pt.10 do estar, [tão sozinho]

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raramente eu faço isso, mas esse capítulo tem uma música: If you — Bigbang
prestem atenção na letra

Louis finalizou a reunião com seu orientador e a banca assim que o visor do computador marcou 10:30 AM. Felizmente era virtual, por meio de uma plataforma online, apenas alguns ajustes na sua tese caso ele resolvesse publicar um artigo dela. No hospital, um sujeito chamado Liam Payne havia assumido a direção do setor de terapia intensiva, responsável pelas escalas de Louis e de todas as equipes. Dessa forma, ainda não tinha conseguido alterar seus horários para que tivesse mais tempo com Taylor.

Cansado, embrenhou os dedos no cabelo logo que baixou a tela do notebook, desligando-o. O visor do celular permaneceu inalterado durante toda a reunião, hora ou outra vibrando com notícias de suas irmãs ou de Niall importunando com alguma coisa boba, mas nenhuma de Taylor. 

| mamãe quer me obrigar a entrar na faculdade, Lou. eu não queroooo
Fedorenta [Phoebe]
05:15 AM

| Louis.William.sua irmã.não quer entar na facwldade
Jô [Mãe]
06:00 AM

| Juro por deus que eu vou sair na porrada com nossas irmãs, Boo
Charlie Charlie
08:00 AM

| Sério, parece que fizeram cinco anos e não dezesseis
Charlie Charlie
08:00 AM

| Mamãe agora tá brava comigo?? Tipo, oi, mãe! eu entreguei um diploma na sua mão antes de virar influencer
Charlie Charlie
08:00 AM

Louis respondeu cada mensagem, mas sua cabeça estava distraída, voltada para o fato de que ele e Taylor estavam caminhando para direções opostas. As mensagens entre os dois se tornaram cada vez mais curtas, não tinha nenhum afeto ali, nem naquelas que eram de voz. Ambos pareciam habitar a casca oca do que um dia tinha sido um relacionamento alto e afetuoso. 

Conforme o tempo urgia, em toda sua efemeridade, Louis percebia que estavam cada vez mais distantes. Ultimamente, eles raramente conseguiam preencher o silêncio com conversas triviais, era sempre uma atmosfera tensa e carregada. Taylor toda séria e preocupada com a operação recente, algumas vezes com o ombro recém posto no lugar pois as missões eram cruéis e os criminosos impiedosos. Louis sempre silencioso, mas com braços gentis dispostos a acolhe-la, e tudo impessoal, mecânico.

Ainda que seja natural a rotina na vida de casais juntos por muito tempo, isso não poderia ser encaixado como sinônimo da palavra. Rotina era assistirem the walking dead, usarem pijamas grandes demais para ambos os corpos, ou então saírem para pubs e beber até ficarem altos o suficiente para não se preocuparem com toda a bagagem pesada do trabalho que coçava sob suas peles. Rotina era levantar cedo, e deixar uma xícara de chá para Taylor porque sabia que ela demorava mais para entrar em órbita. Rotina nunca foi sinônimo de frio, impessoal e calculado.

Em consulta com suas terapeutas, nas longas conversas sob as quais o assunto afeto surgia, eles discutiram a metamorfose. Louis era ciente de que, com o tempo, o amor também acalma e deixa de ser uma grande coisa para se tornar risível nas pequenas demonstrações. Ele sabia que seu relacionamento estava sujeito às mudanças, crises, discussões, erros e acertos assim como qualquer outro. No entanto, o que acontecia era o completo oposto.

Não tinha briga ou discussão. Havia sim, uma crise, mas causada pelo repentino esfriamento de tudo que eles tinham.

Louis tamborilou os dedos sobre a mesa, nervoso. O sofá de tecido preto, que esticava para virar cama, as almofadas espalhadas até no chão com tapete felpudo, uma parede inteira de vidro que tinha porta para sacada, com a vista para o parque que ele raramente conseguia dar uma volta. Não era um apartamento grandioso, apenas confortável, e com história em cada um de seus cômodos. 

Timer after time [lwt+hes]Onde histórias criam vida. Descubra agora