CAPÍTULO VII: malborok

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Desconhecido, oceano de maralto – 297 p.i

  PARECIA UM DRAGÃO. Um dragão de água.

  Sendo um dentre as dez bestas divinas que cercavam Caelesti, Malborok perdia em poder e força de ataque apenas para o imperador vermelho - Riger - e para o imperador dourado - Khalastel.
Surtur não entrava nessa contagem. A fera era considerada a única besta celestial, e obviamente ganhava de qualquer outra criatura.

  Ele tinha escamas num tom azul escuro - afinal, era o imperador anil - e olhos vermelhos sanguinários e terroristas. De suas costas saíam diversas pontas feito corais marinhos em tons frios da paleta de cores.
Muito maior que Khaliopéia, pôs uma de suas patas no esqueleto e o levou até o focinho, cheirando-o.

  Assustados feito fantasmas e paralisados no convés do navio, todos encaravam o animal de forma minuciosa. Atentos a qualquer movimento brusco que fizesse - e sem dúvidas iria fazer -.
O poder da primeira imediata então fora revelado. Uma vez retirado seu tapa olho, uma íris muito clara que ia de degradê do verde clarinho no centro para um esmeralda mais escuro nas bordas era colocada a vista de todos. Ela podia enxergar a alma e a aura de todos ao redor. Observando no fundo de seu cerne a quantidade de poder e mana que guardava um ser.

  Para a besta, o cheiro dos ossos bastava. Era realmente seu filhote.
E então num rugido voltado para o céu capaz de estourar os tímpanos de alguém, quebrou com suas garras uma parte da embarcação. Bem onde estava o esqueleto.

— Talvez essa seja a hora exata para batermos em retirada. — O moreno sussurrou para sua parceira, e ela o encarou.

— Leu minha mente. — Afastou-se três passos de forma silenciosa e tentando ao máximo não chamar a atenção do resto - marujos E a fera -. — Mas preciso da minha pistola.

— Sala da capitã maluca. — Indicou com a cabeça. — Acho que em cima da mesa dela.

  Terminada a lamentação, Malborok voltou-se para os tripulantes de Khaliopéia, e num simples mostrar de dentes todos ali sabiam que estavam condenados.

— N-não há chance alguma. — Zephyrine gaguejou repleta de pânico. Os olhos marejados. — Dez mil vezes mais que o filhote, e nem sabíamos que era um filhote!

Num salto completamente irracional, a capitã pulou do local onde estava apoiando-se num barril e cortou as cordas do mastro, fazendo a vela girar alguns graus e bater direto do monstro.
Com ele ainda meio zonzo, todos se afastaram e posicionaram-se, pois sabiam que aquilo era vida ou morte.

Astra retorna com sua bolsa sem fundo de quinquilharias e de pistola em mãos. Já mais acostumada com o instrumento que utilizara outrora em Ilha do Céu, mirou e atirou bem no rosto da criatura.
Um feixe de luz saiu da arma e foi direto em um dos olhos, fazendo a besta urrar de dor e cair de volta no mar.

Sem tempo para ficar surpresa, Maeve virou-se para todos e ordenou:
— Peguem os botes e saiam! Eu fico com Khaliopéia até a morte.

— Então eu ficarei com você. — A primeira imediata lhe entrelaçou as mãos, e a de cabelos tingidos percebeu que não tinha no mundo o que ela falasse que fosse convencer a ruiva do contrário.

Um rugido de quebrar os ossos ecoou, e não havia mais tempo para conversas ou acertos. Malborok se erguia novamente imponente e lotado de raiva da água.
O olho direito fechado e com sangue em volta do mesmo. Uma fileira de dentes amarelado e assassinos a mostra.

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