#Capítulo 5 Hanna

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Seu rosto estava pálido, em meus braços Kaio respirava fraco, chiando; Seus lábios outrora corados e macios agora se viam secos e azulados. O ferimento em sua testa agora apresentava algumas veias sobressaltadas de cor arroxeada.

Chamo pelo seu nome, seus olhos tremem, ele consegue me ouvir. As ruas ainda escurecidas pela queda de luz tornam-se cada vez mais temerosas, mas estamos perto de minha casa, eu só preciso ser forte, por ele.

Apoio seu braço esquerdo sobre meu pescoço e o suspendo, fazendo força para ficar em pé, minhas pernas vacilam, meus braços, repletos de cortes latejam e protestam e conjunto; Mas preciso aguentar, eu tenho que aguentar.

Ando com ele apoiado em mim, seus pés arrastam a vacilam, sua boca murmura algo que não consigo compreender, seus olhos, ainda fechados, tremem. A todo momento sussurro que está tudo bem, que estamos quase chegando, tentando convencer tanto ele quando a mim próprio, eu só quero sair da daqui.

Chegamos à rua de trás do Minguant, era possível ouvir vozes vindo de lá, risadas alegres, velas acesas iluminavam seu interior, passo pelo lado contrário com Kaio e já estamos no beco de meu apartamento. Mas não posso subir as escadas de incêndio com ele. Olho para a porta de metal que ficava aos fundos.

Droga

Eu a tinha fechado por dentro, mas eu tinha que abri-la de qualquer forma. Sem fazer barulho para não chamar atenção indesejada, então me lembro de como o chão ficou depois de eu descarregar toda aquela energia naquele demônio. Concreto derretido.

Sento Kaio no chão, encostando-o na parede, sua cabeça pende para o lado. Sua franja agora ensanguentada me diz que devo me apressar. Então me ponho em frente a porta, encosto minha mão direita na parte da fechadura, tento me concentrar, energia passa por meus braços, uma dor lancinante me atinge com toda a força, trinco os dentes, meus dedos tremem com a "eletricidade" passando entre si, mas a porta continua intacta, é quando olho para baixo e vejo Kaio de cabeça baixa, meu lábios agora estavam sujos de uma coisa preta que escorria de sua boca.

O pânico passa novamente por mim, a energia em meus braços aumenta e explode em minha mão, que se contrai, em espasmos, era como ser furado por dezenas de agulhas ao mesmo tempo. Olho para a porta, chamuscada, porém intacta, ao contrário de um pedaço de parede que fazia junção com a tranca, que havia se esmigalhado como biscoito velho, aquele edifício estava interditado à muito tempo. A porta se abre sem resistir.

Me abaixo e seguro Kaio, apoiando-o, adentro o apartamento, o andar de baixo estava mais sujo que o meu, papel rasgado por todo lado, manchas de infiltração nas paredes, mofo no teto, não pude fazer nada além de limpar o "meu" apartamento, o resto tem que continuar igual, não posso dar bandeira.

Subo as escadas com muito custo, até que chego à meu apartamento. A janela ainda continua aberta, meu despertador mostra 23:37, carrego Kaio e o deito em minha cama, algo que esperei por tanto tempo, só não imaginava que seria nessas condições.

Ele continua a murmurar, as veias em sua testa, agora mais acentuadas parecem saltar sua pele, ele está suando e seus lábios tremendo. Vou à cozinha e encho um recipiente com água, na volta pego um pano limpo e me sento a seu lado, assim que o pano úmido toca seu ferimento ele franze o rosto, gemendo algo incompreensível; Limpo o ferimento e tiro sua camisa, para ter certeza de que não tinha se machucado em outro lugar.

Nada além de alguns arranhões, os quais também limpo, levanto-me e vou em direção a meu armário, de dentro da mesma caixa onde guardo meu dinheiro retiro um antibactericida para machucados, eu sempre tenho um ou dois desses, me machuco muito frequentemente.

Volto para a cama e desinfeto seus ferimentos, mas percebo que ele está com febre, seus olhos agora apresentam olheiras escuras, suas mãos estão serradas. Não sei o que fazer, nunca fui ferido tão seriamente por um demônio, não por um como aquele. Novamente me sinto perdido, sem saber o que fazer abaixo a cabeça em meus joelhos e afundo as mãos no cabelo.

Órfão ArcanoOnde histórias criam vida. Descubra agora