Capítulo 17 - O Início da Jornada (parte 3)

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A caminho do 19º Batalhão Militar do corpo de bombeiros, que ficava há quarenta minutos de distância do meu batalhão, o Diego e eu acabávamos de chegar. Passei pelo portão de entrada, estacionei a moto na frente do quartel e entrei à procura do Capitão Sandoval Nogueira, antes mesmo que qualquer pessoa do meu batalhão relatasse para ele sobre o que eu fizera àquele dia com os novatos, eu mesmo o faria.

Há uma diferença gigante entre ser um homem que se esconde atrás de uma farda e ser um soldado de verdade. E eu sem dúvidas era um soldado de caráter e de muita bravura para enfrentar qualquer coisa, qualquer acusação e qualquer erro meu. Acima de mim, da minha patente de Sargento só estava o meu Capitão e amigo; o Sandoval e mais ninguém.

— E aí parceiro de luta, há quanto tempo. O que o trás aqui? — Era o Capitão falando. Por acaso o encontrei na recepção da entrada do quartel, terminando de atender um telefonema.

— Bom, primeiramente foi a minha moto, e depois, um assunto sério para tratar com você. — Soltei aquela piada, olhando para o meu filho, que naquele momento segurava o quanto podia o riso que teimava em querer sair.

— É, eu já vi que o Marcelo Braz não mudou nada. Continua engraçadinho como sempre, desde o nosso tempo na academia de bombeiros. — Nogueira falava, apertando fortemente a minha mão enquanto sorria.

— Você está muito ocupado agora? Eu devia ter avisado que viria hoje. Me desculpe Capitão. — Falei, retribuindo aquele aperto de mão com um abraço.

— Fica tranquilo Marcelo, eu estou livre aqui por enquanto. E esse é o Diego? Caramba, como cresceu hein garoto. Está forte, robusto, bonito. — Ele falava, agora se aproximando do meu filho, o olhando admirado.

— Oi senhor, sou eu sim. Como está Capitão? — Diego falava todo sem jeito, parecia envergonhado.

— Eu estou bem, mas não melhor do que você pelo visto. Olha pra isso, você têm certeza que é filho desse sujeito aqui? — O Nogueira falava apontando bem para o meu nariz, me deixando emburrado com aquilo.

— Ah, qual é Nogueira. É o meu filho e você sabe muito bem de onde ele saiu. — Respondi à altura, dando com a mão aquela conferida forte no meu pau, para aquele idiota perceber. Aquilo entre a gente já era uma longa história.

— Chega, já deu... Eu perdi. Solta isso aí vai. Vamos prosseguir com a visita. — Ele falava, tentando tirar os olhos do que eu tinha no meio das pernas, e que ele outrora conhecia bem. — E você, vê se não se torna uma cópia exata do seu pai. Pode não parecer, mas isso aqui é um tremendo safado. — Ele completava, sorrindo cínico.

— Está bom, vamos parar por aqui Capitão, ou eu vou começar a falar sobre as coisas que vez ou outra você gosta de fazer. Aliás, ainda está fazendo com aquele Tenente? — Sim, o famigerado deboche estava rolando solto ali, e ele sabia muito bem sobre o que eu estava falando.

— Opa, chegamos no limite. Morreu por enquanto esse assunto, seu babaca. — Ele afirmava alto, em um salto de surpresa. Meu filho ria muito com aquela cena que fazíamos.

— Então, é para a sua sala que iremos? — Perguntei.

— Isso mesmo, é só me seguirem. — Ele completa, se virando e caminhando.

O 19º Batalhão do corpo de bombeiros havia mudado muito desde a última vez que eu estive ali. O Capitão Sandoval Nogueira era um grande amigo meu de longa data, ele era Capitão do 16º batalhão, até o 19º, que era onde ele costumava ficar, uma vez que ele só saia em missões e/ou para visitar os outros batalhões em reuniões, treinamentos ou qualquer outro serviço mais burocrático. Todo quartel do corpo de bombeiros requeria um Capitão para liderar a equipe, mas trabalhar com o Nogueira era diferente.

Batalhão 16: A Lista de Fogo (Romance & Mistério) - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora