Capítulo 12 - Bem vindo ao Inferno (parte 3)

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O Sully parecia de fato achar que eu estava brincando durante todo aquele tempo. Ele, mesmo imobilizado contra o chão, sem mesmo poder mover um braço ou uma perna se quer e com uma arma apontada para sua cabeça, aquele sorriso desgraçado não saia de seu rosto. Eu me segurava firme por dentro para não fazer uma besteira, eu não podia fazer nada sem pensar bem em tudo, sem pensar no meu filho Diego acima de tudo. Mas naquele exato momento eu estava longe de estar brincando com a cara imunda daquele sujeito que já odiava mais que o Cabo Daniel Freitas.

– Eu duvido que você tenha essa coragem de atirar em mim, Sargento. — Ele fala me encarando e logo o interrompi com um tiro disparado contra o chão ao lado de sua cabeça, que era onde eu queria mesmo acertar.

Como a pistola possuía silenciador em seu cano, ninguém há um raio de cinco metros ouviria nada alarmante, a não ser um pequeno barulho estranho que passaria despercebido muito rápido. Eu de fato queria mata-lo ali mesmo mas não podia, então eu iria continuar com aquele blefe sem ele notar o que de fato havíamos feito em seu computador pessoal. O tiro que eu dera fez um buraco no chão e quebrou a cerâmica branca que a atingiu, a deixando completamente trincada mas ainda sim colada ao cimento.

– Ainda duvida que eu te mato? Anda, desbloqueia esse celular agora ou eu quebro a sua mão. — Falei pressionando forte a mão dele na direção oposta do pulso, o fazendo gritar de dor.

– Tá certo, tá certo. Eu faço o que você está pedindo Marcelo. — Ele responde em meio aos gritos.

– Pra você é Sargento Braz ainda, seu cretino. — Respondi com um desejo forte de tirar a vida dele ali mesmo. Ninguém sentiria falta daquele imundo afinal.

Quando ele finalmente se rendeu colocando o dedo no leitor biométrico do aparelho que estava na mão do Daniel, naquela mesma posição pois eu não o tirei do chão em hipótese alguma, o Daniel conseguiu ter acesso aos seus arquivos pessoais no dispositivo e, antes dele procurar o que realmente queríamos encontrar para apagar, ele encontrou fotos e vídeos de coisas que o deixaram profundamente transtornado.

E mesmo sem eu poder ver naquele instante pois eu não queria soltar aquele cara ou dar alguma brecha para que ele fizesse aquilo, pedi ao Daniel para desativar o bloqueio por impressão digital e padrão do aparelho daquele sujeito e coloca-lo do lado do meu computador, e assim ele o fez.

– O que você vai fazer com o meu celular, Sargento? Isso é invasão de privacidade. — Sully questionava tentando argumentar algo e aquilo me faz rir de imediato.

– Você falando sobre invasão de privacidade para nós dois? Vê se vira homem, Sully. — Responde o Daniel, agachado do meu lado.

– O seu celular vai ficar comigo essa noite, amanhã cedo eu lhe entrego durante o treinamento na floresta com a turma nova. Você vai se levantar agora e vai embora, saia do Quartel, está me ouvindo? Eu não quero lhe ver mais aqui hoje. — Respondi com uma raiva imensa dentro de mim, de não poder fazer mais nada naquele momento com aquele imundo, além de somente o libertar, o mandar embora.

– Você foi engenhoso Sargento, mas tome muito cuidado Marcelo. Você ainda vai cair muito feio. — Sully me encarava furioso enquanto falava, em seguida olhou muito sério para o Daniel que o apontava a arma em sua direção e deixou a minha sala quando o empurrei contra a porta.

Quando vejo o Sully deixando a minha sala; o Daniel fechando e trancando aquela porta, eu desabo em uma cadeira qualquer ali com as mãos no rosto. A sensação era de ter feito a pior coisa da minha vida, e eu só conseguia pensar no pobre rapaz, o calouro Marck Ribeiro. Como eu pude chegar naquele limite, fazer aquilo com ele, com um ser humano?

Batalhão 16: A Lista de Fogo (Romance & Mistério) - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora