O porto da baleia | tae.kook

XII

Era como se o mundo ao seu redor virasse a coisa mais desinteressante de todas. Quem precisava de um mundo quando se tinha universo nos olhos do amado?

Quando combinou de se encontrar com Jeongguk, Taehyung não esperava que o alfa fosse levar a palavra "encontro" ao pé da letra. Jeon se certificou-se de tornar tudo muito agradável quando colocou uma toalha na grama de um jardim próximo à floresta, formando um piquenique com comida feita por ele mesmo. Além de ser o alfa mais doce que Taehyung já vira, Jeongguk claramente era o alfa mais cuidadoso também.

E então, no meio deste encontro, eles se perderam um no outro. Uma bolha foi criada ao redor deles; nada entrava e nada saía. Taehyung lembrou-se de trazer alguns dos desenhos que fizera do Jeon, embora tivesse ficado envergonhado por expor as imagens que tinha na cabeça através de seus traços. Jeongguk o elogiou de várias maneiras; dizendo várias vezes que o Jeongguk no papel era mais bonito do que o da vida real, o que acabou em um discussão leve sobre a beleza em questão.

Taehyung nunca se imaginou conversando tão facilmente sobre isso com um alfa, mas ali estava ele. Era real.

— Mas, então... — Jeongguk o chamou a atenção depois de um silêncio confortável, ambos comiam as frutas frescas que o alfa havia colhido. — Você chegou aqui com o rosto meio... triste? Aconteceu algo?

O ômega ficou deveras surpreso com a fala do Jeon. — Eu parecia triste?

— Hm, sim. Não parecia o Taehyung radiante que me acostumei a ver — respondeu calmo, deixando-o confortável. — Se não quiser falar, tudo bem. Mas saiba que eu vou tentar fazer você alegre pelo resto do dia.

O coração do ômega deu um solavanco, deixando-o naquele estado apaixonante que só Jeongguk conseguia fazer. Era algo tão simples, mas que tornava tudo complexo demais para entender. Dessa forma, ele apenas se deixava apreciar o sentimento enquanto ainda tinha o momento para si.

Ele decidiu que podia falar o que quisesse com Jeongguk; o alfa não era nenhum estranho, afinal.

— Eu diria que eu estava, hm... cabisbaixo, mas não realmente triste — respondeu, relaxando ao lado do alfa. Seu cheiro dava-lhe uma sensação calma. — Tive uma breve conversa com minha mãe que me fez perceber umas coisas. Ela está preparando meu baile de cortejo, Gukie. Mas eu não quero isso.

Jeongguk o olhou com os olhos orbitantes bem abertos, como se tivesse recebido um alerta. — Baile de cortejo?

— Sim — suspirou ressentido. — Achar um alfa e um bom casamento, essas coisas. E-Eu nunca quis me casar com um alfa que não estivesse apaixonado, e e-eu-

Ele freou a fala hesitante. Não soube bem o porque, mas antes que pudesse continha, Jeongguk foi mais rápido.

— Eu vou nesse baile de cortejo — disse convicto, sentando-se ereto na sua frente com postura. — Eu quero cortejar você, Tae.

— Jeongg-

— Eu estou apaixonado por você, Tae.

Eles continuaram naquela bolha. Dessa vez o ômega conseguia ouvir o som das folhas das árvores ao redor, como se elas não quisessem deixar um silêncio estranho entre ambos, apesar de ser algo inevitável porque Taehyung não conseguia sequer raciocinar sua próxima fala. Felizmente não durou muito tempo, pois Jeongguk continuou ainda convicto.

— Você pode não retribuir meus sentimentos, mas eu quero falar isso para você — continuou, olhando-o nos olhos. — Desde que te vi pela primeira vez depois de tanto tempo, eu sabia que tinha algo. Você continua o Taetae que conheci quando criança, mas também cresceu e se tornou um ômega lindo e inteligente. E eu amo observar isso de perto, eu amo estar na sua presença porque me parece certo. É como se... se estivéssemos esperando esse momento desde sempre, e agora é a hora — Ele pegou a mão direita do ômega, Taehyung o sentiu levemente trêmulo. — Eu não posso deixar isso passar. Não posso deixar outro alfa tê-lo, Tae. Se for preciso e se você quiser, eu vou lutar por você.

Taehyung não aguentou nem mais um segundo ouvindo-o, ele jogou-se no corpo do alfa, abraçando-o fortemente. Seu coração estava tão acelerado que sentia batendo nas costelas, além do forte turbilhão de sentimentos que estava assolando seu interior.

Porém, apesar da grande confusão, ele sabia o que dizer.

— Eu estou apaixonado por você, Jeongguk.

Pensar que seus sentimentos estavam praticamente transbordando e que tudo provavelmente seria um erro era algo que o ômega sequer cogitava, pois era nos braços de Jeongguk que ele se sentia seguro. Longe de casa, longe de quem o julgava, longe de suas obrigações, longe da mãe...

Sua mente era um quadro em branco sendo preenchido com cores no momento em que sentiu os lábios do alfa novamente. Era diferente. Um pouco mais molhado; havia a língua quente e os lábios ainda doce pelos sucos das frutas. As mãos dos alfa segurava-o pela mandíbula, um dos polegares fazendo um carinho na bochecha tão quente que se sentia tonto. Era um beijo para não pensar em mais nada.

Tinha ciência de que coisas boas não duravam para sempre, isso sempre foi dito para Taehyung. Porém ele lutaria para fazer aquilo durar ao máximo, como nunca lutou antes por algo que tanto almejou.

Taehyung podia ser feliz, Taehyung merecia ser feliz.

E enquanto sentia a respiração faltar toda vez que continuava a beijar o alfa de olhos gentis, ele sabia que sua felicidade estava segura.