Capítulo 2 'Confie em mim'

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Jimin

1 hora atrás


- Você entendeu tudo querido? - Minha mãe perguntou enquanto na minha cabeça o pouco de informação estava entrando. Eu tenho vinte e um anos e não doze. Faço parte de uma academia de artes na área de dança que descobri ser a minha paixão quando estava prestes a fazer 14 anos. Moramos na mesma casa e algumas coisas mudaram.

- Cadê o papai?

- Está em casa. Sua tia está cuidando dele já que o mesmo quebrou a perna. Tinha que ficar com você então ela veio de Busan para cá. - Sentia que ela me escondia algo, não gostava de segredos então fui direto ao perguntar.

- Mãe, o que você tem mais a dizer? – Ao ouvir a pergunta vi seu nervosismo aumentar.

- Querido, existe alguém que eu devo ligar para vir lhe ver, mas antes preciso falar dessa pessoa para você.

- Quem é? - Perguntei. - Um amigo? Namorada? – Vi sua expressão mudar. – Eu tenho uma namorada? - Ela mordeu os lábios nervosa. - Meu Deus, eu realmente tenho uma namorada? – Talvez eu tenha falado um pouco alto, mas saber que havia chances de eu realmente estar em um relacionamento era chocante. Não que eu seja chato, mas nunca me achei alguém interessante o suficiente para alguém querer algum tipo de compromisso comigo, além de me lembrar de ser bastante tímido. Teria eu mudado tanto assim? Então isso seria uma notícia boa né? O fato de eu ter...

- Na verdade você é gay!

- Como? – Minha expressão com certeza demonstrava o quão perplexo eu estava. Minha cabeça resolveu dar um basta quando doeu me alertando que já dava de informações por hoje. - Como assim? Eu não sou, eu não posso. – Mas não iria conseguir descansar enquanto não entendesse o que estava acontecendo.

- Filho. - Ela suspirou antes de começar a explicar. - Com quatorze anos você começou a ficar estranho e eu com seu pai resolvemos te levar em um psicólogo. Foi difícil para você falar para alguém o que estava sentindo e isso lhe deixava mais afastado de nós, o que nos deixava preocupados. Quando fez dezesseis já estávamos ficando malucos com a mudança repentina que você sofreu, só pensava em ir para as aulas de dança e ficar trancado no quarto evitando ir ao colégio de todas as maneiras, o que gerou muitas brigas em casa. Foi em uma de nossas discussões que você me falou que estava gostando de garotos e se odiava por isso. - Estava atento as palavras de minha mãe. Não podia acreditar que aquilo era real. - Você já passou por muita coisa meu amor. Tivemos que lhe obrigar a voltar a comparecer as aulas e até terminar o ensino médio se recusou a aceitar seus sentimentos, se reprimiu e isso deixou eu e seu pai tão preocupados com sua saúde e bem estar. Nós te amávamos da maneira como era, mas você dizia se odiar e isso doía nos doía. Com dezoito anos entrou para a academia de artes e esqueceu um pouco do assunto, ou pelo menos tentou. Saia com seus colegas e escondia de si mesmo a verdade, provavelmente para tentar diminuir o incomodo que sentia. Mas no começo do segundo ano na academia um aluno novo entrou e você acabou se apaixonando por ele. Foi a primeira vez que você chorou no meu colo dizendo que não gostava de se sentir daquela maneira e eu lhe aconselhei a se aproximar do garoto, que mesmo sua cabeça dizendo ao contrário você devia seguir seu coração. - Ela tentava explicar tudo de uma maneira calma, enquanto eu apenas prestava atenção no que aquela conversa levaria: Eu tinha um namorado, com um "o" no final.

- Eu namoro ele? – Perguntei o óbvio.

- Sim. - Ela sorriu, parecia realmente feliz em falar do garoto. - Você resolveu se aproximar e ele acabou sendo muito melhor do que imaginávamos. - Riu nasalado. - Achei que teria sua primeira decepção amorosa pelo fato de ter se apaixonado justo por um garoto que aparentava gostar apenas de garotas. Cinco meses depois ele acabou descobrindo sua paixãozinha. Você achou que o mesmo te odiaria, mas ele apenas lhe mandou uma mensagem lhe chamando para sair. A sua felicidade nesse momento era enorme, porém ainda havia o medo, o garoto se mostrou tão compreensivo diante a situação que quem acabou se apaixonando por ele foi eu. - Ela disse e notei humor em sua voz, mas a tensão não me deixava sorrir. Ela notou tirando o sorriso do rosto, não queria a chatear, mas era difícil de raciocinar toda essa história agora.

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