03:00
Abe estaciona o carro, Hanna desce irritada, arrumando o cabelo apressadamente com as mãos, estava nervosa, tirando um espelho de mão do bolso de sua calça e retocando a maquiagem. Abmael olhava entretido, pelo jeito ele adorava importunar a irmã.
Paramos em frente à degraus que levavam à uma enorme porta de madeira avermelhada feita em arco, puxadores de ferro ornamentavam a mesma, com detalhes de pétalas entalhadas em círculos em volta.
O som de grilos era audível na noite silenciosa, luzes vindas de tochas posicionadas nos muros da propriedade projetavam formas dançantes na grama, as estrelas cintilavam no céu escuro, a lua estava crescente.
Com um chute bem dado, Abe abre a porta, Hanna dá um sobressalto.
-Assim você vai acordar todo mundo!
Disse, entredentes e lhe puxando uma mecha de cabelo, Abmael por sua vez apenas deu de ombros, ignorando-a.
Os dois adentram a mansão, então os sigo. O lugar parecia maior por dentro do que por fora, um grande salão se mostrava irreverente para nós, com duas longas escadas em espiral de madeira escura, com corrimãos polidos e decorados com vinhas douradas em seu entorno. O chão era branco como quartzo, com filetes de algo prateado, acima de nós, um lustre de cristais transparentes tilintavam ao se realocarem lentamente, dando um aspecto etéreo ao local.
Eu estava encantado, olhando para cima, quase sem perceber o grande sorriso orgulhoso de Hanna, que me encarava, Abe estava de cara fechada, indiferente.
Ouço passos ecoarem no recinto, até que um homem que aparentava ter por volta de 30 anos aparece vindo de um comodo á direita. Seus olhos pareciam quase que completamente brancos devido sua cor azul claro. Era alto, esguio, vestia um impecável terno bege sem um amasso sequer, uma calça social branca ligeiramente apertada, calçava sapatos de couro preto com um pequeno salto de borracha. Uma flor branca enfeitava o peito de seu terno. Tinha a pele alba, sem mancha alguma além de uma pequena pinta abaixo de sua pálpebra direita. Seus cabelos ruivos ardentes mostravam-se recentemente aparados em corte Undercut. Um pequeno brinco de joia transparente brilhava em sua orelha esquerda.
Ele se aproximou cordialmente, segurava uma taça de cristal em seus dedos, andava de forma suave, como se tivesse total controle sob o espaço.
-Vocês demoraram, estava prestes a mandar uma equipe de busca.
Disse suavemente, porém de forma firme, levantando uma de suas sobrancelhas grossas.
-Antes das 03:00 Christopher, foi o combinado, e aqui estamos.
Retrucou Abmael, sacudindo o cabelo para que fosse possível ver seus olhos. O homem riu de forma contida, então levantou o queixo de Abe com o dedo indicador. Olhando-o de cima.
-Continua tão insolente quanto quando entrou por esta porta pela primeira vez; E é Diretor Christopher Hiddenfield, rapaz.
Disse olhando-o de forma autoritária.
Hanna escondia um sorriso satisfeito atrás de sua mão direita, até que recebe um olhar inquisidor do Diretor Christopher.
-Não segure o riso Hannabell, pode ter rugas futuramente. E você rapaz...
Disse, apontando a taça de vinho para mim.
-...para a enfermaria, seus braços estão um horror, Hanna, mostre o caminho; E você senhor Westmoon, para o alojamento.
Abe bufou, dando um chute leve como se afastasse uma lata invisível, então saiu batendo o pé, rumo às escadas as fundo do salão.
-Será que seu irmão nunca vai amadurecer, Hanna?
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Órfão Arcano
FantasíaDesde a infância Bernardo tem visto coisas que nunca soube explicar, desde objetos se movendo sozinhos à criaturas grotescas; Mas é quando chega a sua adolescência que descobre o que realmente é, um mago caçado por crias do submundo, terá ele a dete...