My Guardian Angel

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𝐖𝐄𝐋𝐂𝐎𝐌𝐄 𝐓𝐎 𝐌𝐘 𝐋𝐈𝐅𝐄
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𝐒𝐄𝐋𝐈𝐍𝐄 𝐌𝐎𝐑𝐆𝐀𝐍

SENTE-SE, ACONCHEGUE-SE, POR QUE ESTOU prestes a te contar a história da minha vida. Legal, não é? Mas, preciso te avisar que isso não é um conto de fadas, não há um "felizes para sempre", e definitivamente não há uma fada madrinha para me ajudar quando preciso. Por outro lado, há uma madrasta má, realmente má, e ela é a razão de eu estar aqui, no começo da minha história, encolhida no chão do quarto com os olhos transbordando em lágrimas.

Quando foi que isso aconteceu? Desde quando eu sou assim? Bem, eu sei a resposta. Depois do acidente de carro... não! Depois dele. Mas ele foi como a cereja do bolo, um bolo recheado de veneno feito especialmente para mim.

Não no sentido literal, relaxe. Eu não estaria aqui te contando minha história de estivesse morta, não é?

Já passaram-se dez anos. Dez anos de pura tortura. Dez anos me vendo afundar pouco a pouco até alcançar o fundo mais profundo, e oito anos vendo meu pai construir uma família nova e me deixando de lado como um utensílio usado que você pode descartar quando quiser.

"Idiota!"

"Isso é tudo culpa sua!"

"Você não vê que só está afundando esta família?"

"Deveria ter sido você no lugar da sua mãe! Pelo menos assim seu pai teria paz!"

Aquelas palavras tiravam o meu sono e atormentavam meu dia. Candace era minha madrasta e a responsável - em partes - por eu estar tão ferrada da cabeça. Não tenha pena de mim, já recebi muito disso então não se preocupe.

Nunca entendi o motivo dela despejar tanto ódio em mim, na verdade eu sei sim, mas você terá que esperar.

— Selly? — Só havia uma pessoa naquela casa que me chamava assim.

Apressei-me em enxugar as lágrimas, peguei o livro que estava sobre a mesa de cabeceira e fingi interesse quando minha irmãzinha abriu a porta do meu quarto. Meggie.

Somos irmãs apenas por parte de pai, já que ela é filha de Candace e eu não. Aquela criança era boa demais para todos e não merecia a mãe que tinha.

Ao contrário do que eles fazem comigo, Meggie sempre foi tratada com todo carinho do mundo.

Pelo menos isso eles fazem direito.

Meggie tem apenas três anos, e é um amor de criança. Ela é o completo oposto de mim, cabelos loiros e lisos, pele clara e os olhos azuis mais lindos que eu já vi em toda a minha vida. Nós duas somos muito próximas e temos um carinho imenso uma pela outra.

— Papai disse pá você descer. A gente vai tomer.

Maggie ainda tem dificuldade para pronunciar algumas palavras, o que aumenta ainda mais sua fofura.

— Avise para ele que eu já vou. — Forço um sorriso tentando esconder as lágrimas.

— Você tava chonando? — Ela inclinou a cabeça para o lado, como sempre fazia quando perguntava algo.

— É uma história muito triste. — Mostrei a capa do livro.

— Ah... — Sua boca formou um biquinho. — Um dia, tando eu for dande igual você, eu também vou ler um tantão de livo. — Meggie abriu os braços pra me mostrar a quantidade de livros que leria e eu ri. — Tá bom, Selly. Vou deixar seu ludar do lado do meu. — Sorriu e fechou a porta após sair.