Capítulo II:
BOUND TO YOUTodos os dias eu acordo e morro, minha vida está tão curta.
você me bate, machuca, tortura
Isso é amor? Querido, você não entende. Eu deito, fujo, corro, vou até o fim dessa festa não adianta! Estou preso a você! Estou preso nisso. Estou preso a você, estou preso nessa droga chamada ilusão, nesse amor miserável sem uma resposta sã.
Todos os dias, alguém que não conheço deita na minha cama e tira minha roupa, não, não é você.
Estou cansado de tantas festas, estou cansado de te esquecer.Sei lá, quando eu tinha 16 anos e já tinha feito o rito do primeiro amor não resolvido, acabei perdendo um pouco de mim, é como se estivesse morrendo, não que fosse um probleminha. Puts, os jovens são tão complicados. Sim, nós somos! O pior de tudo é quando ficamos presos em alguém que nos jogou fora. Isso é algo muito ruim e não desejo nem aos meus queridos inimigos. Falando sério, viver nesse mundo tão complicado tem lá os seus lados positivos, por exemplo: aprendemos que na comunidade LGBTQI+ tem um padrão exigido, qualquer pessoa desse meio precisa atender a tais requisitos. É como se fosse eles falassem:
"Seja alto, magro e bonito ande em festas esnobe as pessoas e acima de tudo, seja arrogante. Caso contrário, você será excluído e deixado de lado."
Sinceramente, FODA-SE! As vezes esqueço que faço parte dessa comunidade pobre. Já tentei entrar nos padrões e sofri muito por isso. Quando tentamos negar nossa própria essência, simplesmente sofremos. É uma tortura se olhar no espelho e não aceitar. Se negar, se odiar, se desprezar. Falando do meu primeiro amor, faltaram algumas partes.
Depois de toda aquela confusão e tudo mais, acabei vindo morar em Manaus, e de cara, fui estudar numa escola não muito legal. O Castelo Branco poderia ser mais uma rede social em 3D do que, necessariamente uma escola. Pensem num lugar estranho. Fora à isso, conheci uma das minhas amigas, Aryane, estudávamos na mesma turma. Aliás, a gente era bem AMIGOS. Estava acostumado com uma escola de interior pequena com menos de 60 alunos. Imagina do nada, vir parar num lugar com mais 1.000 pessoas? Estava realmente traumatizado. No castelo tinha uns garotos que logo me atraíram. Eu ainda era virgem, nunca tinha beijado outro cara e ainda assim, amava o idiota do J. Ele não saia da minha cabeça, em cada pensamento ele estava lá. Isso me perseguiu o ano inteiro. Um dia minha amiga perguntou se eu achava algum menino da nossa sala bonito o diálogo foi o seguinte:
Aryane - Gi, ( sim, a gente se chama de Gi até hoje ) tu achas algum garoto daqui bonito? Tipo assim, eu tenho vontade de ficar com o Yuri.
Então eu disse: Ai, poderia ficar com qualquer um, porque todos são bons para mim. Qualquer um pode me ajudar a esquecer o J.
Depois disso continuamos conversando sobre outras coisas.
Entendam que em momento algum eu quis estar apaixonado. Era uma necessidade esquecer o J. Ele não me dava paz. Hoje em dia entendo quem precisa achar uma outra pessoa para superar um trauma. Não julgo!
Passadas duas semanas, ganhei um celular da minha mãe. Então fiz um Facebook. Estava empolgado, conheci vários meninos e o meu futuro namorado. O Júnior, ele era super especial para mim, a gente fazia tudo juntos. E o pior, ele também tinha vindo lá do interior. Nada melhor que isso! Começamos uma conversa no Facebook que logo migrou para o whatsapp. Eu estava eufórico e o J. Já não estava me tirando do sério. Apesar de estar preso em um amor platônico fracassado, tinha uma luz de superação no fim do túnel.
Esse namoro durou cinco meses dos quais apenas dois foram felizes. Estava tudo indo bem porém, cometi um erro, era submisso. Era igual um cachorrinho que faz tudo o que seu dono manda. Paguei um preço bem caro, logo de cara chegaram até mim supostas traições. Sensível e carente como eu era, achava que não sobreviveria sem o Júnior.
Queridos, quando fazemos o papel do submisso obediente, viramos reféns dos nossos próprios argumentos e acabamos cedendo para que alguém extraia nossas melhores versões.
Um dia desses, fomos visitar o irmão dele e nesse maldito dia, cometi um erro acabei traindo o Júnior. Por mais que ele fosse infiel comigo, eu não poderia ter feito isso. era uma falta de caráter. Foi com um garoto chamado Weverton. Ele apareceu lá e já era conhecido da família, nossa! Ele era bem bonito. Do nada, absolutamente do nada, começamos a trocar shades e ofensas. Mal sabíamos que isso era atração invertida. O Júnior tinha saído para visitar um tal amigo. Enfim.
Anoiteceu, e pediram para nós dois irmos comprar um lanche, obviamente que o Júnior mandou o Weverton vir comigo. Então começamos a conversar.
- Eu te acho super bonito, por quê você não namora? Queria a resposta que ele me deu.
Weverton- Pra quê namorar? Se eu posso pegar quem namora?
Cara parece mentira, mas a rua naquele bairro, era bem escura estava de noite, eu apenas segui o meu impulso e coloquei ele contra a parede de uma casa atrás de um micro ônibus e então começamos a nos beijar loucamente, naquele momento algo mudou dentro de mim, por mais sujo que isso pareça, era a coisa mais gostosa que já tinha feito.
Depois desses beijos, retornamos e para a casa do irmão do Júnior.
Logo em seguida, ele foi embora. Nessa altura do campeonato, eu já estava indiferente com meu namorado ele já tinha percebido. Brigávamos todo o santo dia, naquele dia dormimos abraçados a noite inteira e ele disse que me amava, eu me senti um merda. Precisava desabafar com a Aryane o quanto antes. Nossa, chorei muito e ela falou que eu tinha vacilado. E o pior, que eu sabia disso. Traição nunca é feita sem consciência. Por isso mesmo, é traição.
O Júnior acabou descobrindo essa pulada de cerca, então terminamos e sofri para um caralho. Esqueci ele depois de descobrir as traições dele. Isso me serviu como prêmio de consolo, afinal, chifres trocados não doem.
O ano estava acabando e eu estava bem. Fiquei feliz por ter passado de ano, estava arrumando minhas coisas e achei aquela carta do J. Senti um calafrio, sim, estava preso a ele, eu nunca tinha amado o Júnior, o J estava nos meus pensamentos novamente. Estava preso a algo que pensei estar livre. Mas isso mudou quando conheci o Antony Yuri.(Fim do 2º Capítulo)
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Melancólico
RomanceMelancólico é uma obra feita em primeira pessoa, baseada em fatos reais contendo experiências vividas pelo próprio escritor.A história aborda os acontecimentos que marcaram a adolescência e a juventude de um garoto homossexual do ápice da felicidade...