pt.9 do mesmo [nada]

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- Eu não sei como começar a me desculpar pelo meu comportamento de antes - Louis começou a falar assim que entregou uma coberta macia para que Harry pudesse se aquecer. O mais novo arregalou os olhos, atento, confirmando com a cabeça para que continuasse - Sabe, Harry... Você foi muito gentil comigo desde o começo 

Harry corou, desviando o olhar e amassando a coberta entre os dedos. Ele sempre almejou um momento no qual pudesse conversar com Louis sobre a predestinação, e colocarem-se em bons termos um com o outro porque ele odiava a sensação de ser hostilizado por algo que não tinha controle. Mesmo sabendo que Louis só mostrava uma face da moeda, e que provavelmente havia um motivo por trás de tanta rejeição e repulsa, Harry também era humano, e se sentia injustiçado por não ter sequer a chance de falar sobre isso. Agora a chance estava ali, santando diante de suas vistas.

- Eu queria mesmo conversar sobre isso, mas sem invadir seu espaço porque... a questão da predestinação parece um tópico sensível. 

Louis crispou os lábios, franzindo a sobrancelha ao que coçava a nuca um pouco desajeitado.

- É complicado, eu tenho uma namorada. Não que você esteja me cobrando algo, eu sei que não está - pigarreou cruzando uma perna sobre a outra antes de descansar o corpo completamente sobre o encosto do sofá, de frente para Harry, com os olhos cansados inteiramente visíveis, e a franja bagunçada.

Harry estremeceu diante da confirmação que Louis estava sendo protetor em relação ao relacionamento atual. Ele esperava isso, considerando tudo que a Taylor já havia falado sobre o enfermeiro, como Louis era estremamente leal aos princípios morais dele, e como dificilmente era aberto à conversar sobre as coisas que saiam de sua zona de conforto. 

- Eu tenho uma hipótese - Harry disse, com a voz grave pelo desuso no silêncio que decorreu após a afirmação de Louis. Ele pensava se era a dificuldade em se comunicar abertamente que deixava o enfermeiro tão tenso e engasgado, ou se havia algo mais, um pedaço feio e dolorido que era difícil trazer à tona.

Louis relaxou suas expressões por um momento, com a face menos embaraçada e mais receptiva. Se era a luz prateada da lua fazendo efeito, ou as expectativas de Harry tornando tudo mais doce e menos dolorido, era difícil dizer.

- Dizer que eu sou chato por natureza não conta - Louis comentou, rindo, porque o momento tinha o lembrado de Niall, jogando a culpa de todos os problemas do mundo em sua chatice.

- Claro que não - Harry negou, com a voz arrastada, entortando a cabeça antes de perceber que era uma tentativa de piada para então sorrir ladino, mostrando uma covinha profunda em sua bochecha antes de ficar sério novamente - Eu acho que existem motivos para você ter agido como se eu fosse um mosquito radioativo

Louis perdeu o sorriso no rosto imediatamente, ao que o entendimento ia tomando conta. Harry não sabia se tinha pego um pouco pesado, ou não, mas era como tinha se sentido. Ele não odiava Louis, nem desejava que o enfermeiro sentisse o que sentiu, mas uma conversa séria precisava de honestidade, e os eventos anteriores da noite pareciam ter aflorado em si um certo desespero em ser ouvido.

- Motivos? - Louis indagou com a voz enfraquecida, mexendo na franja. Harry percebeu que havia uma tatuagem de corda em seu braço, aspas onde a marca das almas havia estado e uma série de cicatrizes esbranquiçadas no local que o levou a desviar os olhos com medo de invadir um pedaço da vida do enfermeiro que não permissão.

Harry encontrou com o azul safira de Louis, lambendo nervosamente os lábios antes de assentir.

- Sim, quer dizer, eu não conheço seu passado, mas sei que você não nasceu do nada no dia que nos conhecemos, tem um passado aí.

Timer after time [lwt+hes]Onde histórias criam vida. Descubra agora