Quando acordei no dia seguinte, parecia que meu corpo havia levado uma surra e minha cabeça parecia estar pesando uma tonelada. Eu estava exausta, tanto fisicamente quanto emocionalmente. Toda vez que eu tinha episódios igual ao da noite anterior, eu me sentia desse jeito, e já fazia muito tempo desde a ultima vez que aquilo tinha acontecido.
Depois do incidente, prometi para mim mesma que nunca mais usaria nenhum tipo de entorpecente, nem mesmo a maconha. Algumas semanas depois, logo após todos terem descoberto a morte de Noah, admiti para os meus pais que também era usuária, mas que queria parar com aquilo uma vez por todas.
Foi um momento difícil na minha vida, com tudo que estava acontecendo, e por ter jogado a merda praticamente no ventilador ao ter contado aos meus pais mas, apesar do choque, eles me apoiaram. Claro, depois de eu muito escutar, e sobre como eu estava de castigo pro resto da vida.
O pior havia sido para minha mãe. Meu pai era cabeça dura e não gostava de demonstrar o que sentia, por isso nossa relação era um pouco conturbada. Mas a minha mãe não, ela sempre estava do meu lado e sempre deixava claro que no sinal de qualquer problema, era só eu conversar com ela que ela me ajudaria. Ela não merecia a dor que a fiz passar quando contei daquele lado escuro de mim, mas precisei contar, pois queria deixar tudo para trás.
Meus pais me internaram em uma clínica de reabilitação, onde fiquei por um mês. Preciso dizer, não foi nem um pouco fácil. Se livrar do vicio me causou uma dor muito grande, mas nada comparado a noite em que Noah tinha morrido. Sempre que eu estava no lugar escuro, eu me apoiava nessa lembrança para não esquecer o porquê de estar ali e estar passando por tudo aquilo.
E eu carregaria Noah para sempre comigo.
Alguns meses depois de sair da reabilitação, com apoio dos meus pais, decidimos que seria melhor para mim me afastar de todos. Começar do zero, ou ao menos tentar. Marie foi a única amizade que mantive do meu passado. Ela sempre esteve la por mim, e era a sensata de nós duas. Não gostava de festas, preferia ficar estudando e era um orgulho para os pais dela. Hoje tenho certeza que nossa amizade só é duradoura porque nos conhecemos desde crianças, pois se ela tivesse me conhecido na adolescência, certeza que teria passado longe de mim. E pela amizade dela eu serei eternamente grata.
Me levantei da cama e afastei as lembranças ruins da cabeça, eu já havia pensado nelas o suficiente. Eu precisava de um demorado banho, para um novo dia. Quando voltei para o quarto, Marie já estava de pé, mexendo no seu guarda roupa, procurando a roupa para usar hoje.
-Bom dia, Sky. – A voz suave da minha amiga me fez sorrir. – Dormiu bem?
- Mais ou menos. Não tive nenhum pesadelo, graças a Deus, mas acordei daquele jeito. – Meu sorriso se desfazendo no meu rosto, dando lugar a uma careta, por lembrar.
Marie sabia exatamente do que eu estava me referindo quando falei como eu havia acordado. Sempre que eu tinha meus ataques de pânico, ela estava lá comigo, e mais do que ninguém, sabia me acalmar. Ela sempre ia para minha casa e dormia comigo, para ter certeza que eu ficaria bem.
- Sinto muito, amiga, não queria que você tivesse passado por tudo aquilo. Espero que você me entenda.
- Não se preocupe, eu entendo sim. O que você falou foi verdade, eu tenho o costume de fugir dos problemas, e era isso que eu estava fazendo. Uma hora ou outra eu teria que encarar a Tammara e conversar com ela.
- Além dela ainda tem os meninos... – Marie disse me olhando de canto de olho.
- Não sei se quero falar sobre isso com eles. – Minha voz saiu hesitante. Eu realmente não queria falar.
- Você não precisa falar, e você sabe disso. Fale apenas para quem é importante pra você e que você pretende ter na sua vida.
- Eu sei, Ma, preciso pensar sobre isso ainda.
Minha amiga concordou com um aceno de cabeça. Tratei de me apressar e me arrumar para a aula, eu já estava atrasada. Vesti minha calça jeans preferida e uma blusa com algum desenho na frente, deslizei meus pés dentro da minha sapatilha e penteei meu cabelo, ele ainda estava molhado do banho, mas não daria tempo de seca-lo.
O primeiro período de aula parecia que não acabaria nunca. O professor falava mais sobre sua vida do que a matéria propriamente dita, e todos os alunos pareciam distraídos, sussurrando em suas cadeiras. Quando o sinal tocou, a multidão se colocou de pé e marchou para fora da sala. Todos pareciam estar bastante ocupados com suas próprias vidas e seus problemas.
Caminhei pelos corredores do prédio da Ala C do campus com meus livros debaixo do braço e fiz meu trajeto até a cafeteria. Faltava algum tempo até a minha próxima aula e voltar para o dormitório não era uma opção, era muito longe. Tinham algumas pessoas na fila do café e esperei pacientemente minha vez. Meu celular naquele momento serviu para me distrair. Quando chegou minha vez, antes que eu pudesse fazer meu pedido para o atendente, ele colocou um copo de café na minha frente.
- Este é o seu. – O rapaz disse gentilmente, virando o copo e mostrando meu nome escrito na superfície branca.
- Mas eu nem pedi ainda. – Falei confusa, o encarando. Ele sorriu para mim.
- Ele pediu. – Disse apontando para uma das mesas encostadas na parede de vidro.
Harry estava sentado lá, com um copo de café na mão e um sorriso de canto de rosto nos lábios. Ele levantou seu copo em minha direção, sinalizando para eu pegar o café e assim fiz. Agradeci ao atendente e fiz meu caminho em direção a mesa de Harry.
- Como você sabia? – Perguntei assim que me sentei na cadeira de ferro na mesa, de frente para ele.
- Vi você chegando e pedir esse favor para o Travis. Ele é um grande amigo meu.
- Bem, obrigada – Falei sorrindo, mas sem mostrar os dentes.
- Você está bem? – O timbre de Harry de repente ficando mais firme e seu semblante mais sério. Não era apenas uma pergunta jogada no ar, eu sabia disso.
- Estou bem, o máximo que consigo ficar. – O copo branco a minha frente então pareceu divertido e uma boa distração.
- Me desculpe por ter escutado a história... – Falou hesitante. – Mas quando voltei para o quarto e vi que você não estava bem, eu quis ajudar, mas você estava tão submersa naquele momento, e naquela dor, que preferi esperar você acabar de falar.
- Não precisa se desculpar, você estava no lugar certo e na hora certa. – Meus dedos deslizando no copo que eu segurava e meu olhar fixo no liquido preto. Não tinha coragem de olhar Harry nos olhos, eu estava me sentindo muito exposta, e odiava me sentir assim. – Fazia uns meses que eu não tinha um ataque de pânico. Acho que na minha cabeça estava tudo muito distante e isso meio que me protegia de passar por tudo aquilo de novo.
- Espero estar no lugar certo e na hora certa mais vezes. – A voz de Harry saiu baixa e rouca. Finalmente levantei meu olhar para ele, e as esmeraldas de seus olhos me encaravam com profundidade. Ele estava falando serio.
- Você é um bom amigo, Harry. – Dei um leve sorriso para ele. – Não sei o que teria acontecido comigo ontem se você não estivesse lá. Você foi muito bom em me trazer de volta para o mundo real, não pensei que fosse conseguir.
Ele sorriu para mim.
- Sou bom em muitas coisas, Skies. Já aprendi muito e passei por muito, também. Que bom que pude ajudar você.
OLÁAA, será que ainda existem leitores dessa minha historia?
Ela stava abandonada no computador, mas com todo esse caos de quarentena resolvi voltar a escreve-la! Se ainda tiver alguem lendo, por favor, comente!!!
comente comente comente! Que ai volto a escrever
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Beating Heart [h.s]
Fanfiction*Capa Nova* Ele me empurrou para dentro do quarto e chutou a porta atrás de si. Seu alto corpo cobrindo o meu. Seus olhos estavam negros e seus cabelos bagunçados. Harry não conseguia parar de passar os dendos entre os fios. Ele suspirou ante...