08 | Métodos eficazes

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GRACE DILAURENTIS

Flechadas fortes de sol invadiram meus olhos no momento em que abri minhas pálpebras, e tive de piscar repetidas vezes até me acostumar com a intensa iluminação que atravessava uma extensa janela à minha direita.

Após longos segundos, quando finalmente recuperei minha visão por completo, percebi que não fazia ideia do lugar que me rondava.

O colchão macio e grande em que me encontrava em nada combinava com o sofá em que caíra no sono na última noite, assim como o espaçoso quarto estava longe de se assemelhar com a sala em que passei as últimas horas acordadas.

O local, apesar de realmente extenso, não continha muitos móveis. Era ocupado por uma cama de casal, um grande guarda-roupa à minha esquerda e uma longa escrivaninha de vidro à direita; o chão estava preenchido em grande parte por diversos papéis amassados e algumas roupas espalhadas, e a parede, por algumas folhas A4 preenchidas por letras garranchadas. Quando meus olhos enfim localizaram um baixo em um canto do quarto, ao lado de uma pequena caixa de som, não precisei de mais para entender quem era dono do cômodo.

Em um milésimo de segundo, levantei o edredom que me envolvia, e imediatamente expirei um suspiro de alívio. Ao menos eu ainda estava com a mesma roupa de ontem à noite.

Logo pisquei meus olhos um par de vezes, tentando me recordar das últimas memórias da noite passada.

Eu sabia que tínhamos visto um filme da Segunda Guerra de quase três horas de duração, e me recordava das minhas frequentes reclamações acerca de todo o barulho estridente dos tiros e de como algumas cenas pareciam falsas, e também me lembrava perfeitamente das gargalhadas de Dominic diante desses mesmos resmungos constantes. Estava consciente de que havíamos mantido um diálogo surpreendentemente desprovido de provocações por algum tempo depois do filme, embora agora eu não pudesse me lembrar exatamente dos detalhes da conversa, consequência provável da quantidade de álcool ingerido. Eu até me recordava levemente da sua mão apoiada em minha perna e de seu polegar fazendo círculos lentos sobre o tecido fino de minha calça desde a última hora de filme até o momento em que sucumbi ao sono sem que eu estranhamente protestasse, assim como podia me lembrar de confundir a realidade com meus sonhos quando vagamente senti seus braços envolverem meu corpo e me levantarem de um modo sutil.

Agora, me vendo em minha sua cama, não me restava dúvidas de que Dominic de fato havia me levado até ali.

No entanto, se eu estava mesmo em seu quarto, onde diabos estava o vocalista?

Instantaneamente me coloquei de pé e alonguei meu corpo por breves segundos antes de caminhar até a saída.

Percorrendo o corredor, vi o quarto que julgava ser de Brandon vazio pela porta aberta, o que me deixou um pouco surpresa por um instante. Apesar de já saber que Penelope sairia com o namorado para almoçar, não imaginava que eles iriam tão cedo.

Mais à frente, observei um cômodo com dois grandes monitores na parede e alguns equipamentos que eu não sabia identificar quais eram, com exceção das três caixas de som claramente maiores do que a presente no quarto de Dominic, e outro baixo jogado ao chão.

Quando finalmente cheguei à escada, não demorei a localizar Dominic, que se encontrava deitado de bruços no sofá nitidamente apertado para seu grande porte.

O garoto não vestia nada além de uma cueca boxer preta, e não pude evitar analisar cada pequeno centímetro de toda extensão da pele exposta.

As costas malhadas não continham tatuagem alguma, ao contrário dos braços, que eram intensamente delineados por linhas pretas.

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