A Menina dos Cabelos de Fogo

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Ardente.
Chama que não se apaga na morte, caos que hipnotiza, existência que pulsa em ritmo de coração apaixonado, olhar que intimida e convida o fúnebre à vida.
Quente.
Pintura abstrata, compleição que almeja a volúpia, bela moça que é a paz que o mundo já tem e que cegamente busca.
Rústica.
Filha da selvageria e neta do imediatismo, em seu relógio o tempo é um mero instante e vive sempre no instante enquanto sua singeleza aparente preserva sua intensidade tácita que vez ou outra se explicita e se desfaz e se faz cada vez mais dela a cada alvorecer.
Imprevisível,
incorpórea,
inacabada,
incostante.
Em tudo o que é "in" ela se encaixa, tem consciência disso e nisso vê beleza. De "in" ela é tudo, menos "in"volátil: tudo o que a menina do coração em chamas almeja é voar e voar no fogo, visto que caminhar já se tornou entediante. A menina que caminha no fogo sempre deixa suas cinzas no mundo, na terra, na água e no ar. Seus átomos espalhados pelo vento são colhidos e estudados por nobres cientistas que logo se mostram frustados com a imensidão de informações e a vastidão de respostas inatingíves.
Poética.
Ela é poesia estreme. A poesia em sua genuína subsistência e tolo seria o poeta que se deixasse conduzir pelo estúpido desejo de transcrevê-la. A ardente, quente, rústica, "in" e poética flor menina, tingiu suas pétalas da cor do fogo para tatuar nos olhos do mundo do que é feito o seu coração.

Eu, ParadoxoOnde histórias criam vida. Descubra agora