Capítulo 8

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Agora estou no último trimestre do meu primeiro ano. Os dois trimestres passados tive as melhores notas e comportamento "Muito Bom".

É o primeiro dia do 3° trimestre e mais uma vez eu tenho um professor novo, hoje veio uma professora bem velhinha, mas muito simpática e gentil.

As suas aulas são calmas e descontraídas, ela chama-se Rosária. Eu já aprendi várias coisas novas, já sei escrever o meu nome, o alfabeto inteiro, ler, entre outras coisas.

Algumas semanas depois, chego à escola um pouco atrasado a pensar que iria levar sermão pelo mesmo, e encontro todos os meus colegas dentro da sala numa bagunça tremenda, e sem a professora.

Fico a saber que ela não virá hoje e que eu tenho de tomar conta da sala, visto que eu sou o delegado da turma. Então digo-lhes que não façam muito barulho para não incomodar as outras aulas que estão a decorrer.

Por um momento eles obedeceram ou finjiram, porque do nada a sala vira a casa da mãe Joana.

Eu estou a gritá-los para que façam silêncio, mas de nada adianta, e a atitude de um dos colegas enerva-me e como estou com a palmatória na mão, e assim eu envio-a em direção ao Rui e a palmatória acerta-lhe na testa, segundos depois começa a escorrer sangue pelo rosto.

Putaaa merda ai eu preocupei-me, e ele está a chorar ou melhor a berrar para que todos o possam ouvir. Passados alguns minutos o diretor da escola aparece na sala e os colegas revelam-lhe o ocorrido, pelo efeito ação-reação, eu levo umas seis palmatoriadas, mas sinceramente não sinto nada, estou apenas preocupado com o Rui, pois eu não o queria machucar.

Como alguns dos colegas conhecem a casa dele, eles levaram-lhe e os outros que permanecem ficam a dizer que a avó dele virá acertar as contas no outro dia, mas eu não estou nem aí pela avó dele, estou preocupado é com ele.

Assim que o levam para casa e eu já ter recebido as palmatoriadas, estes cínicos estão a dizer que o diretor não devia ter-me batido assim, porque as palmas das minhas mãos estão bem vermelhas, mas eu nem sinto dor alguma.

E são eles que estavam a dizer que a avó do Rui é valente e que não gosta que batam no seu neto e outras coisas, agora estão aqui a consolar-me, são uns hipócritas é o que são.

Como não temos aulas hoje mesmo eu vou para casa. Claro que finjo que nada aconteceu não sou burro e consigo simular muito bem mesmo.

No dia seguinte quando chego à escola, de facto a avó do Rui encontra-se aqui, mas só manda umas bocas e não faz nada, até porque eu pedi desculpas para o Rui ontem, e ele só chorava mesmo.

E hoje vejo que ele desculpou-me e é o que importa. A aula de hoje não foi nada interessante mas ainda bem que já acabou, então eu vou para casa, a última coisa que eu queria mas está sendo melhor que ficar na escola por esses dias.

No final do trimestre o nosso professor antigo regressa, o professor José e concluímos o ano com ele, ele volta mas sempre falta alguns dias como era de costume. Termino meu ano letivo sendo reconhecido como o melhor aluno da sala e é a minha única glória até hoje.

É o único lugar que eu poderia ter um pouco de felicidade. Eu, o Rui e mais alguns outros colegas acabamos por nos tornamos mais próximos, e o bom do 1° ano é que ninguém reprova, logo todos passam de ano.

Aqui em casa tudo continua o mesmo: trabalho, trabalho e trabalho, meu pai a mandar bocas e a dar sermão como sempre faz!

A família que eu sempre quis!Onde histórias criam vida. Descubra agora