Ainda com as lágrimas a descer pela minha face e atónito com os meus pensamentos, procuro perceber o quê que acabara de acontecer.
Até que sinto uma mão a tocar o meu ombro, viro para o lado e vejo o George com um sorriso meigo e aconchegante nos seus lábios, olhando com compreensão a minha situação, como se já tivesse passado por aquilo ou sabia o que eu estou a sentir no momento, e senta-se do meu lado.
O George e eu nunca fomos tão próximos, mas ele é um dos meus irmãos preferidos.
(Ele é clarinho que nem eu, tem uma bochecha bem redonda e fofa que dá muita vontade de apertar, por anteceder-me ele é um pouco mais alto, seus olhos pretos, tem um cabelo liso do tipo dos asiáticos e para mim é o maior charme do meu irmão, a sua boca é rosada e bem delineada, suas orelhas são bem pequenas e um nariz grosso).
Ficámos assim por alguns minutos até que ele resolve quebrar o silêncio:
- Vamos para cima?- pergunta ele.
- Não sei, estou com medo!- arrebato.
- Não precisa ter medo, eu vou estar alí com você e os outros também, tá-se bem??- diz ele.
- Então tá. - digo.
Pega-me no braço e subimos para a casa do nosso pai. Assim que ultrapasso a linha do portão nossos olhos encontram-se e o meu arrependimento emerge de imediato, aqueles olhos negros um pouco puxados, representam dor, raiva, angústia e desprezo.
Ele tem cabelos pretos lisos, não é alto, um pouco gordinho, e a cara fechada, as suas mãos aparentam ser duras e cheias de cálos, (e são mesmo).
Vendo todas esses traços na sua pessoa o medo que me consome aumenta no mesmo instante, fazendo-me ficar por detrás do George. Vendo a minha agonia, George diz baixinho para mim:
- Tá tudo bem, ele é o nosso pai, não vai fazer-te mal.
-Mesmo??- pergunto.
- Mesmo.- diz ele.
Quando vejo novamente para ele, ele já está a fazer o que tinha parado, daí pude ver o local melhor.
O lugar tem uma espécie de quintal bem grande com duas barracas feitas de ferro e madeira, distanciadas uma da outra por mais ou menos 15 metros, mais à frente das barracas há uma espécie de continuação da superfície até uma ponta, então pude ver que é no primeiro andar e debaixo existe uma oficina mecânica, uns 20 metros também antes das duas barracas havia um espaço ocupado por várias mesas e cadeiras de super bock e cocacola, mais à frente daquele espaço há uma espécie de quarto com prateleiras e balcão, com vários produtos nas mesmas, ao lado deste há mais um quarto e lá pude ver que é o nosso quarto, não é pequeno, mas também não é grande, tem uma beliche e uma cama de casal, um guarda roupa, um criado mudo e duas escrivaninhas.
Ao lado do nosso quarto tem mais um quarto só que lá encontra-se um homem negro, alto, magro, de cabelos pretos lisos, olhos negros, uma boca pequena. Dentro do quarto há materiais de mecânica entre outros produtos.
Quando tive uma visão periférica do edifício todo, pude verificar que aqui é uma espécie de bar, pois tem pessoas sentadas nas mesas, a beber cervejas, a comer petiscos, a falar,(provavelmente sobre o que a minha mãe fez), pois olham-me com pena e isto não me está a agradar nem um pouco.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A família que eu sempre quis!
RandomA história abrange a construção do conceito de família duma criança denominada de Jimmy e as poucas e boas que ele enfrenta durante a sua infância.