O MESMO ERRO

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S U M M E R
Sentada na calçada, eu sinto o meu corpo tremer, mas agora a culpa não é do frio londrino, e sim do medo que preenche cada parte do meu ser.

Maldito, eu xingo Sebastian mentalmente, irritada por seu atraso de quase uma hora.

O ronco de um carro esportivo invadindo a rua me deixa em alerta, e a minha única reação é abrir minha boca - como uma criança impressionada com uma mágica circense -, quando Sebastian freia ao meu lado, parecendo ainda mais bonito dentro do conversível branco.

- O que é isso? - pergunto fingindo desdém. O sorriso de Bach parece ofuscar a fúria da noite nublada.

- Um carro, raio de sol - ele responde, como se estivesse explicando o alfabeto para uma criança. Lanço um olhar incrédulo em sua direção - Não me olhe assim. Eu só achei que precisamos ir para a nossa missão com grande estilo.

E que estilo. O Porsche com certeza vai chamar a atenção por onde passar, mas o que não menos precisamos no momento é sermos notados ao invadir uma propriedade privada, como dois criminosos.

Mas, por outro lado, é melhor que ir caminhando até o condomínio afastado.

Eu me aproximo relutante e o guardião me olha desconfiado, parecendo querer ler os meus pensamentos.

Abro a porta do carro e afundo no banco, em seguida, fecho a mesma com o máximo cuidado possível. Isso vale mais dólares do que a quantia que vou conseguir juntar em dois anos.

- Como conseguiu esse carro? - eu pergunto, tentando encaixar o cinto e falhando miseravelmente - Tem algum tipo de submundo do crime no mundo fantasmagórico?

O som da risada de Sebastian invade os meus ouvidos.

- Não, raio de sol. Ser fantasma tem os seus privilégios - ele responde e se aproxima, sem tirar os seus olhos esmeraldas dos meus. Ele agarra o cinto e o encaixa com facilidade, eu sinto as nossas temperaturas se misturando. Ele se afasta abruptamente, e agora nós dois estamos com um tom rosado estampado em nossas bochechas.

Quem diria, Sebastian Kölsch consegue ficar envergonhado. A cada dia, eu me surpreendo mais.

- Para onde vamos? - ele pergunta, quando percebe que ainda estamos parados.

Eu explico o endereço e ele apenas assente. O resto do caminho é preenchido apenas por Black, do Pearl Jam, tocando em uma rádio local. Bach parece perdido demais em sua mente para nos contagiar com seu bom humor.

É estranho vê-lo em silêncio. De alguma forma, me acostumei com a sua personalidade extrovertida.

- Para aqui - eu peço, quando avisto as árvores de cerejeiras, que enfeitam a entrada do condomínio de Ryan.

Sebastian freia, sem entender nada.

- Summer - ele me chama seriamente, como nunca fez antes - , antes de eu te ajudar na sua grande missão, eu preciso saber a verdade, ou então vou te trancar no carro e te levar para casa em segurança.

Eu arranco o cinto, me preparando para contar o meu plano.

- Eu conheci uma pessoa no meu ensino médio - eu começo, engolindo em seco - Ela era como eu, vivia atormentada e dizia que uma legião de demônios a perseguiam... Ninguém acreditava nela. Até que ela sumiu do colégio depois de um surto, e falaram que ela tinha sido mandada para um manicômio fora da cidade.

- E então? - ele pergunta, parecendo interessado.

- Ela não está em nenhum manicômio, Sebastian - me arrepio de pavor - Ela está sendo mantida em cárcere privado.

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⏰ Última atualização: Jan 31, 2022 ⏰

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Melancolia das Almas CondenadasOnde histórias criam vida. Descubra agora