CAPÍTULO IX: reino ao pé do mar p.1

76 4 46
                                    

Ambrain – 2 a.i

A COROA DO dragão era pesada. Um grande ornamento em ferraria - minério raro e caro -, diamantes e opala que tinha um quilo e meio e chamava uma atenção indesejada para o atual superintendente.

Ele não sabia porque, mas tudo havia regredido e ao invés de estar numa prisão estava no salão de baile do castelo. Usava uma roupa elaborada em tons de azul marinho, prata e branco e pensava apenas no quão era desconfortável ter de ficar sentado no trono observando todos dançarem e não poder nem mesmo abaixar a cabeça, pois certamente seu pescoço quebraria dado o peso que estava carregando.

— Deveríamos dançar. — Uma voz doce falou baixo o suficiente para que apenas ele - não os guardas em volta - ouvisse.

Astra?

Não. Quem sorria para o mesmo como se o mundo fosse só deles era Alystar, que estava simplesmente deslumbrante utilizando um longo vestido estilo serei azul bem claro e uma tiara de madrepérola e opala. O cabelo não estava como sempre, pois as madeixas lilases se trançavam na lateral e descansavam no topo da cabeça num coque elaborado e repleto de fios de prata. Ela não apreciava muita maquiagem, mas especialmente naquele dia usava um batom rosa claro e sombra azul escuro junto de um delineador branco destacavam seus olhos cor céu. Da mesma cor que os de Astra.

— Hmm... — Pareceu resmungar, e então se virou para a pista de dança. — Certo. O que você quiser.

Ela abriu um sorriso feito criança, e então num pulo levantou-se e puxou sua mão, arrastando-o com rapidez para o centro do salão, onde as pessoas começaram a olhar para os dois e uma música mais calma foi colocada.
Ele a pegou de surpresa puxando-a pela cintura e a prendendo contra o seu corpo, e após se recuperar a de cabelos coloridos enroscou os braços no pescoço do mesmo.

— Não me dê susto. — Deu-lhe bronca, e ele deu uma risadinha perto de seu pescoço que fez os pelos da jovem se eriçarem.

— Não tenho culpa se você se ruboriza por qualquer coisa. — Acariciou as costas da namorada, não se importando com o que o resto das pessoas estariam pensando.

  Eram apenas eles e mais ninguém. Suas almas se encontrando e conversando uma com a outra.
O moreno percebeu ao longo do tempo em que conhecia Alystar que ela não era apenas o seu porto seguro e com quem ele podia ser ele mesmo - nem rei nem nada importante -, mas também aquela o fazia se sentir leve e nas estrelas. Como se dançassem pela galáxia. Cada passo um astro diferente.

— Alystar... — Afastou-se um pouco para olhá-la, e ambos se encaram. Seu coração pesou, pois sentiu que ela não seria feliz estando ao lado dele. Porém ainda assim tomou a decisão mais egoísta da sua vida, pois perguntou: — Casa comigo?

  O sorriso que ela abriu não foi o seu costumeiro, gentil e brincalhão. O sorriso que ela abriu parecia uma lua minguante e brilhava tanto quanto o sol. Aquele sorriso representava a mais pura felicidade em todo o mundo, e ele veio acompanhado de lágrimas que escorriam por suas bochechas e faziam aquele momento ser tão especial.

— Pensei que nunca ia perguntar. — E então pulou o abraçando, e eles giraram pelo salão.

Girando, girando, girando.

  O teto não parava quieto e as pessoas estavam borradas, mas aquilo não era a preocupação principal.
O mundo todo estava girando e eles dois estavam focados apenas em sua própria felicidade.

Memórias de AmbrainOnde histórias criam vida. Descubra agora