Há uma mudança de percepção ao que se convive de maneira assídua com outrem. Por exemplo, Louis conheceu Niall durante o primeiro período da faculdade e apesar de altos e baixos basta que seu melhor amigo comece a torcer os dedos sobre algum objeto - geralmente uma caneta - para que ele saiba que Niall precisa conversar sobre alguma coisa. Ou então, basta que Zayn sente ao seu lado e peça para tomarem um café fora do hospital, e ele saberá que seu amigo não está bem.
Com Taylor, sua até então namorada, as coisas não tinham como trilhar uma estrada diferente. Ele sabia que havia algo de errado desde a primeira desculpa para não vê-lo. O problema, é que mesmo dando seu melhor para acolher e compreender, Louis não conseguia se sentir parte. Ficou triste, claro, porque a referida mudança de região representava um risco à integridade física de Taylor e também uma mudança quase radical na compatibilidade de seus horários.
Talvez ele não conseguisse mais vê-la com tanta frequência, e Louis sentia-se um pouco sobrecarregado. Primeiro, porque não sentiu o baque que deveria com a transferência, e em segundo porque ela continuava escondendo alguma coisa dele. Não era mais o afastamento por conta do cronômetro dele, mas ele... continuava sem saber. E Taylor continuava baixando os olhos e dizendo poucas palavras, em algumas horas sofrendo a ponto de derramar lágrimas e Louis sabia que não era só pela transferência, droga!
Louis tentou ser acolhedor da melhor maneira, sentou na cama com as costas apoiada na cabeceira e Taylor deitou em seu peito, com um montante loiro roçando sua mandíbula cada vez que o corpo acompanhava a energia de sua fala lenta e lamuriosa. Ela dizia que ter um parceiro na polícia era quase um casamento, e que esse cara seria as costas dela em qualquer ação que eles realizassem - e justamente por isso estava temerosa, foi transferida para uma região de alta periculosidade com um companheiro desconhecido o qual não sabia nem o nome quem dirá se poderia ter confiança.
O enfermeiro ouviu quase tudo em silêncio, massageando os ombros de Taylor com seus dígitos, aplicando um pouco de força em movimentos circulares cada vez que encontrava um ponto de tensão. Ela gesticulava, nervosa, até que apenas deitou a cabeça para trás no ombro de Louis, e começou a se acalmar - ainda que seu corpo tremesse entre os braços do namorado, e que estivesse um pouco vermelha de raiva e... vergonha?!
- Filho? - a voz de Jô, sua mãe, arrancou seu corpo do repasse mental de tudo que acontecera algumas noites atrás. Louis levantou os olhos em resposta, encontrando conforto no olhar terno que lhe era direcionado. - Você tá com aquele olhar...
- É que Taylor foi designada à uma nova região da cidade - confessou. Eles estavam sentados em um café próximo à rodoviária, sua mãe só estava em Londres de passagem pois tinha ido visitar uma parente deles que já estava acamada em fase terminal.
- E você está preocupado com o que, Boo? - Jô bebericou um gole de seu café expresso. Louis admirava sua mãe por ser uma pessoa que conseguia manter-se inabalável mesmo após visitar um ente querido em um estado como esse. - Taylor é uma mulher forte, ela passou por tanta coisa já...
Louis concordou com a cabeça, pegando a mão livre de Jô com a sua própria acariciando a pele macia com o polegar.
- Eu também acho, mas não sei se ela me contou tudo que está acontecendo ou se só está muito preocupada com essa questão do parceiro - disse, com os olhos direcionados ao próprio café dessa vez. Louis sempre foi muito desconfiado e tinha uma tendência a analisar tudo, e por isso tinha ficado com uma pulga atrás da orelha sobre o comportamento de Taylor. Algo não parecia encaixar.
- O que não está encaixando na sua cabeça? - sua mãe foi direta ao ponto, mas sem perder o tom acolhedor na voz.
- Não sei, ela estava tão abalada por isso. E disse que era porque parceiros são como casamento, mas a Taylor já passou por tanta coisa ruim e sua reação não se equiparou em um terço à essa - disse, apertando um pouco a mão de Jô entre a sua. - A senhora sabe que eu sou desconfiado demais, então pode ser coisa da minha cabeça. Mas não faz sentido, mãe...
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Timer after time [lwt+hes]
Fanfic[EM ANDAMENTO] Do ventre do universo, surgiu tudo. Cada átomo, em sua partícula mais indivisível, tem um próposito no caminho das coisas - para os humanos, dois átomos de oxigênio representam vida, energia, comunicação. Bem como, em cada pedaço de s...