Seguirei a estrada do teu sorriso
para ver se ela acaba.
E se acaba,
onde morre?
Onde nasce?
Confesso:
receio o inesperado
que me espera,
ao passo que anseio
o desconhecido.
Teu riso constante e fugidio
aponta uma porta
só de entrada.
Não evidencia
qualquer chance de saída
qualquer coisa
que permita minha fuga.
Indago:
o que será de mim
caso eu me perca
nas entrelinhas dos teus dentes?
Surge um pressentimento:
é amparo, é abrigo,
é vida.
Aquele medo
subitamente se esvai.
Vive em mim
e comigo,
a necessidade de adentrar-te.
De mapear teus labirintos,
de permear
a tua alma.
Todavia, sei que em teu secreto,
em meu secreto
essa fome
habita oculta,
até mesmo dissimulada.
A causa
é notória:
te acostumei a ver-me
exprimindo maneiras tais.
Tu canta tua nua verdade,
pinta o mundo
com tuas variadas cores
e eu finjo que
de nada sei.
Mas são teus os versos,
são tuas as cores
e tuas obras
eu sei de cor.
Somente eu,
vulgo receptáculo
de tuas manhas
e artimanhas.