Capítulo 09 - O Plano Inicial

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Me encontrei com o Daniel em um clube de natação antigo que frequentei alguns anos atrás. Cheguei lá primeiro que ele, entrei e cumprimentei alguns colegas que outrora conhecia, alguns minutos depois o Daniel entrou no clube, aparentemente sozinho, pois em minha cabeça, por um motivo estranho eu imaginara que ele chegaria alí com o cretino do Sully do seu lado. Eu já havia começado a me arrepender daquilo que eu mesmo planejara, por dentro eu não queria ver o Daniel nem pintado de ouro na minha frente, depois do que ele outrora me fez, da faca que ele apunhalou em meu peito. Mas por outro lado, era como se algo quisesse que aquilo acontecesse.

- Marcelo, tudo bem? - Ele fala, chegando em minha direção, eu estava sentado em um banco de madeira.

- Não me chama pelo nome. Eu só te liguei porque eu preciso saber duas coisas de você, certo? - Respondi, olhando para a imensa piscina à minha frente, onde alguns rapazes faziam treino de salto no trampolim.

- Nossa, tudo bem, Sargento Braz. Pode falar. - Ele responde, desviando o olhar de mim, aquilo era notável.

- Primeiro, eu preciso saber se você ainda está disposto a fazer parte da equipe da Lista de Fogo. Aqui está os papéis que você vai precisar ler, analisar e se tiver de acordo, o coloco à frente da equipe. - Falei, o entregando alguns papéis burocráticos que ele de fato precisava analisar.

- É claro que eu quero, você sabe disso. - Ele responde, pegando os papéis da minha mão. Percebi também uma tentativa de me tocar, mas ignorei aquilo.

- Pois bem, analise tudo isso, assine na última folha, onde tem os nomes de todos que fazem parte da equipe perante a corporação... - Fui interrompido por ele.

- Aqui tem nomes escritos em caneta azul e caneta vermelha, porque? - Ele pergunta, olhando aquela relação assinada à mão pelos Bombeiros.

- Eu já estava chegando nessa parte. Assine em caneta azul se você quiser fazer parte da equipe de missões de elite do batalhão, somente isso. Assine em vermelho se você quiser ser parte da minha equipe, da equipe que está tentando solucionar esses crimes e colocar esses assassinos atrás das grades de uma vez por todas. Você decide. - Falava, ainda olhando para a piscina, eu não queria olhar em seu rosto, em seus olhos.

- Pois bem. Qual a outra coisa que você precisa saber? - Ele responde, agora sentando do meu lado, no banco, esse tempo todo ele estava em pé na minha frente.

- O Capitão Sandoval Nogueira me informou que o Sully foi hospitalizado ontem por um tiro que tomou no braço, em uma tentativa de assalto. Você tem algo a me dizer sobre isso? Porque eu sem dúvidas não acreditei nenhum pouco nessa história.

Eu falava, dessa vez o olhando seriamente, e talvez podia ser de fato a minha raiva, tristeza e mágoa pelo Daniel falando mais alto, me fazendo ignora-lo visualmente o máximo que podia, pois só naquele momento eu havia notado que o boné do batalhão que ele usara com a aba para frente e bem baixa, como se quisesse esconder algo, era na verdade uma tentativa de fato de esconder sua cabeça enfaixada com atadura na altura de sua testa, o que me preocupou de imediato e me fez não acreditar em nada do que o Sully havia deposto para o Capitão Nogueira, sobre aquela tal tentativa de assalto. Daniel ficou calado por segundos, ele relutava em me responder, ficando de cabeça baixa, aquilo foi me consumindo em agonia e ansiedade por dentro.

- O que o Sully fez com você, Daniel? - Minhas palavras já saiam com uma certa fúria dentro de mim.

- Ele só se defendeu quando o tentei mata-lo. - Ele respondia aquilo sem sequer me olhar.

- Foi você que atirou naquele imundo? Como foi tudo isso? - Eu falava de fato consumido em dúvidas.

- Depois do que você... - Ele trava em meio as palavras.

Batalhão 16: A Lista de Fogo (Romance & Mistério) - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora