Capítulo 8- Olhos amarelos

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Heyyy

mil anos depois eu apareço, né? Se ainda tiver alguém por aqui, eu só queria pedir desculpas pelo sumiço. É isso 


Isthar Wonderwall

Eu beijei Dean Winchester. Ou Dean Winchester me beijou. Ou nós nos beijamos. Não importava. Era como ter ido parar no meio de um furacão, ou estar na nadando nas lavas de algum vulcão, porque eu me senti quente e instável. E eu queria mais. Tão mais.

Eu não deveria brincar com fogo dessa maneira, mas algo em Dean Winchester apenas me puxa e me atrai para perto da chama, de modo que me vejo cada vez mais perto de encostar em alguma, sem conseguir evitar ou me afastar, como aqueles insetos atraídos pela luz.

A tensão entre nós era tão forte que eu poderia toca-la, senti-la passando por minhas veias. E isso é muita coisa, levando em consideração que estas estão ocupadas com sangue e poder o tempo todo.Aquele momento na cozinha, quando nos encaramos e ficamos perigosamente perto, eu nem mesmo senti quando um pulso de poder derrubou o copo no chão. Talvez a parte mais perigosa disso tudo fosse a quantidade de energia acumulada, de poder, uma vez que estando aqui eu usava bem menos que o usual, e desse modo não descarregava o suficiente, mas nada disso importava realmente porque tudo o que eu queria e tudo o que meu corpo pedia era ele. O tempo todo. Não sei bem como, mas nós viramos amigos nesse meio tempo que estou no bunker e...não sei, a atração multiplicou. Quadriplicou. Só para estourar bem na minha cara.

A queda do copo deveria ter sido um aviso para eu me afastar, mas simplesmente ignorei isso, e testei mais um pouco de meus limites. Até que eu me cansei deles e simplesmente ultrapassei, me permitindo fundir a ele naquele beijo, me derreter, me perder. E não há uma única gota de arrependimento em mim.

Tudo bem que Dean não se lembra de mim de antes – e, sinceramente, não há nenhuma surpresa nisso, ele não estava em condições de se lembrar de nada- e portanto eu sei de mais coisas que ele, mas não sinto como se estivesse enganando-o. Não é uma informação crucial. Foi um meio para um fim, nada mais que isso.

Penso nisso enquanto dirijo, seguindo o impala de perto. Aparentemente a mãe de Dean precisa de ajuda em alguma coisa, e eu, pela primeira vez, estou perdida no assunto. Eu nem sabia que ela tinha voltado a vida ou sei lá. De quebra, talvez eu tenha que lidar com os britânicos também, o que não é particularmente atrativo para mim.

Volto meus pensamentos para Kelly e o nephilim a caminho, e me pergunto como ela conseguiu sumir do mapa dessa maneira. Começo a acreditar que ela não está sozinha, e a única questão quanto a isso é se a companhia é para ajuda-la de fato ou alguém interessado no futuro capetinha. Batuco os dedos no volante por um momento, acompanhando a batida da música, e penso em quanto tempo ainda temos. Pouco.

Deixo meu poder rondar o carro, apenas para sentir tudo funcionando, a mecânica acontecendo, pulsando ao longo de meu poder. Estendo a linha de poder para todos os lados, apenas para ser capaz de sentir qualquer pulso de algo parecido por perto, mas de maneira fraca para que ninguém me sinta. Minha mochila começa a flutuar no banco de trás e me permito soltar uma pequena pontinha de mim. Sinto meus olhos mudando, e os trago de volta no mesmo instante. Não posso me dar ao luxo de deixar meus olhos brilharem em roxo.

Manter tanto dentro de mim era uma novidade, uma vez que vivo sozinha desde o quase apocalipse, mas estando com os meninos eu evito. Observo o Impala acelerar e começo a me perguntar se não é hora de parar com isso. Se eles não quiserem lidar com uma nephilim adulta, problema deles. Não posso deixar de ser quem sou, e me recuso a permitir que uma parte de minha queira ser outra coisa apenas para encaixar na vida deles.

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