#Capítulo 8 Anime-se!

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-...Qual é o seu Talento?

A pergunta se repetia em minha mente, o olhar questionador do Diretor me esmagava. Nunca me senti tão perdido, achei que esse lugar me faria entender o que se passa comigo e não me deixar ainda mais confuso.

Olho nervoso para os lados, então percebo que Abe me encara, seus olhos brilhando em amarelo, seus lábios entreabertos, sussurrando alguma coisa. Eram como os de Hanna, só que mais grossos e com uma pequena cicatriz no canto inferior; Continuo a olha-lo, ele girava alguma coisa entre os dedos, uma carta."O julgamento", idêntica àquela que ele me deu... 

Idêntica.

De repente me lembro do que mais consigo fazer, cópias! Sempre consegui faze-las sem muito esforço, então levanto a cabeça e falo, olhando para Christopher.

- E-eu copio coisas, coisas pequenas!

Ele levanta uma sobrancelha, parecendo interessado, então tira seu relógio de bolso prateado de seu colete e o estende à mim.

-Demonstre.

Pego o relógio, frio ao toque e levemente pesado, era possível sentir pequenos pulsos a cada movimento de seus ponteiros. Era relativamente fino, então fecho minhas mãos em concha em volta do mesmo.

Fechando os olhos, suspiro, como Hanna fez, concentrando-me; Sinto os braços formigarem, não dói, muito pelo contrário, é como sentir água morna escorrendo agradavelmente até a ponta de meus dedos; Então sinto o espaço entre minhas mãos diminuir repentinamente, e um som ecoa no fundo de minha mente, baixo e suave, isso nunca tinha acontecido antes.

Abro as mãos, e lá estavam, dois relógios idênticos, com seus pequenos ponteiros se movendo ao mesmo compasso. Eram tão idênticos que não se era possível saber qual era o original.

-Aí está!

Christopher, bateu palmas levemente e sorriu orgulhoso para mim, Abe por sua vez suspirou, alongando os braços e se levantando.

-Mandou bem novato, Criação é um Talento em tanto...

Disse, ainda sem demonstrar muito ânimo, mas em seus olhos eu conseguia ver algo, que não consegui distinguir, algo entre simpatia e provocação.

O diretor aproximou-se e pegou um dos relógios de minha mão, inspecionando-o.

-Vejamos... bom, é uma relíquia de família... espero que suas cópias sejam lais ao original; Abe, pode leva-lo para o refeitório, pelo jeito ele não come desde ontem.

Disse, pondo o relógio no bolso, enquanto andava em direção à saída da quadra.

-Senhor, acho melhor levar o outro também, não sabemos se pode ser o original! E eu não quero quebrar uma relíquia de família.

Digo, levantando a voz para que ele me ouvisse, o Senhor Hiddenfield pode andar de forma suave, mas é rápido; Ele parou, e sem virar para nós, disse:

-Pode ficar com esse, se tem algo que um mago precise tanto quanto seu folego... é de um bom relógio.

Então partiu, deixando um silêncio em seu lugar.

***

08:00

O refeitório era enorme! Repleto de longas mesas de madeira escura, castiçais decoravam as paredes à esquerda, já à direita, grandes janelas em arco por onde a luz matinal entrava. Ao fundo pude ver Hanna, sentada em uma das mesas, acenando para nós.

Nos aproximamos, Hanna tinha uma bandeja em mãos, onde haviam um sanduíche natural, um copo de leite e palitos de cenoura.

-Você não devia estar na aula de Jardinagem?

Órfão ArcanoOnde histórias criam vida. Descubra agora