10 | Clima para brincadeiras

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DOMINIC HARRISON

— Você perdeu a cabeça? — Joseph murmurou, visivelmente irritado, enquanto corria os dedos pelos cabelos que alcançavam a nuca. — Isso é, de longe, a coisa mais absurda que já saiu dessa sua boca, Kellan, e olha que a lista é grande. Tá pensando o que, cacete? Se quiser ter dançarinas, procura a porra de uma boate de strip.

— Seria só por uma noite — o guitarrista rebateu em puro tédio. — Sabe, só para ver como a plateia reage. Duas dançarinas gostosas, uma em cada canto do palco enquanto rebolam a...

— Boate de strip — Joseph sibilou lentamente, cortando Kellan, que bufou pouco antes de se virar para mim.

— Você não acha que seria uma ideia do caralho colocar duas gostosas para dançar enquanto tocamos, Dominic? Tipo, ia enlouquecer a rapaziada, e, sinceramente, acho que atrairia muito mais público.

— Tanto faz — soprei a algum contragosto, dando de ombros ao dar um gole no energético em minhas mãos.

Tanto faz? — o loiro indagou, exasperado. — Tá legal, o que você tem? Não vai me dar uma força nisso?

— Kellan, se você não parar de falar sobre essa porcaria, eu juro que tiro na sorte para ver qual dos seus buracos enfio esse garfo aqui — Joseph ameaçou, levantando o talher da mesa do refeitório. — Quando eu disse que precisávamos inovar, a última coisa a que me referia era arranjar a porra de duas bailarinas. Sério, você tem o que nessa cabeça, cara? Nem mesmo o Dominic está concordando com isso, não tá vendo?

— Claro que ele tá. O filho da mãe só quer deixar toda a responsabilidade comigo para não ficar recebendo todo esse sermão de merda.

Eles então se voltaram para mim abruptamente, na espera de uma declaração, e eu apenas me limitei a bufar enquanto aproveitava aquele pequeno período de silêncio. Os dois simplesmente não tinham calado a boca desde que se sentaram comigo sem convite algum.

— Puta merda, qual o seu problema? — Joseph tomou o energético de minha mão antes que eu o levasse até minha boca novamente, e eu subitamente estreitei os olhos em sua direção.

— Qual o seu problema? — retruquei, frustrado. — Não posso mais tomar um maldito energético em paz?

— Não com todo esse mau humor — Kellan respondeu como se fosse óbvio.

— Vão à merda, vocês dois — retruquei, tomando meu energético das mãos de Joseph.

Quando os dois garotos expiraram um ar pesado demais, soube que aquele era um dos momentos em que cada um de nós pensava em como seguir carreira solo seria um paraíso. Não acontecia com muita frequência, mas quando acontecia, não havia nada que quiséssemos mais do que mandar um ao outro para o Inferno e então fazer o que nos desse na telha.

Claro que aquilo ocorria em qualquer banda, afinal, conviver com pessoas em tantos aspectos diversos nem sempre era fácil.

Aquele instante era apenas a prova viva disso.

No entanto, felizmente, após aqueles longos segundos de alguma paz, eu já não parecia querer esganar tanto cada um deles. Embora meu mau humor continuasse de fato corroendo cada centímetro de meu interior, eu ainda podia sentir alguma satisfação por algum silêncio excessivo enfim ter se instalado em nossa mesa. Eu definitivamente precisava daquilo.

— O que está acontecendo aqui?

Bem, claro que tudo aquilo estava bom demais para ser verdade.

Enquanto fazia uma força excessiva para não pensar na sensação prazerosa que cometer um assassinato naquele instante me traria, Brandon se sentou ao meu lado, oscilando o olhar entre mim e meus outros companheiros de banda.

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