém. Mais uma vez ele estava sozinho e sentia como se estivesse transbordando de coisas que gostaria de falar e tirar das costas, mas não podia, não iria, e nem tinha ninguém para contar.

Draco apoiou a cabeça na poltrona e lembrou de todas as outras vezes que se sentiu a beira de um colapso e esteve sozinho. Todas as vezes ele sempre esteve sozinho. Sua mãe era a única que poderia ouvi-lo, mas Draco não podia dar tal fardo a ela, ela já lidava com muito. Logo Você-sabe-quem estaria de volta e Draco teria que se juntar a ele.

Ele odiava ter que pensar nisso.

Odiava seu pai e o nome que carregava. Nunca escaparia do seu destino como Comensal e as coisas que teria que fazer. Não havia esperanças para Malfoy.

O garoto controlou as lagrimas que nunca deixava cair e foi para seu quarto também. Sentia um vazio imenso no peito e por mais que odiasse a Granger, ou achasse que sim, ele queria tanto poder contar a ela tudo. Até mesmo a confusão de sentimentos que ele achava que sentia por ela. Mas não podia.

Nunca poderia.

Draco chutou a porta e quis desistir do trato com a garota do quarto ao lado. Ela era tudo o que jamais poderia ser ou ter. Por mais que não quisesse aceitar, ele não a odiava. Nunca odiou. Quando chegou em Hogwarts foi obrigado a seguir os valores de sua família e odiar os nascidos trouxa, e ele seguiu. Mas nunca acreditou realmente que eles fossem diferentes. Hermione era incrível, a melhor bruxa de Hogwarts inteira, na opinião dele. Mas ele viveu tanto na farsa que acabou acreditando.

Se sentia um traidor só de pensar em tais coisas, mas também se sentia um lixo toda as vezes que a chamava de sangue ruim.

- Draco? - ele ouviu ela chamar. O barulho do chute na porta devia tê-la preocupado. - Está tudo bem?

- Ah... está tudo ótimo! - ele gritou se jogando na cama.

Ele escutou ela voltando para o quarto e bufou.

Odiava sua vida.