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Regra número

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Regra número... perdi a conta de novo. Só quero dizer que nem sempre é seu PopStar estará do seu lado nos momentos difíceis.

--Alô?-- A típica voz tranquila da minha mãe soou.

--Mãe? Que saudade! -- Eu digo.

--Daph, meu amor. -- Ela diz. É o suficiente pra me emocionar.

É questão de segundos até que eu volte a chorar de novo.

--Meu doce, não chore. Se acalme. – Minha mãe falava. Sentia como se ela estivesse bem ao meu lado, afagando meus cabelos e limpando minhas lágrimas.

--Sinto tanta saudade suas, mãe. Nem imagina. – É o que falo. Desejo abraçá-la bem forte e dizer que a quero aqui bem perto de mim.

--Eu também, docinho. Mas sabe o que me tranquiliza? É saber que está vivendo o seu sonho.-- Elisa responde. Eu sorrio, sabendo que claramente ele deve está sorrindo também.

--Tenho algo pra te contar. Antes que minha coragem vá embora. -- Eu declaro. Preparada pra contar toda a verdade.

--Estou ficando ansiosa, conte logo.- Ela fala. Dou risada, pois sei que minha mãe ama ficar sabendo das coisas que acontecem comigo aqui.

Devo ter respirado fundo umas cinco vezes antes de falar. --Fiz exame de sangue ontem, estava com enjoos e uma dor de cabeça muito forte.-- Comecei a dizer.

--Oh, minha nossa, e você está bem?-- Elisa perguntou preocupada.

--Deu positivo pra gravidez.-- Eu falo e espero pela sua reação.

Algum tempo em silêncio se faz antes de ouvir a voz da minha mãe de novo.

--Isso é maravilhoso, filha! Já estava na hora do meu genro tomar uma decisão, imagino como ele vai ficar feliz. -- Ela falava. Eu me sento no banco alto da cozinha, com o copo de suco em minha frente.

--Não sei, mãe. Eu não sou nova demais? O meu relacionamento tem só dois anos ainda e Adam está passando por uma situação complicada com a banda. Comecei meu emprego agora. Um filho pode acabar dificultando as coisas.-- Desabafei. Coloquei todas as minhas inseguranças em uma frase.

--Não existe isso de idade certa, não tem como simplesmente planejar tudo. -- Ela me falou. Conseguia sentir tudo se acalmando aos poucos.

--Mas não sei se estou pronta. Só tenho vinte e quatro anos, tantas coisas pra viver, uma carreira pra alcançar, construir uma família não estava em meus planos agora.—Explico, com meu rosto começando a ficar molhado de lágrimas.

--Tem diferença entre não está preparada e não querer. Nunca estaremos preparados para as coisas que nunca fizemos. É a sua vida, suas decisões, sua estrada. Só quero deixar claro que você é uma mulher corajosa e estarei aqui pra te ajudar com isso-- Minha mãe falou. Ela estava tão longe e eu só queria um abraço confortável.

--E se eu acabar errando na hora de cuidar dele? Não tem como voltar atrás quando se trata de criação. -- Eu pergunto sentindo meu coração acelerar. Eu vou ter um filho, meu Deus!

--Tem sempre como melhorar, se errar, terá pessoas como eu pra te corrigir. Uma coisa eu sei, minha filha, não será uma mãe ruim. Pelo contrário, será uma das melhores.-- Elisa fala. É incrível o jeito que ela sempre consegue me animar.

--Não quero fazer a mesma coisa que meu pai fez comigo. Tenho medo disso acontecer.-- Confesso e ela solta uma risada aconchegante. Nem parece a mesma mulher de alguns anos atrás.

--Você não tem nada do seu pai, docinho. Seu pai não tinha sonhos, era viver e morrer sem ajudar ninguém, um homem afogado em orgulho. Olhe pra você, tem seu apartamento, seu namorado, amigos que se preocupam com você, e está prestes a se tornar uma modelo reconhecida, diante de todas essas conquistas recebe a notícia que será mãe.-- Ela disse orgulhosa.

Aquelas palavras me fizeram chorar. Um alívio tomou meu corpo e meu coração, eu estava sorrindo. Não era mais de aflição ou desespero, e sim de alegria.

--Acha que vou me sair bem?-- Perguntei. Eu queria enfrentar isso agora.

-- Estava pronta pra terminar a faculdade de moda e viver sua vida sozinha? Porque ninguém nunca está. -- Elisa retruca. Sempre com uma resposta pronta.

--Nem se passava pela minha cabeça como fazer isso.-- Respondi sincera.

--Nunca mais quero que se pergunte se está ou não preparada pra alguma coisa que nunca fez. Nunca estaremos preparados até acontecer. Quero que se pergunte se você quer ou não, essa é a grande diferença.-- Ela respondeu. Elisa Smith era a mulher que um dia eu gostaria de me tornar.

Ela solta uma risada daquelas orgulhosas do que disse.

--Eu sou incrível, acho que vou vender meus conselhos na internet. -- Elisa conta. Eu sorrio com a ideia. Deve ter sido aquele mesmo sorriso que a enfermeira me deu, ou o que minha mãe provavelmente estava dando agora.

--Mãe, eu nem mesmo sei por onde começar, mas de uma coisa eu tenho certeza. Quero fazer isso de todo meu coração.-- Respondi. Aquele foi um grande passo.

Meu coração saltava no peito. Ouvi a risada alegre da minha mãe me fez querer correr até o interior da Flórida e abraçá-la. Elisa seria vovó.

Sair da casa de minha família me rendeu dores, mas minha mãe estava sempre me apoiando enquanto conquistava o meu mundo. Passei quase nove anos difíceis até tudo melhorar quando meu pai morreu, apesar dele de ser meu pai, era naquele momento meu exemplo de pessoa que eu não deveria me tornar.

Jack Smith era uma péssima pessoa. Humilhava as outras para se sentir melhor, destruía o sonho de alguém sem se importar e sorria nos momentos que as pessoas estavam chorando. Tinha certeza que seu mundo era um vazio, no pior sentido possível da palavra, nunca consegui encontrar em nove anos da minha vida nada de bom no meu pai.

Quando ele morreu de ataque cardíaco ainda fiz uma piada ruim, dizendo que nem o próprio coração aguentou de tanta maldade e crueldade que aquele homem possuía. A partir daquele dia eu e minha mãe vivemos em paz, ela não quis mais ninguém apesar de seus cinquenta, e eu comecei minha vida independente.

Só comecei a viver de verdade depois dos meus dez anos de idade, pois antes disso eu vivia em completa escuridão criada por ele. Sem sorriso ou abraços. Nem um rastro de felicidade.

--Vai me ajudar não vai?-- Perguntei. Limpei meu rosto e bebi um pouco do suco na tentativa de me acalmar. Eram emoções demais.

--Não tenha dúvidas, acho que me lembro de algumas coisas que sua avó me ensinou.-- Ela disse e em seguida riu, me levando junto com ela nessa risada.

--Eu te amo, mãe. Prometo aparecer aí como sempre faço nessas férias.-- Eu falei.

--Seria mais divertido caso eu fosse pra aí dessa vez. Quem sabe não consiga um namorado também.-- Minha mãe sugeriu. Eu engasguei com suco na mesma hora.

Mas no fundo eu pude ouvir ela fungar o nariz. Foi o que faltava pra me fazer ficar emocionada pela terceira vez na mesma ligação.

--Eu te amo, docinho. Me ligue mais vezes. Quero ficar por dentro de tudo sobre meu netinho ou netinha que está vindo aí.- Minha mãe declarou.

Agora mais uma coisa foi adicionada na minha nova vida, e dessa vez ela vem acompanhada de choros e fraudas, junto com noites mal dormidas, porém por trás de tudo isso virá os sorrisos e os bons momentos que nunca serão esquecidos.

Só restava avisar uma pessoa.

-- Oi meu amor, está tudo bem? -- A voz de Adam surgiu.

-- Preciso que venha aqui em casa. Tenho algo muito importante pra contar.

E falar aquilo fez meu coração acelerar novamente.

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