#Capítulo 6 Para Hiddenfield

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-...Você vai para Hiddenfield!

Silêncio se faz no quarto, o único som que podia ser ouvido era as vozes vindas do Minguant, a rua ainda mergulhada em escuridão.

-Yeei...

Hanna comemora, agitando as mãos de forma tímida; Com uma névoa esverdeada pétalas de flores rosas surgem no ar e se espalham como confetes, que caem desanimadamente ao chão.

-Hidden o que?

Pergunto confuso, Abe tosse, como se tivesse segurado uma risada daquelas. Hanna por sua vez se levanta e com um dedo joga a franja para trás da orelha. Levanto-me para olha-la nos olhos.

-A Escola de Magia e Feitiçaria Para Magos de Hiddenfield! Vai me dizer que não conhece?! Qualé é como não conhecer Harvard!

Falava Hanna, gesticulando com as mãos e olhando indignada para os lados. Já eu continuava com a mesma cara de nada, com a boca fechada em uma linha reta, inexpressiva.

-Não tem como ele conhecer, Hanna.

Abe se pronunciava, virando-se para nos olhar enquanto passava as mãos em seus cabelos desgrenhados, puxando-os para trás.

-Ele não vem de origem mágica, foi criado entre os Nomns.

-Nomns...

-Pessoas não-mágicas.

-E você adora interromper as pessoas não é?!

Digo irritado, eu odiava ser interrompido. Em resposta ele apenas deu um sorriso maldoso, exibindo seus dentes ligeiramente pontudos. Olhei para Hanna que agora tinha as sobrancelhas arqueadas.

-Viu o que acontece quando não se lê os relatórios?

Abe continuou, se dirigindo à irmã, ignorando-o por completo.

-Esses relatórios são um saco de ler, deviam inventar um tipo de áudio-relatório, sabe, algo que dê para escutar no meio do caminho. Quer saber? Isso é ótimo! Podemos nos conhecer mutuamente, como melhores amigos fazem!

Hanna agarrou-me, cruzando nossos braços, como noivos fazem em matrimônio.

- A-ahm...

Eu gaguejava sem ter certeza de como reagir à aquilo.

-Ótimo, vamos antes que o relógio bata 03:00 horas da madrugada, as estradas até Hiddenfield viram um inferno à essa hora, pode acreditar!

Ela começou a andar, me guiando despreocupadamente, até que a ficha cai e paro imediatamente.

-Espera! Eu não vou à lugar nenhum! Eu tenho uma vida aqui.

Bati o pé, apontando a mão para Kaio, que repousava serenamente em minha cama. Abe inclinou a cabeça, seus olhos agora encaravam-me curiosos e sombrios. Quase felinos.

-Uma vida eremita? De bairro em bairro, cidade em cidade... quanto tempo até você se mudar de novo? Deixar seus amigos para trás de novo, fugindo de demônios que te perseguem, não importa aonde vá...

-Abe, pega leve...

-Você já sequer imaginou o porquê de sempre aparecer um demônio em cada lugar aonde você esteja? O porque de sempre alguém morrer quando você está por perto?

Ele falava, olhando-me de cima; eu me sentia exposto, ele não estava errado, em todo lugar que eu vá, seja aonde for, alguém sempre morre.

-Demônios se alimentam de energia vital de seres viventes, é por isso que eles comem pessoas, a energia dos humanos está fundida ao corpo, mas sabe o que é mais apetitoso para eles? Mana, e você está cheio dela, é por isso que os demônios sempre estão atrás de você, você é como um chamariz.

Órfão ArcanoOnde histórias criam vida. Descubra agora