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Regra número três: Quando conquistar seu PopStar, corram juntos atrás dos seus sonhos

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Regra número três: Quando conquistar seu PopStar, corram juntos atrás dos seus sonhos.

Olhava no fundo de seus olhos. O brilho azulado deles me fazia tremer de frio.

-Eu espero que tenha um bom motivo para não ter me contato sobre isso.- Adam respondeu. Sua voz entregava o quanto ele estava chateado.

-Faz alguns meses que eu já tinha pensado em desistir disso, eu estava bem com meu emprego e...

-Sim, Daphne, você estava perfeitamente bem com seu emprego. Não faz nem uma semana que conversamos e me disse que estava tranquila com isso.

-Mas não era meu sonho! Você que conseguiu ele pra mim, eu queria ter o orgulho de poder dizer a todos que consegui sozinha, mas não era verdade.- Aumentei um pouco o tom de voz, querendo muito que ele entendesse aquilo.

-Somos um casal, não deveria ter vergonha por causa que eu consegui algo pra você. Faria isso milhões de vezes pra te ajudar de novo, deveria pelo menos ter me avisado que não queria mais e não me deixar de fora do seu sonho.

-Estava confusa, você não fazia parte desse sonho a alguns meses atrás e agora tudo mudou.

-Então era isso, simplesmente não podia me incluir.- Adam questionou, passando a mão pelos fios castanhos escuros de seu cabelo. 

-Não é tão complicado, Adam. O meu sonho é ser modelo, fazer entrevistas, posar em capas de revistas, desfilar, viajar, assim como o seu é ser cantor, você conseguiu isso sozinho, ninguém colocou você lá.

-Daphne, eu só estou perguntando por que não me avisou sobre isso, beleza que você quer ser modelo, eu acho incrível e não tenho nem o direito de dizer pra você não fazer, é a sua vida e não a minha, eu só não entendo porque escondeu isso de mim tanto tempo.

-Eu...- Tentei dizer, mas ele continuou.

-Faz um ano e alguns meses que estamos juntos, quase dois anos que nos conhecemos, várias conversas sobre sonhos e nunca, em nenhuma delas, você citou isso. Estamos morando juntos, Daphne. Não precisamos esconder as coisas um do outro.

-Me desculpe, mas eu nunca acreditei em mim mesma pra fazer isso, por isso não contei pra ninguém.- Confessei, me sentindo ainda uma boba por falar aquilo. Era mais uma mentira.

Ele me olhou e eu soube que estava aos poucos me compreendendo.

-Você começa a trabalhar quando?

Adam toca em cheio na pergunta que eu não queria responder.

-Semana que vem eu já tenho um ensaio de fotos.

-Semana que vem?

-Sim.- Afirmo. Já sei o que ele vai falar.

-Na semana do meu show em Miami.- Ele conta, como se eu não soubesse disso.

-Desculpe, mas não poderei ir.

Silêncio. Então resolvo falar de novo.

-Adam, pare de drama inútil, é um único show que não irei.- Tento descontrair. 

Ele se levanta da poltrona e caminha na minha direção. Ficamos de frente um pra o outro nos olhando, consigo ver seus olhos azuis que ficam ainda mais escuros e meu coração quase se parte em mil pedacinhos. Quase imploro pra ele parar de me olhar assim.

-Daphne, eu posso falar com eles.- Diz num sussurro, meio inseguro.

Meu coração bate desenfreado, mas ele precisa entender que nem tudo dá pra controlar.

-Me desculpe, de todo meu coração, mas não posso mais cancelar.

-Consigo resolver isso se quiser, sabe que consigo.- Ele diz, segurando nossas mãos.

-Eu pedi pra você parar de quer tomar meus problemas pra você. Esse é um problema meu e não quero que você resolva nada. Entenda isso de uma vez!- Eu respondo irritada. Ele cruza os braços, então continuo a falar. -Só vamos ficar uma semana separados, vivemos a nossa vida toda assim. E caso eu não entrasse naquele camarim nunca estaríamos aqui agora, então não tem diferença.

-Não tem diferença?- Ele diz sem nenhuma expressão em seu rosto.

-Não, não tem nenhuma diferença. Nada dura pra sempre.- Digo, já sabendo que vou me arrepender disso depois.

-É isso mesmo que estou ouvindo?- Ele pergunta. Se afasta de mim mas continua me encarando. Não gosto do jeito que ele me olha, como se pudesse ver todos as mentiras que estou contando.

-Poderia entender que é o meu sonho!- Aumento meu tom de voz novamente, também me afastando dele. Preciso ir embora daqui antes que as coisas piorem ainda mais.

-Poderia entender que às vezes temos que sacrificar nossos sonhos pra sermos felizes. Não estou te pedindo pra se jogar da ponte comigo!- Adam exclama, tentando me impedir de sair da sala. Consigo desviar meu braço. 

-O meu sonho me faz feliz. Só isso importa.- É mentira, é mentira, é mentira. Minha consciência só falta berrar no meu ouvido.

-Por favor, Daphne, pelo menos esses dias juntos antes de você começar o trabalho. É uma semana e nada mais. Me deixa fazer isso por você...

Eu somente pego minha bolsa na cadeira e saio sem olhar para trás.

É o meu sonho, lutei por isso. Ele tem razão quando me diz que as vezes temos que sacrificar nossos sonhos mais importantes por outras pessoas para sermos felizes. Então, talvez eu nunca tenha colocado fé suficiente em nosso relacionamento juntos. 

Essa pode não ser a nossa primeira discussão, mas é a primeira vez que eu o deixo pra trás mostrando que não me importa nada que ele disse pra mim.

Amar alguém e ser amado de volta é incrível, mas ter um tempo sozinha pra organizar tudo que essa mudança causou é necessário, algo que deveria ter feito há muito tempo antes de entrar sem colete salva-vidas nesse novo mar que me engoliu inteira.

Bato a porta do estúdio atrás de mim e enxugo as lágrimas que caíram durante o curto caminho. Elas continuam saindo sem pedir permissão e eu não às impeço mais, já que meu rosto está molhado por inteiro. Nem olho pro sofá onde os meninos da banda estão, assim que eu solto um soluço indesejado um silêncio toma o local.

Aperto o botão do elevador e as portas se abrem imediatamente, tento limpar meu rosto de novo e mais uma vez eu soluço, cruzo os braços e já sinto o frio americano tomando conta do meu corpo. Pelo canto do olho vejo cada um dos garotos me olhando sem nenhuma reação, dois deles estão em pé e os outros dois estão sentados no sofá sem desviar os olhares de mim.

Enfim a porta se fecha quando aperto o botão do estacionamento. Quando ninguém mais me observa eu desabo ali mesmo. Pois parece que tudo que enfrentamos juntos, a nossa casa, o pedido de namoro, as viagens, os shows, tudo está caindo junto comigo. Encostada na parede do elevador eu choro baixinho impedindo que eu mesma ouça.

Regra número quatro: O seu PopStar às vezes pode te magoar, e você pode magoar ele também.

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