Eu, Paradoxo

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Eu sou muito mais do que sua mente limitada é capaz de projetar. Eu posso ser tudo, posso ser nada; eu não me rotulo pois minha existência não está fadada a nomenclaturas, a conceitos vãos. Sou um ser - ou objeto - indefinido, tal como o ponto geométrico é, tal como a reta geométrica é. Sou nômade, metamórfica, tenho asas e as percebo; não me acomodo, me incomodo. Me recuso a me explicar, tal como a me conhecer por inteiro, pois enquanto reconheço a beleza do saber, despercebida me deparo a contemplar a grandeza do desconhecido. Não me rendo a utopias, não atento a promessas, não me curvo a falsas verdades, nem me atrai as metades - sejam elas argumentos, relações humanas ou filosofias -. Sou o gelo e sou o fogo, sou a brisa e a ventania, sou a guerra e sou a trégua, sou o estrondo do caos e a canção de alegria. Se querida, me entrego, se rejeitada, ainda assim me doo; minha imensidão não se redimensiona, meu caráter não é adaptável. Enquanto existo, vivo; e vivo eternamente nesse infinitamente pequeno ponto no espaço-tempo. Vivo eternamente porque não me rendo à definição humana do que é eterno. Fujo de definições humanas porque me recuso a conceituar, quantificar e pluralizar processos que deveriam ser singularizados. Tal qual uma nebulosa, desintegrada, me abraço. E assim como uma estrela, me permito aquecer, iluminar e expandir. Não entendo os meus processos porque analisá-los me confunde mas confio na ordem natural, na verdade que o universo nunca fadiga de mostrar e sei que no fim de tudo, contemplarei, eu, buraco negro, ou eu, pulsar.

Eu, ParadoxoOnde histórias criam vida. Descubra agora