Capítulo 8 'Mensagens'

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Jimin


Nos últimos dias senti que retrocedi muito em questões sentimentais o que trouxe momentos em que eu só queria ficar em meu quarto embaixo das cobertas sem ser incomodado. Havia parado com os medicamentos após aquela noite, não me sentia confiante em voltar e acabar machucando mais pessoas ao meu redor. Dormir já não era uma opção, cada vez que meus olhos fechavam a cena do acidente voltava para me atormentar e mesmo que em todas as consultas eu seja aconselhado a voltar com os medicamentos para que isso acabasse eu não deixava que isso se tornasse uma opção e sei que não podiam me obrigar a aquilo. Eu me lembro dos efeitos colaterais e sabia que já não me era tão eficiente ao acordar muitas vezes durante a noite soando frio como se algo estivesse errado, mas eu não contaria isso a ninguém, já havia causado problemas demais.

Naquele sábado eu soube como seria se desde o primeiro dia eu houvesse me afastado de Jungkook, era uma sensação de perda com um vazio maior do que conseguia suportar. Frequentemente eu rodava pelo meu quarto olhando todas as fotos e me perguntando porque aquele garoto era tão especial pra mim sendo que todas nossas memórias já não existiam. Ele era como uma manta que me cobria num longo inverno e me protegia do frio, sua existência era tão importante e eu senti que nosso mundo realmente poderia colapsar se ele não estivesse aqui, se ele não estivesse comigo. Não era certo eu me sentir assim, essa dependência foi o que causou sua dor e eu não o merecia, então por esse motivo não me movi para pedi-lo desculpa e sim me prendi dentro desse quarto controlando minha vontade de correr atrás de si. Eu merecia isso. Jungkook estava comigo todos os dias desde o acidente, dedicando grande parte do seu tempo para alguém que sequer conseguia retribuir um terço daquele aconchego.


- Você não vai almoçar? – Olhei para a porta onde meu pai havia acabado de entrar.

- Estou sem fome.

- Sua mãe disse que também dispensou a comida de manhã. – Seus olhos mostravam chateação e sua voz saia arrastada, machucada.

- Meu estômago não acordou bom. Apenas não consigo ingerir nada agora. – Falei e ele suspirou.

- Devemos te levar ao médico então?

- Não é necessário, pai. Só quero descansar. – Demorou uns segundos até ele assentir em desistência.

- Você está péssimo, precisa se alimentar em algum momento.

- Por favor, me deixa aqui. – Apertei minhas mãos no cobertor que me cobria.

- Quando sua mãe chegar vou pedir para lhe trazer comida e lhe dar na boca. - Disse e saiu logo após.


Fiquei olhando para a porta esperando que algum tipo de milagre acontecesse e ele entrasse por ela sorrindo. Mas eu sabia que isso não aconteceria, não enquanto eu não o chamasse. Se passaram minutos e então apenas voltei a olhar o teto esperando mais um dia acabasse, porem batidas na porta chamaram minha atenção e então ela se abriu, não era meu pai ou minha mãe.


- Olá! Fiquei sabendo que certa pessoa não está se alimentando direito. Vim mudar isso.

- Jin... – Olhei em seu rosto sorridente e senti um conforto diferente vindo de si.

- Também estou feliz em poder te ajudar. – Se sentou em minha cama colocando o prato de comida na mesinha ao lado da cama – Agora se senta direito que vou te dar comida na boca. – Puxou um pouco meus cobertores indicando que eu deveria me sentar.

- Não precisa. – Falei enquanto me sentava calmamente.

- Precisa sim. Você está péssimo e eu não quero que volte a ficar distante de novo. – Pegou novamente o prato e retirou com a colher uma grande quantidade. – Agora come enquanto me diz tudo que está sentindo.

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