A próxima vez que Taehyung viu Jeongguk não durou mais que dez minutos.
Foi no mínimo interessante como a realização do tempo só foi notada horas depois, quando sentiu um tipo de "saudade" do momento que durou tão pouco.
Eles se esbarraram em uma feira que Taehyung estava acompanhando a mãe, totalmente desinteressado ao seu redor até sentir um cheiro muito mais familiar do que deveria. Ele teve sorte de sua mãe ser totalmente distraída nas compras, pois assim conseguiu escapar despercebidamente quando seus olhos se encontraram com o do alfa ao longe. Ambos sentiram um baque de realização; um tiro de epifania entre eles de modo que fazia sorrisos automáticos surgirem nos rostos. Foi ideia de Taehyung chamá-lo para se encontrarem atrás de uma loja de calçados, o que foi bastante conveniente o fato de ela estar fechada naquele dia, tornando a circulação de pedestres ali escassa.
Agir com Jeongguk depois de tê-lo beijado e praticamente confessado um de seus mais constantes pensamentos foi mais fácil do que o ômega pensava. Talvez fosse por causa daquele sentimento de adrenalina que estava sentindo por despistar a mãe, ou por causa da sensação acolhedora que Jeongguk transmitia como se ficar atrás daquela loja fosse o lugar mais seguro do mundo. Os dois não paravam de encarar um ao outro, com sorrisos bobos e conversas fiadas — "ainda não pude trazer seu desenho", "eu continuei pensando em você", "você está lindo". Havia também alguns toques; Taehyung não perdeu como o alfa vez ou outra colocava uma mecha de seu cabelo loiro atrás da orelha, ora esbarrando os dedos na bochecha corada do ômega. Ele também não deixava de querer sentir o calor do outro e pouco importava se estava parecendo um ômega atirado toda vez que colocava a mão no braço forte de Jeongguk.
No fim realmente não durou muito, pois Taehyung conhecia a mãe e sabia que poderia levar segundos até ela dar-se conta de que tinha sumido. Sendo assim, Taehyung prometeu que veriam-se novamente e que seria um encontro muito mais apropriado. A resposta de Jeongguk foi um grande e bonito sorriso.
Além do curto e suave beijo que ele deu em sua bochecha esquerda. Taehyung a sentiu formigar pelo resto do dia.
— Não acredito que estamos vivendo um romance dos livros — Yoongi disse com um sorriso bobo que cabia em seu rosto pequeno.
Eles estavam no quarto de Taehyung debaixo de uma "casa" de cobertores e almofadas que fizeram, tendo apenas uma lamparina para iluminá-los no breu da noite, já que passara da meia-noite. Era comum Yoongi passar noites com o melhor amigo, mas eles estavam sendo cuidadosos falando quase em sussurros sobre seus casos amorosos; Taehyung com seu alfa doce e Yoongi com seu alfa destemido de uma certa família Park.
O Min passou longos minutos contando como Park Jimin dizia que iria cortejá-lo para ser seu ômega legítimo desde a primeira vez que dançaram juntos, como se fosse um encanto imediato. Taehyung sorria ao pensar que seu melhor amigo se casaria primeiro e com uma família boa, felizmente não tendo as mesmas complicações que estavam impregnadas na vida do Kim.
— Seu romance com o alfa Park é mais belo, Yoonie. O meu é tãããão complicado — respondeu Taehyung, bufando com as bochechas cheias de ar. — Minha mãe comentou sobre um baile para achar um pretendente para mim, bem quando dei meu primeiro beijo e só conseguia pensar nele. Como dizer a ela que eu quero Jeon Jeongguk como meu marido?
— Sei que sua mãe não é fácil, mas eu acho que você tem que dizer algo, Taetae — respondeu o ômega mais velho, este que estava usando um casaco que fazia seu corpo parecer muito menor do que já era. — Que tal ir testando aos poucos? Dê uma dica aqui e ali sobre sua paixão, talvez ela se compadeça.
— Não acho que minha mãe se importe com... paixões — Taehyung fez uma careta, incerto. — Ela se importa que meu futuro marido ou esposa sejam boas pessoas, com uma boa estabilidade financeira e essas coisas.
— Um casamento não é nada sem paixão e amor — comentou. — Ele deveria saber disso...
— Hm, eu acho que meus pais não se amam — A voz do Kim saiu quase num sussurro inaudível. Ele encolheu-se com o pensamento. — Eu não quero me tornar como eles...
— Oh, Tae — Desta forma, Yoongi o embalou num abraço aquecido totalmente compadecido com a situação. — Vai dar tudo certo, eu tenho certeza. Você vai se casar com quem ama.
Abraçado ao ômega, Taehyung pensou sobre seus sentimentos e sorriu, verbalizando-os ao melhor amigo. — Eu não sei se amo Jeongguk, mas estou apaixonado. Eu queria ter encontros com ele antes de pensar no casamento.
— Apaixonado, hm? — Yoongi sorriu como se soubesse muito sobre aquele sentimento. — Você sente o rosto quente quando está perto dele?
— Oh, eu sinto...
— E o coração batendo rápido?
— Meus deuses, sim! Parece que vai explodir!
— E borboletas no estômago?
— Parecem mais pássaros de tão agitados que são.
— Mãos suando?
— Sim!
— E vontade de tocá-lo?
— Sim, sim, sim!
— Ai, Tae, isso tudo é tão paixão — O Min quase gritou, mas se absteve enquanto ria baixo com o outro ômega. — O que você sentiu quando ele te beijou?
— Foi tão estranho, um estranho bom porque era uma mistura de calmaria com adrenalina — suspirou, lembrando do momento. — Eu me senti estranhamente calmo, como se aquilo fosse a coisa mais certa do mundo.
— Acho que os primeiros beijos são assim — concordou. — Eu e Jimin já trocamos vários beijos. Agora toda vez que ele toca minha pele, eu me sinto um tanto desesperado.
— Como assim?
— É como se eu precisasse dele para respirar, entende? — continuou ao que abaixava mais o tom de voz. — Uma vez ele me beijou tanto que eu me senti molhado-
A revelação fez Taehyung abrir a boca em formato oval, totalmente surpreso. — C-Como nos cios?
— Não foi tanto, mas o suficiente — respondeu envergonhado. — Eu fiquei tão tímido, mas ele nem ligou e disse que era normal.
— Eu acho que eu morreria de vergonha, já não basta Jeongguk ter me visto naquele dia... — Ele teve um leve calafrio de vergonha ao lembrar-se minimamente do acontecimento constrangedor.
— Mas é algo que não tem como controlar, Taetae — informou Yoongi. — Quantos mais você beijá-lo, mais vai querer isso. E Jeongguk parece que quer o mesmo.
— Bem... Isso eu vou descobrir logo, porque temos um encontro em breve!
Eles passaram praticamente a madrugada inteira conversando maneiras de realizarem o romance dos sonhos, totalmente envoltos naquele "covil" criado por cobertores que ninguém ousaria entrar. Nem mesmo quando o sono venceu eles Taehyung conseguiu deixar de pensar na conversa que tiveram um pouco antes de adormecerem; o ômega tornou a pensar que, talvez, realmente tivesse que conversar com a mãe sobre o possível cortejo. Não podia deixar ela planejar algo que certamente seria desfeito mais cedo ou mais tarde, precisava lhe poupar esforços.
Isso se ela concordasse.
No dia seguinte, no entanto, Taehyung acordou determinado. Yoongi de certa forma o incentivou ao contar tudo o que estava passando com Park Jimin; sobre os breves momentos de paixão que estavam tendo e os planejamentos para o futuro. Taehyung queria isso também. Ele merecia, não? Kim Vera sempre disse que ele merecia tudo do bom e do melhor.
Por isso Taehyung entrou em um pico de coragem quando passou pelo corredor do casarão e viu a mãe conversando com um de seus cunhados, mais especificamente o marido de sua irmã mais velha. O caso da ômega fora diferente do que estava sendo planejado para Taehyung, tendo ela se casado com um beta que estava apaixonada. Por que não poderia ter o mesmo?
Ele seguiu com sua coragem quando o cunhado os deixou a sós, tendo Vera suspirando cansada com os papéis em mãos e uma expressão exausta. Taehyung quase, quase mesmo, desistiu. Sabia como sua mãe era quando estava cansada e pensou que não seria uma boa ideia confrontar aquilo.
Porém, ele precisava ser forte. Ninguém tomaria a atitude por si.
— Mãe, podemos conversar?
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O porto da baleia | tae.kook
Fanfiction[CONCLUÍDA] A família Kim era a mais influente da província por ser responsável pelo ramo de caça às baleias. Taehyung tinha muitas coisas para lidar - como um casamento planejado e sua mãe super protetora. Mas ele viu uma brecha na chegada de Jeon...